terça-feira, 19 de outubro de 2010

ECONOMIA: FED recompra titulos de longo prazo

Do POLÍTICA & ECONOMIA NA REAL
A nova estratégia americana I

Muito embora a eleição brasileira seja fundamental para a análise da política e a economia no médio prazo, temos de considerar um novo e importante fator externo na avaliação das perspectivas para 2011. Trata-se da decisão do Fed de recomprar títulos de longo prazo - 10 e 30 anos - do tesouro norte-americano. Com isto o Fed pretende aumentar ainda mais a liquidez do mercado, derrubando a taxa de juros destes títulos e produzindo um movimento adicional de desvalorização do dólar frente às demais moedas, inclusive dos países emergentes, sobretudo a China. Há algum tempo as autoridades dos EUA cogitavam esta estratégia, sobretudo diante da resistência da China em valorizar espontaneamente sua moeda.

A nova estratégia americana II

Como qualquer estratégia econômica, nada pode ser considerado "certo" nesse processo. Ao contrário: uma eventual desvalorização do dólar americano pode ser compensada por desvalorizações equivalentes das moedas dos outros países. Afinal, o que os EUA tentam é minimizar sua fraqueza econômica por meio de exportações mais competitivas. Nenhum país aceita receber a recessão de outro de forma passiva. Especialmente no caso da Europa, onde o crescimento econômico ainda é frágil. Dessa forma, pode ocorrer uma série de "desvalorizações competitivas" para evitar os efeitos negativos do dólar fraco. O aumento da volatilidade das moedas é talvez o maior e mais indesejado risco neste momento. Por que então os EUA tentam este caminho ?

A nova estratégia americana III

Claramente o governo de Obama tenta reativar a economia e evitar o doloroso desgaste que vem sofrendo e que pode minar suas pretensões na reeleição de dois anos à frente. Esta nova estratégia, apesar de ser engendrada pelo Fed, tem o apoio da Casa Branca e do tesouro. De outro lado, claramente o governo Obama está priorizando os benefícios internos em detrimento de seus aliados. Estes últimos terão de pagar a conta, mas antes terão de aceitá-la. Logo, o que pode iniciar-se é um processo cheio de senões e riscos e, dependendo do vigor, os riscos podem aumentar muito no mercado.

Os efeitos sobre o Brasil

Não está claro ainda o que Brasília pensa da nova estratégia americana. O governo brasileiro está de olho mesmo é na eleição presidencial. Todavia, para um país cuja moeda foi a que mais se valorizou nos últimos anos, este assunto é vital. O movimento clássico de reação em termos de política econômica seria o BC reduzir a taxa de juros. O limite desta reação é a política anti-inflação. Assim, dificilmente veremos este movimento do BC nos próximos meses. O que resta ? Mais impostos sobre operações financeiras que se apropriam dos elevados ganhos financeiros no Brasil e a compra - custosa - de dólares no mercado. Ou seja, a possibilidade de uma nova onda de valorização do real é concreta. O risco é a menor competitividade das exportações e os investimentos industriais no país. O novo presidente terá árdua tarefa para executar, tão logo a foto oficial for colocada nas paredes da administração pública Federal.

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