terça-feira, 10 de novembro de 2015

GREVE: Ministro ordena uso da força contra caminhoneiros se necessário

OGLOBO.COM.BR
POR JAILTON DE CARVALHO

No segundo dia de greve, há manifestações em 30 trechos em oito estados

Fila de caminhoneiros em Minas Gerais - CHRISTOPHE SIMON / AFP/9-11-2015

BRASÍLIA e RIO - O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, determinou que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) aplique multas e, se necessário, use a força para desobstruir rodovias bloqueadas por caminhoneiros do Comando Nacional do Transporte, entidade criada no ano passado à revelia dos tradicionais sindicatos da categoria. Relatório divulgado pela PRF às 11h nesta terça-feira aponta bloqueios parciais em 30 trechos de 17 rodovias federais em oito estados — Ceará, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Tocantins.
O ministério considera baixa a adesão às manifestações, mas entende que não pode tolerar bloqueios e arruaças. Os protestos teriam como objetivo provocar desabastecimento de alguns produtos em determinadas regiões e, com isso, desestabilizar o governo. O item número um da pauta dos manifestantes é a deposição da presidente Dilma Rousseff.
A Advocacia-Geral da União (AGU) estuda a possibilidade de ajuizar ação, ainda nesta terça-feira, contra caminhoneiros que estão participando do bloqueio de estradas federais em pelo menos sete estados. Advogados da AGU já estão em contato com representantes do Ministério da Justiça e da PRF para definir uma linha de atuação no caso. A ideia é repetir a estratégia do ano passado quando, a pedido da AGU, a Justiça Federal determinou o desbloqueio das rodovias e estabeleceu pesadas multas em caso de desobediência à ordem.
No segundo dia de greve, o Rio Grande do Sul era o estado com mais manifestações às 11h: nove. Todas elas, no entanto, eram parciais e não impediam a passagem de veículos. O Paraná apresentava sete pontos com interdições e liberação seletiva do tráfego, enquanto Santa Catarina tinha três também com impedimento à passagem de veículos e um sem bloqueio. Em Minas Gerais foram contabilizados cinco trechos em que a passagem era seletiva. Tocantins também tinha um ponto em que o trânsito não era totalmente livre, assim como Ceará e Goiás. Os grevistas estavam em dois trechos no Mato Grosso do Sul, um sem impedir o trânsito e outro com liberação apenas para alguns.
Na segunda-feira, o governo federal atuou para enfraquecer a greve, que no primeiro dia bloqueou 48 pontos de rodovias em 12 estados. Cardozo anunciou que os caminhoneiros que tentarem impedir o “direito de ir e vir” receberão multas de mais de R$ 1,9 mil. Para ele, os líderes do movimento não têm uma reivindicação da categoria dos caminhoneiros, mas uma “pauta política”. Um reflexo disso é a falta de apoio à greve atual por outras entidades da categoria.
Outros sindicatos de caminhoneiros criticaram os protestos ontem. A Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) classificou como imoral “qualquer mobilização que se utiliza da boa-fé dos caminhoneiros autônomos para promover o caos no país”. Para a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), filiada à CUT, os caminhoneiros estão sendo usados em prol de interesses políticos. O líder do Movimento União Brasil Caminhoneiro (MUBC), Nelio Botelho, disse na segunda-feira que a força do primeiro dia de greve superou as expectativas da organização. No entanto, afirmou que a entidade não vai participar de eventuais protestos, assim como não atuou na paralisação do primeiro semestre.

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