quarta-feira, 11 de novembro de 2015

ECONOMIA: Dólar cai a R$ 3,70, menor valor em 2 meses, com rumor de Meirelles na Fazenda

OGLOBO.COM.BR
POR RENNAN SETTI, COM AGÊNCIAS

Bolsa sobe 2%; investidores veem maior força política em ex-chefe do BC

- Chris Ratcliffe / Bloomberg News

RIO - O dólar comercial registra queda de 2% contra o real nesta quarta-feira, reagindo a rumores de que o ex-presidente do Banco Central (BC) Henrique Meirelles está cotado para assumir o Ministério da Fazenda. Além disso, o movimento global da moeda é de queda, após a divulgação de dados positivos sobre o varejo da China. A divisa opera cotada a R$ 3,714 para compra e a R$ 3,716 para venda. Na mínima da sessão, atingiu R$ 3,706 para venda — a menor cotação registrada ao longo de uma sessão desde 2 de setembro, antes do rebaixamento da nota do Brasil pela Standard & Poor’s, quando chegou a cair a R$ 3,696. Já a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) sobe 1,85%, aos 47.060 pontos.
Globalmente, o dólar cai 0,17% contra uma cesta de dez moedas, segundo o índice Dollar Spot. Entre as 16 principais divisas do mundo, a moeda americana perde força contra 14.
— A maior parte dos agentes do mercado vê no Meirelles um articulador político mais hábil que Levy. Pelo que parece, o Congresso não tem mesmo qualquer boa vontade com ele. Assim, contra o real, o dólar amplia sua tendência de desvalorização lá fora. Depois de um período de valorização em escala global, a divisa demonstra acomodação e reage também aos dados da China, que tiveram uma leitura positiva por parte dos investidores —afirmou Daniel Weeks, economista da Garde Asset. — Na minha opinião, porém, uma eventual troca de Levy por Meirelles seria apenas uma renovação momentânea de esperança. No fim das contas, o resultado não deve ser muito diferente, uma vez que o problema do governo é sua fraqueza política em si, e não o ministro da Fazenda.
No fim da tarde de ontem, o site do jornal “Valor Econômico” publicou notícia dizendo que Meirelles já estaria discutindo cenários econômicos com líderes empresariais em encontros ocorridos em São Paulo e que a resistência da presidente Dilma Rousseff ao seu nome estaria diminuindo. Ainda segundo o “Valor”, o ex-presidente do BC teria dito a interlocutores que só aceitaria convite se pudesse indicar toda a equipe econômica, incluindo o presidente do BC e o ministro do Planejamento. De acordo com as notícias de bastidores, a chegada de Meirelles estaria sendo orquestrada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Meirelles comandou o BC durante os dois mandatos de Lula e perseguiu uma política monetária considerada mais ortodoxa, o que costuma agradar aos mercados financeiros. Além disso, investidores consideram que ele teria mais facilidade para dialogar com o Congresso em um momento de intensos atritos entre o Executivo e o Legislativo.
“Faz sentido o Meirelles assumir por três motivos. O primeiro é que ele não é o Levy (apesar de rezarem na mesma cartilha) e isso traria certo alívio tanto dentro do PT quanto entre empresários que, apesar de respeitarem Levy, acreditam que ele não reúne a capacidade política de agir. O segundo motivo é que Meirelles é o homem do Lula, e sendo assim aumenta ainda mais a influência do ex-presidente no Planalto que já conta com Jaques Wagner dando as cartas no gabinete da Casa Civil”, escreveu o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, em comentário enviado a clientes.
Segundo Perfeito, o terceiro motivo é mais estratégico:
“Meirelles é uma espécie de coringa político. Ele foi eleito deputado pelo PSDB, não assumiu porque foi nomeado presidente do Banco Central por Lula, se filiou ao PMDB e hoje está no PSD de Kassab. Meirelles tem trânsito político e pode ser ‘de todos’ sem ser de ninguém”.
No cenário internacional, a China divulgou números nesta quarta-feira que demonstram a transição de sua economia de um modelo baseado em exportações e investimento para um outro baseado em consumo. O crescimento da produção industrial desacelerou para 5,6% em outubro na comparação anual, abaixo da expectativa dos analistas. Já as vendas no varejo tiveram alta de 11% sobre o ano anterior, levemente acima da estimativa dos economistas.
As autoridades do país anunciaram também nesta quarta que vão aumentar o suporte ao consumo. A ideia é desenvolver o mercado de crédito ao consumidor e ampliar o programa piloto que testa novas formas de financiamento. Além disso, pretende apoiar um aumento nas importações de bens de consumo.
BRADESCO SOBE APESAR DE TRAGÉDIA
As ações da Petrobras sobem 2,17% (ON, com voto, a R$ 9,41) e 1,97% (PN, sem voto, a R$ 7,76). Depois de cinco dias de queda após o rompimento da barragem em Mariana (MG), as ações da Vale operam em alta. Os papéis ON avançam 1,88% (R$ 15,67) e as PN, 1,80% (R$ 12,96).
Entre os bancos, apesar do desastre aéreo que matou dois de seus executivos, o Bradesco sobe 2,15% (R$ 21,78). O Banco do Brasil tem alta de 1,86% (R$ 17,45), e o Itaú, R$ 2,42 (R$ 28,26).
As ações do setor elétrico são destaque positivo do pregão, após aprovação, ontem na Câmara, da Medida Provisória 688, que autoriza o governo a apoiar hidrelétricas após perdas geradas pelo déficit hídrico. assim, o chamado “risco hidrológico” — jargão do setor para falta de chuvas — é repassado para o consumidor final. A medida é vista com bons olhos, porém, por investidores, que a classificam de importante para dar segurança jurídica ao leilão de hidrelétricas existentes agendado para 25 de novembro, com o qual o governo federal espera arrecadar até R$ 17 bilhões com a cobrança de bônus de outorga junto aos vencedores.
A Cesp opera em alta de 2,76%, enquanto a Cemig registra valorização de 3,20%. A CPFL opera em alta de 2,92%, enquanto a Eletrobras sobe 2,51%.

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