sexta-feira, 24 de agosto de 2012

ECONOMIA: Dólar se mantém entre R$ 2,01 e R$ 2,02 e mercado diz que há banda informal para moeda


De OGLOBO.COM.BR
João Sorima Neto

BC diz que câmbio continua flutuante, mas operadores lembram que instituição atua sempre que cotação oscila
SÃO PAULO — A volatilidade da moeda americana caiu ao nível mais baixo em um ano, segundo operadores de câmbio. Eles dizem que isso acontece porque o Brasil tem hoje uma banda informal para a flutuação da moeda americana, com piso de R$ 2,00 e teto de R$ 2,10. Desde julho, o dólar comercial tem oscilado pouco, entre R$ 2,02 e R$ 2,01, com pico de R$ 2,04 no dia 1 de agosto.
Nas corretoras de câmbio, há um indicador de volatilidade que mostra essa calmaria em relação às oscilações da moeda americana. Esse indicador, calculado com base nas opções de compra e venda de dólar para 30 dias à frente, mostra que os investidores esperam uma oscilação diária média de apenas 0,6%. No segundo semestre do ano passado, a oscilação esperada era de 2,2% ao dia.
Para João Medeiros, sócio-diretor da corretora Pionner, na prática o câmbio está sendo administrado pelo Banco Central e deixou de ser flutuante. Na terça-feira, houve uma indicação muito clara disso. Bastou o dólar chegar a R$ 2,007 para que o BC interviesse vendendo contratos de swap cambial reverso, uma operação que equivale a vender dólares no mercado futuro.
— Ficou claro para o mercado que a banda informal está entre R$ 2,00 e R$ 2,10. O BC mantém a moeda acima de R$ 2,00 com o argumento de ajudar a indústria exportadora. E abaixo de R$ 2,10 para evitar pressões inflacionárias — diz Medeiros.
Segundo o Banco Central, o regime de câmbio continua sendo o flutuante. Mas na prática, desde maio o dólar oscila dentro da banda, e sob atuação do BC. No dia 23 de maio, a moeda chegou a operar a R$ 2,10 e o BC anunciou uma oferta de swap cambial tradicional, operação que equivale à venda de dólar no mercado futuro. A cotação caiu para R$ 2,05 após o leilão.
De acordo com operadores de câmbio, na semana passada, um grande banco suíço trouxe cerca de US$ 3,5 bilhões ao Brasil. O resultado é que a cotação começou a recuar até chegar aos R$ 2,007 na terça-feira.
— Imediatamente, o BC atuou para evitar que o dólar caísse abaixo de R$ 2,00. O problema é que se a situação no exterior melhorar e o dólar começar a ceder, será muito oneroso para a autoridade monetária brasileira manter a moeda americana dentro da banda informal — afirma Alfredo Barbutti, economista-chefe do BGC Liquidez.
Além da vigilância do BC, o mercado de câmbio está fraco neste mês, o que contribui para redução da volatilidade. O próprio leilão de swap reverso feito pelo BC mostrou menor apetite do mercado. Foram ofertados 50 mil contratos, o equivalente a US$ 2,5 bilhões, e vendidos apenas 7 mil, ou US$ 350 milhões.
— Não existem grandes negócios que justifiquem uma mudança de patamar do dólar em breve. O mercado de câmbio está com pouca liquidez. Há cautela dos investidores em tomarem posições no mercado de câmbio já que existe o risco de um calapso na Espanha e Itália, que poderia trazer prejuízos — diz Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da corretora Treviso.
Para João Medeiros, da corretora Pionner, nesse cenário de câmbio controlado ficou mais difícil fazer previsões sobre a cotação da moeda no fim do ano. Ele diz que a vontade do BC deve prevalecer e o dólar tanto pode estar mais próximo de R$ 2,00 ou R$ 2,10. Já o sócio da corretora de câmbio NGO, Sidney Nehme, estima que a moeda americana deve chegar a dezembro mais próxima de R$ 2,10.
— O fluxo cambial está negativo. E há um saldo elevado de importações a resgatar, cerca de US$ 15 bilhões. Mesmo com um saldo positivo na balança comercial, o fluxo financeiro ficará negativo. Além disso, acredito que haverá um aprofundamento da crise na Europa, que pode levar o dólar a um patamar mais alto — avalia Nehme.

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