terça-feira, 6 de setembro de 2011

ECONOMIA: Inflação pelo IPCA acelera a 0,37% em agosto e atinge maior taxa em 12 meses desde junho de 2005

De O GLOBO.COM.BR

Henrique Gomes Batista, Adriana Lins e Daniel Haidar (economia@oglobo.com.br)

RIO DE JANEIRO - O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acelerou com o crescimento de 0,37% em agosto, na comparação com a variação de julho que tinha sido de 0,16%, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira. Com esse resultado, a taxa acumulada nos 12 meses encerrados em agosto chegou a 7,23%, a maior desde junho de 2005, ante 6,87% até julho. Continuou acima do teto da meta perseguida pelo governo, que é 6,5% e foi extrapolado em abril. No ano, agora o IPCA acumula expansão de 4,42%, bem acima da taxa de 3,14% correspondente ao mesmo período de 2010.
O resultado de agosto foi divulgado praticamente uma semana depois de o Banco Central ter surpreendentemente reduzido a taxa básica de juros para 12% ao ano. Dois dias antes, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou que aumentaria em R$ 10 bilhões a economia do governo para pagar juros da dívida pública e que esse aumento do superávit primário abriria caminho para o Banco Central reduzir a taxa de juros para manter o crescimento da economia brasileira no caso de uma piora da crise internacional. Essa "deterioração" do cenário externo foi a justificativa do Banco Central para reduzir os juros, sob o argumento de que o "balanço de riscos para a inflação se torna mais favorável" com uma moderação da economia brasileira em função de restrições de crescimento nas economias maduras.
No início de agosto, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, dissera que a inflação medida pelo IPCA atinigiria a maior taxa em 12 meses em agosto, mas nos meses seguintes cairia. Só que ele também tinha afirmado que o resultado de julho seria de queda, o que não se confirmou com a alta de 0,16%, ligeiramente acima do resultado de 0,15% em junho.
O IPCA de agosto veio acima da expectativa do mercado (0,33%) e no topo das previsões dos analistas ouvidos na segunda-feira pelo GLOBO.

Alimentos foram grandes vilões no mês
Eulina Nunes, coordenadora do IPCA no IBGE, destacou que o resultado de agosto, que mais que dobrou em relação ao resultado de julho (0,16%), foi maior que o de agosto de 2010 (0,04%):
- Em 2009 e 2010, os meses de junho, julho e agosto registraram inflação baixa. Este ano, junho e julho se comportaram da mesma maneira, mas em agosto houve uma aceleração - disse.
Ela lembrou que os alimentos foram os grandes vilões da inflação no mês. Em agosto, o grupo apresentou alta de 0,72%, representando, sozinho 45% do IPCA total.
- Se em junho e julho os alimentos foram responsáveis pela baixa do IPCA, agora eles voltam a ser os responsáveis pela alta - disse.
Elina Nunes, gerente do IPCA, afirma que a alta de preços nos alimentos em agosto atingiu produtos importantes para os brasileiros, como arroz (182% no mês), feijão (o,58%), carnes (1,84%), leite (1,83%) e frango (2,74%) por alta nos custos (carnes e frangos) e reposição de preços (arroz). Além disse o açúcar cristal (3,90%) e refinado (3,22%) continuam registrando fortes altas por causa dos problemas com a safra de açúcar.
No acumulado em 2011, contudo, o grupo dos alimentos e bebidas apresentam alta de 3,51%, menor que outros grupos como educação (7,76%) e transporte (4,71%). Eulina explica que no fim do ano passado o preços dos alimentos subiram muito e agora voltam a puxar a inflação, mas que no começo do ano os serviços e o transporte, por causa do preços dos ônibus e do etanol, foram mais importantes que os alimentos:
- Em 2010, os alimentos tiveram peso muito forte, representando 34% do IPCA. Neste ano, contudo, o grupo responde por 19% do IPCA acumulado até agosto, enquanto Transportes representam 20% e serviços outros 34% - afirma.
Mas, em agosto, o grupo Transportes apresentou queda de 0,11%, puxados pela queda de 0,14% no preço da gasolina, redução de 5,95% no preço das passagens aéreas e de redução dos valores dos automóveis novos e usados. Mas no ano a alta acumulado do grupo é de 4,71%, acima do IPCA de 4,42%.
No ano, o maior impacto para a inflação são os colégios (alta d 8,09% em 2011 e contribuição de 0,40 ponto percentual no IPCA acumulado de 4,42%), seguido de ônibus urbano, refeição fora de casa, empregada doméstica e gasolina.
Ela lembra que não estão previstas grandes altas de preços administrados ou monitorados para setembro. Os principais impactos serão reajustes da taxa de água e esgoto em São Paulo e Rio e energia elétrica no Distrito Federal.

Rio foi onde preços mais subiram
Regionalmente, o IPCA de agosto registrou a maior alta no Rio de Janeiro, 0,47%, seguido de Belo Horizonte (0,45%) e Belém (0,41%). A menor foi registrada em Porto Alegre (0,14%).
No acumulado em doze meses, a maior alta é a registrada em Fortaleza (7,83%), Curitiba (7,77%) e Brasília (7,62%). No mesmo período, o Rio registra uma inflação de 7,03%.

Preços de alimentos voltaram a subir
Dos nove grupos de produtos e serviços que formam o cálculo do IPCA, o setor de alimentos voltou a subir de forma significativa, com aumento de 0,72% em agosto, depois da queda de 0,34% em julho. Vários produtos aumentaram de preço, com destaque para as carnes (de -1,12% para 1,84%).
O setor de Habitação também acelerou os reajustes (de 0,27% de julho para 0,32% agosto) e os gastos subiram, especialmente, com o aluguel residencial (alta de 0,46% no mês anterior, para 1,06% em agosto).

Alimentos e Bebidas encareceram 10,4% em 12 meses
A grupo Alimentos e Bebidas já acumula alta de 10,41% no IPCA de doze meses. Na sequência aparecem vestiário (9,37%), despesas pessoas (8,58%) e Educação (7,99%). As menores altas acumuladas em doze meses foram registradas nos grupos Comunicação (1,78%) e Artigos de Residência (2,21%). Transportes (5,67%), Saúde e Cuidados Pessoais (6,03%) e Habitação (6,42%) registraram altas inferiores ao total do IPCA, de 7,23% em doze meses.

INPC cresce acima do IPCA
O IBGE também divulgou na manhã desta terça-feira o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação para famílias com rendimento de 1 a 6 salário mínimos -- ao contrário do IPCA, índice oficial de inflação, que analisa o aumento dos preços para famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos. E, para a camada mais pobre da população, a inflação foi ainda maior que a medida pelo IPCA: 0,42% em agosto, contra resultado estável em julho. Em doze meses, o índice acumula alta de 7,40%. Novamente o Rio foi onde este índice de inflação teve a maior variação em agosto: 0,66%, contrastando com a alta de 0,02% em Curitiba. Em doze meses, a maior alta foi registrada em Curitiba (8,39%) e a menor em Porto Alegre (5,97%). O Rio registra alta de 6,81%.

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