terça-feira, 6 de setembro de 2011

SEGURANÇA: Exército impõe toque de recolher em favela do Complexo do Alemão, denunciam moradores

Do UOL

Hanrrikson de Andrade

Um grupo de moradores do Complexo do Alemão que protestava contra a ação dos militares da Força de Pacificação foi reprimido com violência pelos soldados que estavam de guarda na madrugada desta terça-feira (6), nas proximidades da estação Itararé do teleférico do Alemão.
Segundo uma moradora da favela da Grota, o Exército impôs toque de recolher e efetuou disparos de balas de borracha para conter os manifestantes. Há relatos ainda não confirmados de que o fornecimento de energia chegou a ser interrompido no local a pedido do Exército.
"Fui visitar uma amiga e tive que dormir na casa dela, não podia nem chegar na janela. Os soldados estão com raiva e os moradores estão voltando a ter o mesmo medo que existia na época que os traficantes estavam aqui", disse ela, que pediu anonimato.
Após ocupação, mulheres do Complexo do Alemão denunciam mais abusos
Habitado por cerca de 200 mil pessoas e ocupado desde novembro de 2010 pelas Forças Armadas, o Complexo do Alemão apresenta uma mudança significativa quanto a agressão contra mulheres.O número de notificações de casos de violência doméstica aumentou quase 105% nos primeiros meses deste ano, segundo confirmou ao UOL Notícias o titular da 22ª Delegacia da Penha, José Pedro Costa da Silva.
O conflito ocorreu no mesmo lugar onde, na noite do domingo (4), um pelotão de aproximadamente cem soldados interviu de forma truculenta para mediar um pequeno conflito.
A reportagem do UOL Notícias tentou entrar em contato com a chefia do Estado Maior da Força de Pacificação e com o Comando Militar do Leste, mas não obteve resposta até o momento.
Na segunda-feira (5), a Força de Pacificação já tinha sido alvo de uma manifestação promovida por mototaxistas do Complexo do Alemão, possivelmente insatisfeitos com a fiscalização rigorosa.
Pelo menos cinco foram presos e conduzidos para uma base militar situada na comunidade da Fazendinha, de acordo com informações do Exército.
Os motoqueiros fizeram várias fogueiras nas proximidades da favela Nova Brasília a fim de impedir o tráfego entre a estrada do Itararé e a avenida Itaoca - e o trânsito só foi normalizado após o trabalho do Corpo de Bombeiros.
Investigação
O Ministério Público Federal (MPF)
abriu inquérito civil para investigar a atuação dos militares envolvidos no conflito com moradores do Complexo do Alemão no domingo (4).
O procedimento será vinculado à apuração de incidente similar que aconteceu na Vila Cruzeiro, no dia 24 de julho, quando militares usaram spray de pimenta e balas de borracha contra moradores que estavam em um bar.
Segundo o MPF, as procuradoras Gisele Porto e Aline Caixeta estiveram na comunidade para ouvir os responsáveis pela Força de Pacificação. Elas receberam um relatório do general Cesar Leme Justo e do coronel Nilson Nunes, mas ainda irão ouvir a estudante Elaine Moraes, que deu entrada no Hospital Getúlio Vargas com uma bala de borracha alojada na boca, e outras vítimas do conflito.
No fim do mês passado, a Secretaria de Segurança Pública do Estado solicitou ao governo federal que mantivesse as tropas até pelo menos junho de 2012 --anteriormente, a expectativa era de que uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) fosse instalada na comunidade entre outubro e novembro deste ano. O morro foi ocupado pelas forças de segurança em novembro do ano passado.
O Ministério Público Federal diz que, a partir de questionamentos da sociedade, promoverá debate no dia 6 de outubro para discutir a constitucionalidade da atuação do Exército na Segurança Pública. O debate será na sede da Procuradoria da República no Rio, com presença de juristas, representantes do Comando Militar do Leste e representantes da sociedade civil.

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