Do POLÍTICA & ECONOMIA NA REAL
Dois países, duas sociedades, decidiram que querem
mudar o rumo das suas economias. A França e a Grécia, esta última com maior
intensidade, votaram neste último fim de semana e a conclusão é que para os
cidadãos o sofrimento com o desemprego e a depressão econômica estão pesando
muito para serem tratados como mero assunto econômico. A liderança da Alemanha e
a sua receita "tradicional" está sob risco. Com isso, o mercado financeiro ficou
novamente nervoso e temeroso de que um cenário incrementado de risco venha a
prevalecer. O certo é que na Grécia mais de 50% dos jovens (até 30 anos) não tem
emprego - a taxa de desemprego total é de cerca de 25%. Na Espanha o cenário é
igualmente grave. Na França está se agravando. Em Portugal prevalece o
pessimismo. E assim vai.
Mercados nervosos I
Angela Merkel, muito bem acomodada politicamente
nas fronteiras alemãs, sabe que as coisas mudaram e trabalhará para que tudo
continue como dantes. Todavia, o tempo e o sofrimento social não permitirão que
os problemas sejam tratados como se as economias funcionem como se fossem
orçamentos domésticos. Lord Keynes já descobriu nos anos 30 do século passado
que num cenário depressivo receitas tradicionais de nada servem. É preciso
inventividade e liderança, ainda mais quando a origem da crise surgiu pela
irresponsabilidade dos governos no tratamento de suas contas fiscais associadas
a uma especulação secular. Nas próximas semanas, as páginas políticas da mídia é
que darão o tom dos mercados e fazer apostas neste momento é tarefa arriscada.
De nosso lado, a recomendação é de cautela. De toda a forma, a tendência mais
clara é que passaremos por uma nova rodada de tensões nas próximas semanas. A
começar pela Grécia dividida que terá de anunciar para o seu povo que vem aí
mais uma rodada de aperto fiscal para pagar as contas de junho e julho. Quem
viver, verá.
Riscos financeiros
A estabilidade do sistema bancário europeu está
mais do que tensa. O cenário de iliquidez está voltando com tudo. Enquanto isso,
as agências de classificação de riscos continuam trabalhando como se fossem
marinheiros do Titani: sabem o que está acontecendo, mas ficam com seus
alertas inúteis.
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