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Paulo Celso Pereira / André de Souza / Evandro Éboli
Roberto Gurgel disse que tem gente ‘morrendo de medo’ do julgamento do mensalão
Paulo Celso Pereira / André de Souza / Evandro Éboli
Roberto Gurgel disse que tem gente ‘morrendo de medo’ do julgamento do mensalão
- Os integrantes da CPI se surpreenderam com o tom adotado pelo
procurador-geral da República, Roberto Gurgel. A avaliação unânime era de que as
declarações tendem a piorar o clima, que já não era bom, entre Gurgel e os
integrantes da comissão. Principais defensores da convocação, os parlamenares do
PT reagiram agressivamente. Integrante da CPI, o ex-líder do governo, Cândido
Vaccarezza (PT-SP), foi áspero:
— Acho melhor o procurador explicar para a sociedade por que ele não
denunciou o Demóstenes e os outros implicados. Quero crer que ele não estivesse
imbuído da disputa eleitoral. Porque se ele tivesse denunciado o Demóstenes, ele
não teria sido eleito senador. Ele não tem autoridade para mandar recado para o
PT, ele escondeu a operação Vegas. Ele tem que deixar de ser arrogante. Porque
para ficar de pé essa explicação dele, só com o carro do filme do Spielberg (De
volta para o futuro) — reagiu.
O deputado Paulo Teixeira, que na terça-feira foi um dos principais
defensores da convocação do procurador, também foi duro:
— Ele acabou politizando um tema que não tem o caráter político que ele deu.
É fundamental o pronunciamento dele para explicar o fato de ter paralisado a
Operação Vegas. Queremos respeitosamente as explicações dele. Acho que a postura
dele demonstra desrespeito com o conjunto de CPI — disse.
Tidos como dois dos mais independentes parlamentares da CPI, os senadores
Pedro Taques (PDT-MT) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) mantiveram-se nesta
quarta-feira contrários à ida do procurador.
— Estão querendo transformar na CPI do procurador. Esse não é foco da CPI, o
foco determinado. O foco determinado são as relações de Cachoeira com
parlamentares e a empresa Delta — defendeu Taques.
Randolfe preferiu não entrar no mérito das declarações de Gurgel, mas vê
necessidade de esclarecimentos, ainda que sem a presença do PGR:
— Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Tenho sido um dos maiores
defensores da não convocação do procurador, ainda acho que há um impedimento
constitucional, mas a partir do depoimento de ontem (terça-feira), acho que há
razões para que ele preste esclarecimentos — afirmou.
Para Onyx Lorenzoni (DEM-RS), a convocação do procurador não deve ser feita
no momento. Ele diz que a melhor opção é fazer uma consulta, a qual Gurgel
poderá responder por escrito. Caso essas explicações não sejam satisfatórias, aí
será preciso discutir o que fazer
— Do ponto de vista institucional, não devemos servir a alguns, trazendo o
procurador-geral. Porque isso criaria um conflito institucional, como vários
expuseram, porque tira dele o poder de investigador. É inegável que um conjunto
de parlamentares quer desde o início chamar o procurador. Uma aliança
curiosíssima, entre Collor e parlamentares do PT. O PT e o governo querem fazer
da CPI um instrumento de vendetta. Nós não podemos ser inocentes úteis.
Marco Maia diz que Gurgel tem que dar explicação de seus
atos
O presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), comentou as
declarações do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que associou a
reação de alguns parlamentares à sua postura nas denúncias da Polícia Federal no
caso Carlinhos Cachoeira ao receio da votação do mensalão. Para Maia, o
procurador não está acima da lei e precisa explicar seus atos.
- Atribuo as declarações do procurador ao calor e emoção do debate. Nenhum
cidadão está acima da lei e tem que dar explicações de seus atos. Principalmente
quem exerce função pública, esteja na procuradoria ou qualquer outro cargo -
disse Marco Maia na noite desta quarta-feira.
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