quarta-feira, 30 de setembro de 2015

MUNDO: Otan, EUA e Reino Unido criticam ataque russo na Síria

OGLOBO.COM.BR
POR HENRIQUE GOMES BATISTA, CORRESPONDENTE

No Conselho de Segurança, Lavrov pediu medidas práticas para dar fim a conflito

Chanceler russo e atual presidente do Conselho de Segurança discursa em reunião na ONU - Seth Wenig / AP

NOVA YORK — Durante a reunião do Conselho de Segurança da ONU nesta quarta-feira, o secretário de Estado americano, John Kerry, criticou fortemente a Rússia por defender a permanência de Bashar al-Assad na Síria, defendendo que líder deixe o poder. No mesmo dia em que as forças russas realizaram o primeiro ataque no território sírio, Kerry ressaltou que os EUA vão acompanhar a ação militar de Moscou e se mostrou preocupado de o Kremlin estar mais focado em atacar os opositores do que em enfrentar o Estado Islâmico.
— Estamos muito atentos para ver se a Rússia não vai atacar áreas onde não há o Estado Islâmico, isso demonstraria o real interesse desta ação — disse Kerry.
Após acusar Assad de criar as condições para a ascensão dos extremistas na Síria, Kerry disse que não há condição de manter o presidente no cargo. A saída do líder também foi defendida pelo primeiro-ministro do Reino Unido, Philip Hammond, que destacou que uma solução para a guerra é impossível com Assad em Damasco e acusou o regime de matar mais civis que os terroristas.
— O cenário mudou nas últimas semanas na Síria, pois as ações russas deram mais legitimidade ao regime de Assad, o que é um erro — disse Hammond.
Antes, no entanto, o chanceler russo, Sergey Lavrov, voltou a defender o apoio ao Assad e pediu medidas práticas para combater os terroristas na Síria, como um maior combate ao financiamento ao EI.
— Temos que atuar dentro do Direito Internacional e respeitando as questões internas. Não podemos lutar por cima do governo, isso já foi e não deu certo, o povo árabe ainda se ressente de ações como estas - disse o ministro russo, alertando que o EI está realizando execuções em massas no país.
Já o representante do governo Sírio na ONU, Walid Muallen, acusou o Conselho de Segurança e a coalizão liderada pelos EUA de fazerem pouco para impedir o crescimento do Estado Islâmico e de outros grupos de terrorismo.
— O Conselho de Segurança não fez nada, os grupos terroristas são maiores e mais armados que no passado — disse Muallen, que continuou criticando: — A ação aérea da França e do Reino Unido na Síria fere fortemente o direito internacional.
Sobre a recente ação russa no território sírio, ele elogiou a operação por ser coordenada com o governo de Assad.
O chefe da Otan, Jens Stoltenberg, acusou os russos de "não fazerem qualquer tentativa de evitar confrontos" com os esforços dos EUA contra o EI.
FALTA DE VONTADE POLÍTICA
Na sequência, Nasser Judeh, ministro de Relações Exteriores da Jordânia, citou outros problemas na região, que desestabilizam a paz na região, se referindo à ocupação de Israel em territórios palestinos. Judeh lembrou que a guerra síria está entrando em seu sexto ano e que a falta de vontade política para se chegar a um acordo favorece o terrorismo.
— Não pode haver solução humanitária à Síria sem uma solução política — disse ele, lembrando que a Jordânia já atende a 1,4 milhão de refugiados sírios.
Laurent Fabius, ministro de relações exteriores da França, começou seu discurso criticando a falta de ação do Conselho de Segurança e reafirmou a necessidade de uma grande coalizão internacional na Síria
— O Conselho de Segurança está marcado pela falha. O mundo pede de nós: atuem rápido! E precisamos evitar decisões falas que acabam prolongando o drama — disse, pedindo o fim dos bombardeios indiscriminados do governo sírio e proteção à população.

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