Da CONJUR
Cerca de 150 candidatos serão convocados para refazer, nos próximos dias 20 e
21 de outubro, as provas de sentença do XVI Concurso para Provimento de Cargos
de Juiz Federal Substituto da 3ª Região. O Conselho Nacional de Justiça
confirmou nesta terça-feira (16/10) a anulação da terceira fase do concurso,
cujas provas haviam sido feitas em março deste ano. Uma liminar
que suspendia o cancelamento das provas — do conselheiro Sílvio Luís Ferreira da
Rocha, também juiz da 3ª Região —, foi derrubada no julgamento desta terça.
A divergência foi aberta pelo conselheiro Gilberto Valente Martins, que
acatou argumentação do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, decidindo que não
haveria isonomia no concurso caso as provas preparadas por uma banca examinadora
fossem corrigidas por outra comissão. Além do relator do caso, conselheiro
Rocha, outros três conselheiros discordaram da posição de Martins: José Lucio
Munhoz, José Roberto Neves Amorim e Emmanoel Campelo.
As provas de sentença cível e criminal foram anuladas no dia 12 de setembro
pelo desembargador Mairan Maia, atual presidente da banca examinadora do
concurso. Segundo documento assinado por Maia, haveria “necessidade de as provas
serem elaboradas e corrigidas com base nos mesmos critérios, de modo a assegurar
a isonomia no tratamento dos candidatos”.
Maia assumiu a presidência depois que o desembargador Nery Junior deixou o
cargo atendendo a pedidos do presidente do TRF-3, Newton de Lucca. Segundo Nery
Junior, o presidente da corte informou, por meio de terceiros, que gostaria que
ele se afastasse.
O pedido teria sido feito por causa da sindicância aberta contra Nery Junior
no CNJ. Ele é acusado de ter favorecido um frigorífico cobrado por sonegação
fiscal. Segundo a acusação, uma força-tarefa do TRF-3 na cidade de Ponta Porã
(MS) — que examinou 108 processos — teria sido implantada pelo desembargador
para favorecer o frigorífico. O inquérito ainda não foi julgado, mas Nery Junior
está confiante quanto à não instauração de processo pelo CNJ. Ele reclama do
clima no tribunal: “O CNJ ainda nem decidiu se vai abrir ou não um processo
contra mim, mas, no tribunal, pediram que eu entregasse o cargo que, para
qualquer desembargador, é uma honra”.
Especialistas ouvidos
pela revista Consultor Jurídico haviam dito que as questões
internas do tribunal não deveriam ser refletidas no concurso. Porém, para os
conselheiros do CNJ, a alteração na banca justifica o cancelamento das
provas.
Marcos
de Vasconcellos é repórter da revista Consultor
Jurídico.
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