segunda-feira, 5 de setembro de 2011

MUNDO: Retorno de Strauss-Kahn à França perturba PS

De O GLOBO.COM.BR
Antonio Jiménez Barca, do El País

Com agências internacionais

PARIS - PARIS. O ex-diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI) Dominique Strauss-Kahn, detido no dia 14 de maio pela polícia de Nova York por suposta agressão sexual à camareira Nafissatou Diallo, voltou no domingo para Paris. Pela quantidade de jornalistas que esperavam os dois no aeroporto - e que depois os seguiram até em casa - nota-se que DSK (como é conhecido pelos franceses) ainda mobiliza o país. Membro do Partido Socialista (PS), Strauss-Kahn era, até sua detenção, o candidato favorito às eleições presidenciais da França em 2012. Agora, ele tem que se reabilitar pessoal e profissionalmente.
Seu assessor de imprensa avisou que ele não daria entrevistas ontem, mas é certo que o fará ainda esta semana, em algum jornal de horário nobre da TV francesa. Nessa entrevista, deverá responder se pensa em voltar à vida política ou não. A curto prazo, todo mundo o considera liquidado. Uma recente sondagem revelou que os franceses prefeririam que DSK não retomasse sua vida política. Aubry descola sua imagem da de DSK
Mas na França, as carreiras políticas costumam ser longas e sinuosas, portanto, é melhor não considerar ninguém liquidado. Por enquanto, a volta de DSK à França e o interesse midiático que desperta perturbam a disputa entre os principais dirigentes socialistas (Martine Aubry, François Hollande e Ségolène Royal, entre outros) pela liderança no PS. Muitos dos antigos partidários dele se reposicionaram em favor de François Hollande, que lidera as pesquisas de opinião para as primárias do partido, ou por sua rival, Martine Aubry. Há alguns dias, Aubry, que vinha apoiando o ex-diretor do FMI, descolou sua imagem da de DSK, ao afirmar, em uma entrevista, que compartilha da opinião de muitas mulheres "sobre o comportamento de Strauss-Kahn". Outro candidato às primárias, Arnaud Monteburg, foi mais explícito:
- Que ele peça desculpas e se cale!
Mas há amigos de DSK, como o deputado Jean-Marie Le Guen, que consideram que a sociedade francesa "não pode dispensar suas competências em assuntos como economia internacional". Para seus aliados, ele está destinado a ter um papel importante no futuro - seja contribuindo na campanha eleitoral dos socialistas, ou assumindo um cargo num eventual governo de esquerda ou numa instância europeia ou internacional, considerando sua experiência na liderança do FMI em meio à crise financeira mundial de 2007-2009.
Seu futuro político é tão obscuro quanto sua situação perante a Justiça. DSK deve encarar, na França, outro processo sob acusação de tentativa de estupro, registrada em julho pela escritora Tristane Banon, que o acusa de ter abusado sexualmente dela em 2003. A mãe de Banon, a dirigente socialista Anne Mansouret, disse que está feliz com o regresso de DSK, porque assim ele poderá se declarar perante o juiz. Já o caso aberto em Nova York após a acusação da camareira do Hotel Sofitel foi arquivado porque a credibilidade dela foi posta em dúvida pela Promotoria.
Pedestre hostiliza ex-diretor-gerente do FMI
Liberado do processo no dia 23 de agosto, DSK chegou ao aeroporto Charles de Gaulle às 7h, ao lado da mulher, a jornalista e milionária Anne Sinclair. Sorridentes, os dois foram escoltados pela polícia até a luxuosa residência do casal, na Place des Vosges, onde chegaram uma hora depois. Um pedestre que passava em frente à casa no momento em que o casal apareceu disse, a uma altura suficiente para ser ouvido por Strauss-Kahn e Anne Sinclair:
- Você é uma criatura repulsiva, vá se curar em algum outro lugar.
O esquerdista Jack Lang, ex-ministro da Educação e Cultura e vizinho do casal, contornou a situação, dizendo aos repórteres que estava "pensando na alegria de DSK e Anne Sinclair por estarem de volta aqui".
- O que lhe devemos, como socialistas e amigos, é uma recepção calorosa, com amizade e alegria - disse.

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