Do ESTADAO.COM.BR
Olivia bulla, da Agência Estado
Depois de abrir em leve queda, agenda cheia dos EUA deve sustentar movimento de alta da moeda norte-americana
Mesmo com o Federal Reserve acenando com a possibilidade de injetar liquidez
no mercado financeiro em breve, o câmbio não tende a sair do lugar no Brasil.
Isso porque os agentes domésticos seguem atentos a eventuais novas atuações do
Banco Central, o que deixa o dólar praticamente estável em relação ao real,
sempre um pouco acima do piso informal de R$ 2,00, mas também não muito distante
desse nível. Mas o dia é de agenda cheia nos Estados Unidos, após dados
desanimadores sobre o desempenho da atividade na China e na Europa, o que pode
trazer maior volatilidade aos negócios.
Às 9h45, na BM&F Bovespa, o contrato futuro do dólar para setembro subia
0,22%, a R$ 2,0255, na máxima, depois de oscilar até uma mínima a R$ 2,0215
(+0,02%). No mercado de balcão, o dólar à vista avançava 0,05%, a R$ 2,021, na
máxima, após atingir a mínima de R$ 2,018, em queda de 0,10%.
Segundo um operador da mesa de câmbio de um banco local, o dólar deve seguir
lateral, sem muito fôlego para se afastar do piso informal de R$ 2,00, mas
também sem razões para testar essa marca. Para ele, permanece a percepção de que
o BC brasileiro pode intervir no mercado doméstico. Ainda assim, o profissional,
que falou sob a condição de não ser identificado, acredita que o câmbio local
seguirá oscilando entre margens estreitas. Tanto que na quarta-feira não
participou da movimentação nas bolsas, no euro e nos demais ativos de risco, em
reação à divulgação do viés mais brando da ata da última reunião de política
monetária do Fed.
O documento, divulgado na tarde de quarta-feira, diz que os integrantes do
Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) "julgaram que uma acomodação monetária
adicional provavelmente será justificável muito em breve". Para a diretora de
câmbio da AGK Corretora, Miriam Tavares, essa foi a indicação mais clara até
agora de que o Fed pretende comprar mais bônus do Tesouro ou adotar outras
medidas de estímulo.
Com isso, afirma Miriam, em relatório, todas as expectativas se voltam para o
discurso que o presidente do Fed, Ben Bernanke, fará no encontro de Jackson Hole
(EUA), previsto para o fim da próxima semana. Ela lembra que, em outras
ocasiões, neste mesmo evento, Bernanke acenou medidas de estímulo.
Por enquanto, os investidores seguem atentos aos números da economia dos EUA,
já que a autoridade monetária norte-americana condicionou, na ata, a necessidade
de novos estímulos, "a não ser que as informações a serem divulgadas apontem
para um fortalecimento substancial e sustentável no ritmo da recuperação
econômica". Segundo a rede de notícias CNBC, o presidente da unidade de Saint
Louis do Fed, James Bullard, disse não ter certeza de que os dados econômicos
dos EUA justifiquem uma grande ação do Fed.
Na agenda econômica do dia, foi informado que os pedidos de
auxílio-desemprego contrariaram a previsão de queda ao subirem 4 mil na semana
passada. Às 11 horas, é a vez de números sobre o setor imobiliário, com o
anúncio das vendas de moradias novas em julho e o índice de preços de moradias
em junho. Logo mais, às 10 horas, sai o índice preliminar de agosto da atividade
industrial.
O desempenho da manufatura na China e na Europa no início deste mês já foi
anunciado e decepcionou. O índice PMI chinês, medido pelo HSBC, caiu ao menor
nível em nove meses, a 47,8, de uma leitura final a 49,3 em julho. O PMI
composto da zona do euro, por sua vez, ficou praticamente estável, passando de
46,5 para 46,6, em base mensal, mas manteve o bloco dos 17 países europeus à
beira da recessão.
As principais moedas mundiais ganham valor em relação ao dólar esta manhã,
com exceção do iene e da libra britânica. As principais moedas correlacionadas
com commodities também caem ante o dólar norte-americano.
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