terça-feira, 10 de novembro de 2015

POLÍTICA: Líderes do PSDB na Câmara sinalizam dificuldade em manter apoio a Cunha

OGLOBO.COM.BR
POR ISABEL BRAGA

Tucanos devem amenizar oposição às medidas do ajuste fiscal

Presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, chega ao Congresso nesta terça-feira - André Coelho / Agência O Globo

BRASÍLIA — Com dificuldades de conter a pressão da bancada, líderes do PSDB na Câmara avisaram aos demais líderes da oposição sobre a dificuldade de manter o apoio ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), inclusive no Conselho de Ética. Para os tucanos, além da demora em definir a decisão em relação ao pedido de impeachment, Cunha também sinaliza composição com o governo. Em movimento paralelo, membros do partido também dão sinais de que poderão amenizar a oposição a medidas do ajuste fiscal.
O aviso aos aliados da oposição sobre o ambiente na bancada do PSDB em relação a manutenção do apoio ao Cunha foi dado em encontro realizado no manhã desta terça-feira na residência do líder do PSDB, Carlos Sampaio (SP). Integrantes da oposição cobraram declarações mais contundentes dadas por tucanos na reação à defesa apresentada por Cunha nas entrevistas à imprensa neste fim de semana, quando deixaram claro que eram argumentos frágeis.
Carlos Sampaio diz que provas apresentadas até agora por Cunha são "confusas e deficientes" e que deputados tucanos no Conselho de Ética não têm compromisso com ninguém a não ser com a ética.
— O que foi apresentado contra o presidente Eduardo Cunha é sério e grave e, até agora a defesa que ele apresentou é confusa e deficiente. Ele tem que sair das alegações e entrar no campo das provas. No Conselho de Ética o PSDB vai votar com rigor técnico absoluto e de acordo com as provas. Não tem compromisso de votar com A ou B. Mesmo sabendo que há uma causa maior, que é o impeachment, jamais vai transigir com a ética — avisou o líder do PSDB, Carlos Sampaio.
O líder tucano também comentou que as negociações com o governo em torno da votação da PEC da DRU estão avançando, com o governo sinalizando que poderá aceitar em parte as propostas feitas pelo PSDB. Segundo Sampaio, o partido propôs manter a desvinculação em 20% e o líder do governo apresentou como contraproposta 25%. Também em relação ao prazo de duração do mecanismo, o PSDB está propondo dois anos e alternativa aos oito anos previsto na PEC enviada pelo Executivo.
— Vou consultar a bancada. Um outro ponto importante foi a sinalização a favor da retirada dos fundos da desvinculação e a decisão de não atrelar a votação da PEC da DRU à da recriação da CPMF — disse Sampaio.
O DEM ajudou a eleger Cunha, mas o líder Mendonça Filho (PE) afirma que não há compromisso incondicional com ele. No Conselho de Ética o DEM tem um deputado, Paulo Azi (BA) que já se posicionou a favor da continuidade das investigações contra Cunha.
— O que levou a oposição a se posicionar foi o embaraço do presidente em sair com entrevistas à imprensa achando que ia cessar os questionamentos. Ao meu ver, ele aumentou os questionamentos. A defesa tem furos e evidentemente a imprensa, a sociedade e o próprio parlamento irão questionar isso em busca dos esclarecimento às graves denúncias — disse o Mendonça Filho (PE), acrescentando:
— Eu sempre disse que não ia blindá-lo e nem prejulgá-lo. Defendi seu afastamento e retirei em dois momentos. O tempo só complica ainda mais o cenário.
PRORROGAÇÃO DA DRU
Nesta terça-feira, em nome do PSDB, o deputado Bruno Araújo (PE) participou de reunião de líderes da base aliada com o líder do governo na Câmara, José Guimarães, para discutir a prorrogação da DRU (Desvinculação de Receitas da União). Segundo Bruno, o partido decidiu conversar e quer negociar a redução do percentual de 30% proposto pelo governo para mexer livremente no orçamento.
— É uma percepção clara do PSDB que a DRU é um instrumento de governança. Fazemos oposição à Dilma, mas não fazemos oposição à estabilidade macroeconômica. A DRU foi um instrumento criado no governo do PSDB e por isso o PSDB propôs. Vamos tentar encontrar o entendimento, não queremos o percentual de 30% de desvinculação, queremos estabelecer uma negociação sobre isso — avisou Bruno Araújo.
O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), comemorou a decisão do PSDB de estabelecer o diálogo em relação à prorrogação da DRU e disse que as negociações estão em andamento:
— O importante é a disposição de ambos os lados em negociar um tema que é importante para o país. O Bruno falou em baixar a desvinculação para 20%, eu propus pelo menos 25%. Em relação ao prazo de vigência, disse que teria que ser entre 4 e 8 anos — afirmou Guimarães.
Para a oposição e aliados do presidente, a estratégia de Cunha foi desastrosa e trouxe mais elementos para o debate sobre as contas no exterior. Para alguns aliados, a justificativa pode ter alguma força jurídica, mas politicamente dificulta a defesa de Cunha no Conselho de Ética. O aviso, no entanto, não deverá transbordar para declarações e discursos mais contundentes contra o presidente da Câmara em plenário e o líder do PSDB foi ao almoço oferecido por Cunha, comum às terças-feiras, a líderes e aliados partidários. Participam do almoço líderes da oposição e de alguns partidos da base aliada, como PP, PR e PSD.

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