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POR O GLOBO
IGP-M de maio ficou negativo em 0,93%, segundo FGV, e em 12 meses acumula alta de apenas 1,57%
Recuperação. Depois de um 2016 ruim, incorporadoras e construtoras voltam a apostar em novos empreendimentos, e imobiliárias já registram vendas maiores. A Patrimóvel fará um feirão no mês que vem, com mais de mil unidades - Custódio Coimbra / O Globo
Em 2017 a taxa registra recuo de 1,29%. Em maio de 2016, o IGP-M havia sido de 0,82%. O IGP-M ficou abaixo das expectativas dos economistas. A mediana de projeções da Bloomberg apontava queda de 0,84% no mês e alta de 1,67% no acumulado em 12 meses.
André Braz, economista do Ibre/FGV, afirma que no próximo mês é possível até que a taxa acumulada fique negativa. Isso porque em junho de 2016 o IGP-M foi de 1,69%, taxa que vai sair do cálculo, e pode haver nova deflação em junho deste ano ou uma taxa muito próxima de zero. A previsão é confirmada pelo banco Fibra, que espera para junho deflação de 1,22% no acumulado em 12 meses.
Segundo Braz, a alta do dólar puxada pela crise política, desencadeada pelas delações de Joesley Batista envolvendo o presidente Michel Temer, não será suficiente para pressionar o índice significativamente.
— Com a recessão, não há consumo e os preços não avançam. O que estamos vendo do comportamento do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) é que a trajetória de deflação não está em risco — diz ele.
No segundo semestre, mesmo que pare de cair, o IGP-M se manterá num patamar baixo, acrescenta Braz, encerrando o ano abaixo de 2%.
— O IPA antecipa a inflação no varejo, o que reforça a previsão de que o IPCA será baixo em 2017. A turbulência política joga pessimismo no mercado, mas a recessão blinda o aumento de preços — comenta Braz.
Além do aluguel, o IGP-M é utilizado como referência para a correção de valores de contratos como os de energia elétrica.
Em boletim enviado a clientes, Fernando Honorato Barbosa, economista-chefe do Bradesco, reforça a tese e afirma que o resultado do IGP-M reforça a expectativa da instituição de que o IPCA encerrará o ano abaixo da meta, com alta de 3,7% em 2017.
"Esperamos que o IGP-DI continue a apresentar deflação, porém menos intensa que a registrada pelo IGP-M. Esse comportamento favorável dos preços no atacado indica baixa pressão para a inflação ao consumidor nos próximos meses", conclui o relatório.
Braz lembra que o índice considerado para o reajuste de aluguéis é o acumulado em 12 meses. E frisa que, apesar de a taxa estar em desaceleração, amenizando os reajustes, como o orçamento das famílias está muito apertado, devido ao alto nível de endividamento e desemprego, seus efeitos são minimizados:
— Essa desaceleração é boa, mas seria melhor ainda se a taxa de desemprego estivesse baixa. Porém, para quem vai alugar imóvel agora o momento é bom, pois como as famílias estão sem dinheiro, há muitos imóveis vazios e os preços iniciais para aluguel estão caindo.
Além disso, com a crise, muitos imóveis estão vazios há muito tempo — que, além da vacância, dão prejuízo com as despesas de taxas. Por isso, os locadores estão mais maleáveis em suas exigências nos contratos. Inclusive, já há casos em que o valor do aluguel foi renegociado e reduzido no vencimento do contrato, em vez de sofrer reajuste anual.
O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que mede a variação dos preços no atacado e responde por 60% do IGP-M, caiu 1,56% neste mês, após retroceder 1,77% em abril.
Dentro do IPA, um dos destaques foi o subgrupo alimentos in natura, cujos preços caíram 1,06% em maio, após alta de 5,13 por cento no mês passado.
A FGV informou ainda que o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), com peso de 30% no IGP-M, desacelerou a alta a 0,29% em maio, depois de ter avançado 0,33% no mês anterior. A principal contribuição partiu do grupo Alimentação, cujos preços recuaram 0,13%, contra alta de 0,90%, no período.
Em maio, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) subiu 0,13%, após queda de 0,08% em abril.
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