sexta-feira, 13 de novembro de 2015

POLÍTICA: Atos contra Cunha e impeachment geram tensão em Brasília

OGLOBO.COM.BR
POR ANDRÉ DE SOUZA E JÉSSICA MOURA*

Grupo seguiu em passeata até o Congresso, onde acampam militantes pró-impeachment

Manifestação dos estudantes da UNE e Ubes em favor da presidente Dilma Rousseff e pela a saída do deputado Eduardo Cunha da Presidência da Câmara. - Jorge William / Agência O Globo

BRASÍLIA - Vários grupos que estavam concentrados perto do Museu da República, no começo da Esplanada dos Ministérios, seguiram em passeata até o Congresso na manhã desta sexta-feira para protestar contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que é investigado na Operação Lava-Jato. Eles ocuparam quatro das seis faixas faixas do Eixo Monumental. Segundo a Polícia Militar do Distrito Federal, 4 mil pessoas participaram do ato.
Os manifestantes seguiram a pé até o Congresso Nacional, onde estão acampados defensores do impeachment da presidente Dilma Rousseff. O encontro entre os dois grupos gerou um clima de tensão pela possibilidade de um embate, levando o policiamento em frente ao Congresso Nacional, tanto de Policiais Militares (PMs), quanto da Polícia Legislativa, ser reforçado. Ontem, a polícia apreendeu com um dos militantes do Movimento Brasil Livre (MBL), grupo pró-impeachment, armas como uma pistola, soco inglês e furador de coco. O policial reformado Jorge Luiz Damasceno foi preso por porte ilegal de armas.
Ao chegar ao Congresso por volta das 13h, um cordão policial impediu os estudantes de ocuparem rampa. Apesar das provocações, não houve confronto com os manifestantes pró- impeachment ou com os policiais. O grupo deu a volta no Congresso e retornou em direção à Rodoviária do Plano Piloto. No carro de som, a presidente da UNE, Carina Vitral, provocou os manifestantes acampados favoráveis ao impeachment:
— Não embarcamos na manifestação do MBL, do revoltados online, e de meia duzia de playboys que dizem representar o povo brasileiro — declarou.
BRASIL - BRASÍLIA -BSB - 13/11/2015 - Policiais Legislativos fazem revista em barracas de integrantes do Movimento Brasil Livre, que estão acampados no gramado do Congresso. A operação acontece um dia após a prisão de um integrante do movimento com um pequeno arsenal. FOTO ANDRE COELHO / Agencia O Globo - ANDRE COELHO / Agência O Globo

Estudantes e movimentos sociais simpáticos ao governo, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) participaram do protesto. A manifestação foi o ponto alto do 41º congresso da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), que começou na quinta-feira e vai até o próximo domingo. Os organizadores contavam com a presença de que dez mil pessoas.
PROVOCAÇÕES ENTRE GRUPOS
O momento mais tenso ocorreu quando manifestantes ligados à Juventude Socialista Brasileira (JSB), do PSB, passaram pelos defensores do impeachment. Detalhe: diferentemente da maioria que participou da manifestação, eles não fizeram uma defesa da presidente Dilma Rousseff. A pauta do grupo era o "fora, Cunha" e contra o ajuste fiscal do governo. A JSB faz oposição à direção da Ubes, controlada pela União da Juventude Socialista (UJS), do PCdoB.
Os militantes do PSB estavam na parte final da passeata. Houve provocações e faixas arrancadas, mas não ocorreram agressões físicas. Alguns dos defensores do impeachment estavam armados com pedaços de pau, cassetetes e spray de pimenta. Não houve intervenção da Polícia Militar.
— Quando a gente chegou próximo do acampamento pró-impeachment, começaram a provocar. A gente arrancou algumas faixas deles, e eles algumas nossas — relatou o secretário nacional de Juventude do PSB, Tony Siqueira.
Mais cedo, quando cerca de 100 manifestantes da JSB ainda estavam concentrados no Museu da República, o grupo já tinha deixado claro que não faria uma defesa do governo no protesto. Além de gritar palavras de ordem contra Eduardo Cunha, eles carregavam faixas contra a redução da maioridade penal e o ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
— A gente, pelo menos da JSB, entende que o impeachment é um dispositivo legal — disse Tony Siqueira, concluindo: — Nossa pauta é contra o ajuste fiscal e fora, Cunha.
Outro grupo de estudantes secundaristas vindos de São Paulo participaram do ato. Apesar de também reivindicarem a saída de Cunha da presidência da Câmara, o grupo, que é ligado ao PSOL, se opõe aos organizadores do movimento, a Ubes. Além do Fora Cunha, eles também querem o Fora Alckimin, pois são contra a reorganização das escolas públicas promovida pelo governo de São Paulo .
— É um absurdo, os alunos são realocados e as escolas estão superlotadas — reclama a estudante Kelly Vidal que veio de Barueri (SP).
CONTRA AJUSTE FISCAL
Os manifestantes também protestam contra o ajuste fiscal. A União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) está reunida em Brasília nesta semana em razão de um congresso da entidade. Eles dizem que a passeata também será contra o impeachment de Dilma e contra o corte de verbas na educação.
O secretário-geral da UNE, Thiago Ferreira, criticou o presidente da Câmara e a aprovação de medidas pela Casa como a aprovação da redução da maioridade penal.
— É quase natural que tenhamos aderido ao Fora Cunha, que representa hoje esse conjunto de projetos retrógrados que atingem diretamente os estudantes. Já tivemos o protesto com dólares jogados nele na semana passada como forma de mobilização — disse Thiago.
Embora o protesto fosse contra Cunha, tinha manifestante que sabia muito pouco sobre ele. É o caso de Irene Barbosa, militante do MST acampada no DF. Ela julgava que Cunha fosse o ministro de Minas e Energia. Irene citou várias outros motivos para estar no protesto.
— Um dos motivos é a Petrobras. A barragem em Minas, para as autoridades tomarem providências. E sobre os direitos de todos os trabalhadores — afirmou Irene.
Os manifestantes pararam em frente ao Ministério da Saúde para protestar. A CUT saiu em defesa da Petrobras.
— É um ato em defesa da Petrobras, em defesa da democracia, por mudanças na política econômica. Também somos contra o impeachment de Dilma. É forçação de barra de quem perdeu a eleição. Diferentemente do presidente da Câmara, que tem denúncia da PGR e contas na Suíça — afirmou o presidente da CUT, Vagner Freitas, que também participou da manifestação.
Depois de quatro horas de protesto, os manifestantes encerraram o ato em frente ao Ministério da Educação.
(*Estagiária sob supervisão de Francisco Leali)



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