De OGLOBO.COM.BR
Banco pode perder mais US$ 1 bilhão. Operador
responsável por erro foi apelidado de ‘Baleia Branca’ e ‘Voldemort’
NOVA YORK — O JPMorgan Chase, que emergiu como o maior banco dos Estados
Unidos em ativos após a crise de 2008, perdeu pelo menos US$ 2 bilhões com uma
tentativa equivocada de proteção contra perdas financeiras, chamada tecnicamente
de “hedge”. O prejuízo ocorreu com uma operação com derivativos — instrumentos
financeiros que o valor está vinculado a ações, contratos, empréstimos e outros
ativos. O caso prejudicou a reputação da instituição financeira e do
presidente-executivo Jamie Dimon.
Os negócios com derivativos faziam parte de uma estratégia para compensar
eventuais perdas com empréstimos e títulos de dívida. Mas, como em um pesadelo
para qualquer banqueiro, a ideia saiu pela culatra e gerou na verdade muito
prejuízo.
O banco estruturou o negócio de uma maneira que, na prática, turbinou as
perdas. Comprou seguro contra prejuízo em títulos de dívida privada, por meio de
um tipo de derivativo de crédito que ganha valor quando aumenta o risco de
crédito (calote) de determinadas empresas. Mas, ao mesmo tempo, também apostou
com derivativos no evento contrário (na redução do risco de crédito dessas
empresas).
Dimon, presidente-executivo do JPMorgan, assumiu só agora, na divulgação do
prejuízo, que a estratégia “para reduzir o risco de crédito” foi “fraca”.
No mês passado, esses negócios equivocados no escritório de Londres da
divisão de investimentos do JPMorgan já tinha vindo à tona e preocuparam o
mercado, mas não se sabia a real dimensão. Foi noticiado à época que as apostas
com derivativos eram tão vultuosas financeiramente que o operador responsável,
Bruno Iksil, foi apelidado por investidores de “Baleia Branca” e também de
“Voldemort”, em referência ao vilão do filme “Harry Potter” cujo nome não deve
ser pronunciado.
Para um banco visto como um grande gestor de risco que passou pela crise
financeira sem ter prejuízos, os erros são vexatórios, especialmente levando em
conta as notórias críticas de Dimon à proibição de que grandes bancos realizem
negócios com ações e derivativos com recursos próprios, conhecido em inglês como
“proprietary trading”.
"Estamos com a cara no chão", disse Dimon em teleconferência com
analistas.
O banco afirmou ao órgão americano equivalente à Comissão de Valores
Mobiliários (SEC, na sigla em inglês) que desde o fim de março a
vice-presidência de investimentos estava tendo grandes perdas em carteira,
principalmente no uso de derivativos para tentar antecipar o comportamento das
ações.
Embora outros ganhos tenham em parte compensado as perdas nas operações com
derivativos, o banco estima que a divisão de investimentos terá um prejuízo de
US$ 800 milhões no atual trimestre, excluindo resultados com investimento em
participações societárias de empresas (private equity) e despesas com disputas
judiciais. O banco antes previa que a unidade teria um lucro de cerca de US$ 200
milhões.
"Isso pode custar US$ 1 bilhão ou mais" além do prejuízo estimado até agora,
segundo Dimon. "É um risco que vai durar por trimestres",
afirmou.
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