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O ESTADO DE S. PAULO
'Declaramos que não podemos seguir legalmente os acordos. Israel deve assumir responsabilidades como potência ocupante', afirmou; bandeira palestina é hasteada na ONU
Em imagem do dia 13 de setembro de 1993, o primeiro-ministro israelense, Yitzhak Rabin (E) e o presidente da Organização pela Libertação da Palestina (OLP), Yasser Arafat, se cumprimentam após chegarem ao Acordo de Oslo, mediado pelo então presidente americano, Bill Clinton
NOVA YORK - (Atualizada às 15h36) O presidente da Autoridade Palestina (AP), Mahmoud Abbas, disse nesta quarta-feira, 30, em seu discurso na 70ª Assembleia-Geral da ONU, que a entidade deixará de seguir legalmente os tratados assinados com Israel. Entre os pactos, está o Tratado de Oslo, de 1993, que constituiu a AP nos territórios palestinos e prevê uma solução de dois Estados para o fim do conflito na região.
"Declaramos que não podemos seguir legalmente os acordos assinados", disse Abbas na reunião. "Israel deve assumir todas suas responsabilidades como potência ocupante. O status-quo não pode continuar."
Presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, anunciou que não seguirá mais os acordos assinados com Israel
Segundo Abbas, o que o levou a tomar a decisão foi a política israelense de ampliação de assentamentos judaicos na Cisjordânia e o desrespeito aos direitos dos palestinos.
"Israel está impondo um sistema de apartheid aos palestinos e de proteção aos assentados. Israel violou a maior parte dos acordos com os palestinos", acrescentou o líder da AP. "Por isso, declaro que como Israel não tem se comprometido aos acordos conosco, não temos outra escolha que não agir."
Abbas também pediu que a ONU reconheça a Palestina como membro pleno da entidade. O líder palestino também falou sobre a decisão de denunciar Israel por crimes de guerra na Justiça internacional. "Quem tem medo do Tribunal Penal Internacional (TPI) não deve cometer crimes", afirmou.
Bandeira. Depois de seu discurso, a bandeira da Palestina foi hasteada pela primeira vez na sede da ONU, em cerimônia especial liderada por Abbas. A bandeira palestina foi içada às 13h16 locais (14h16 em Brasília) nos jardins do complexo das Nações Unidas em Nova York, um local provisório usado para o evento, que contou com a participação do secretário-geral da entidade, Ban Ki-moon.
A Palestina é um observador permanente da ONU. Até pouco tempo, apenas países-membros podiam hastear suas bandeiras na sede das Nações Unidas, uma regra que foi mudada no dia 10 por uma resolução aprovada pela pela Assembleia-Geral.
Cerca de 200 jornalistas e diplomatas compareceram ao hasteamento da bandeira e escutaram as palavras de Abbas e do secretário-geral da entidade. Entre eles, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, segundo nota do Itamaraty.
"Neste histórico momento no caminho do povo palestino rumo à liberdade e à independência, digo a meu povo em todos os lugares, icem a bandeira palestina muito alto porque é o símbolo de nossa identidade palestina", afirmou Abbas. / EFE e AFP
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