segunda-feira, 2 de junho de 2014

MUNDO: Após abdicação de Juan Carlos, milhares vão às ruas da Espanha para pedir o fim da Monarquia

De OGLOBO.COM.BR
POR O GLOBO / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Grupos afirmam que espanhóis têm o direito de decidir se querem um regime monárquico ou republicano
Manifestantes pedem o fim da monarquia na Espanha, no centro de Madri - PEDRO ARMESTRE / AFP
MADRI — Após o anúncio de abdicação do rei da Espanha, Juan Carlos I, os partidos Podemos, União de Esquerda e Equo fizeram um apelo conjunto nesta segunda-feira pela realização de um referendo pelo fim da monarquia. As legendas alcançaram, juntas, 20% nas eleições do Parlamento Europeu, realizadas na semana passada. Milhares de pessoas compareceram em vários pontos do país para pressionar pelo fim da monarquia e a favor da República. Eles pedem que seja convocada uma consulta popular na qual os cidadãos possam decidir se desejam ou não manter o Estado monárquico.
— As pessoas estão pedindo uma renovação política, uma mudança no funcionamento institucional do Estado após cerca de 40 anos de democracia. E elas começaram com a realeza — avaliou Jordi Rodriguez Virgili, professor de comunicação política da Universidade de Navarra.
A convocação ganhou adesão de espanhóis no exterior, com anúncios de concentração em várias cidades como Londres, Bruxelas, Berlim, Paris, Porto, Cidade do México e Milão, de acordo com o jornal “El Mundo”. As redes sociais foram bombardeadas por mensagens expressando apoio ao estabelecimento de uma república. Em poucas horas, uma página na internet conseguiu 55 mil assinaturas a favor do referendo.
A Espanha não tem uma lei precisa sobre abdicação e sucessão. O Gabinete do presidente de Governo Mariano Rajoy convocou uma reunião extraordinária na terça-feira para definir a transição, que provavelmente será feita por meio da aprovação de uma lei orgânica no Parlamento, onde o Partido Poular (PP), de Rajoy, tem maioria absoluta.
— Temos ouvido continuamente ao longo dos últimos meses sobre a necessidade de uma mudança profunda. A sensação é que as eleições europeias têm sido um ponto de viragem e acredito que a decisão (do rei) foi tomada neste contexto — opinou Rafael Rubio, especialista constitucional da Universidade Complutense de Madri.
A decisão do rei de abdicar a favor do príncipe Felipe de Borbón foi anunciada pelo presidente de Governo. Rajoy disse que Juan Carlos, cuja saúde está frágil e que foi submetido a cinco operações em dois anos, estava deixando o reinado por motivos pessoais, mas fontes no palácio real citaram motivações políticas.
Como monarca, o rei e sua mulher, Sophia, é considerado afável e disponível, diferentemente da família real britânica, tida como mais distante. Coroado aos 37 anos após a morte do ditador Francisco Franco em 22 de novembro de 1975, ele ajudou a guiar a Espanha para a democracia, mas seu reinado de 40 anos foi obscurecido, nos últimos anos, por várias polêmicas.
Em uma delas, sua filha, a princesa Cristina, e o marido dela, Iñaki Urdangarin, estão sob investigação sobre uma suposta apropriação de € 6 milhões de recursos públicos por meio de uma instituição de caridade.
O próprio rei enfrentou acusações de estar alheio às aflições dos espanhóis, ao ser flagrado em uma custosa viagem de caça a elefantes financiada com dinheiro privado, ao passo que seu povo sofria com uma recessão econômica e alto nível de desemprego.

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