quarta-feira, 21 de setembro de 2011

MUNDO - Assembleia Geral, Dilma diz que já é hora de ter Palestina como membro e Obama insiste em diálogo

De O Globo

Com agências internacionais

NOVA YORK - Os dois primeiros discursos de líderes na 66ª sessão da Assembleia Geral da ONU deram o tom da divisão que deve permanecer em relação à questão palestina: enquanto a presidente Dilma Rousseff afirmou na abertura da reunião que "é chegado o momento de termos a Palestina aqui representada a título pleno", o presidente americano, Barack Obama, falou logo depois dela e insistiu na posição de que a solução para o impasse entre palestinos e israelenses é a negociação entre as duas partes.
- Essa é a lição do Sudão do Sul. Esse é e será o caminho para um Estado palestino - afirmou Obama, fazendo referência ao 193º membro da ONU, que declarou sua independência este ano após referendo resultado de acordo com o Sudão. - Estou frustrado pela falta de avanço. A questão não é a meta, e sim como alcançá-la. Não há atalho. Paz é trabalho duro.
Após discursar, Obama se reuniu com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que agradeceu o apoio dado pelo americano a uma saída negociada para a questão palestina. O premier reiterou que a votação na ONU "não terá êxito".
Enquanto o discurso de Dilma foi centrado na crise econômica , com várias menções à defesa do papel das mulheres, Obama exaltou o momento atual, afirmando que este foi um "ano de transformações extraordinárias" no mundo.
O presidente citou a queda de ditadores na Tunísia e no Egito, os avanços na Líbia - que "tinha a mais longa ditadura do mundo" -, e mostrou preocupação com a Síria, defendo sanções ao regime de Bashar al-Assad, com o Iêmen e com o Bahrein, aliados importantes do governo americano.
Após Obama, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, subiu ao palanque e reforçou sua proposta para que os palestinos busquem apenas o status de Estado observador na ONU, enquanto um "mapa do caminho" para a paz, com duração de um ano, for estabelecido.
Sarkozy afirmou ainda que um veto do Conselho de Segurança à votação palestina poderia abrir um novo ciclo de violência no Oriente Médio.
Ainda nesta quarta-feira, discursarão os presidentes da Rússia, Dmitri Medvedev, e do Sudão do Sul, Salva Kiir Mayardit, à frente do país mais jovem da assembleia. O presidente afegão, Hamid Karzai, também falaria no mesmo dia, mas a morte de seu antecessor Burhanuddin Rabbani, num atentado, antecipou seu retorno.

Ban Ki-moon pede apoio a países da Primavera Árabe
Na abertura da sessão, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, pediu que os líderes mundiais evitem o surgimento de conflitos e ajudem as nações do Oriente Médio e do Norte da África que lutam por democracia. Ban destacou a Síria como motivo de "preocupação especial" entre os países envolvidos na Primavera Árabe.
Comentando o pedido de reconhecimento que será feito ao Conselho de Segurança na sexta-feira, o secretário-geral afirmou que os palestinos merecem ter um Estado, mas ponderou que Israel precisa de segurança. Ele também voltou a defender o diálogo, afirmando que o impasse sobre a retomada das negociações deve ser superado. Pressão sobre Obama também marca reunião na ONU
Iniciada com o pronunciamento da presidente Dilma Rousseff, a reunião na ONU não terá alguns de seus principais - e mais polêmicos - oradores e colocou no palanque um presidente americano acuado como há tempos não se via.
Em sua terceira vez no fórum, Obama terá pela frente ao longo dos três dias de reunião um panorama diferente do de 2009. Naquele ano, após quase uma década de relações complicadas entre ONU e o governo George W. Bush e com uma plateia esperando uma guinada, ele prometeu "uma nova era" e ganhou os líderes presentes logo nas primeiras palavras.
Agora, terá que lidar com, além de um crescente sentimento anti-ONU do Congresso americano, o delicado projeto palestino de tentar o reconhecimento de seu Estado. Na sexta-feira, quando a proposta for submetida a votação, o mesmo Obama que em 2010 disse que gostaria de um dia ver a Palestina como membro pleno nas Nações Unidas terá que usar o direito ao veto. Netanyahu, Abbas e a proposta palestina
Na sexta-feira, todas as atenções estarão voltadas para o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, que, depois de discursar, tentará elevar o status palestino na ONU de entidade para Estado. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, falará logo depois, provavelmente com um protesto pró-Palestina do lado de fora.
Os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança - EUA, Rússia, China, Reino Unido e França - estão divididos. Rússia e China apoiam a intenção palestina, enquanto França e Reino Unido devem se abster. Os EUA são contra o reconhecimento unilateral do Estado palestino, e basta um veto de um membro permanente para derrubar pleito.
Os votos dos membros rotativos Líbano, Brasil, Índia e África do Sul serão pró-Palestina. Para diminuir seu isolamento, os EUA pressionam os outros aliados europeus (Alemanha e Portugal) e a Colômbia, outro país próximo de Washington. As chances de conseguir os votos da Bósnia-Herzegovina, do Gabão e da Nigéria são pequenas, para os americanos.
Após a pausa para o fim de semana nos debates, o Conselho de Segurança se reunirá para discutir a questão síria, onde a violenta repressão a protestos já entra no sexto mês. Um representante do governo Bashar al-Assad terá a chance de discursar. Sem Chávez e Kadafi, mas com Ahmadinejad
Chefe de Estado mais controverso da Assembleia Geral, o iraniano Mahmoud Ahmadinejad terá a palavra na quinta-feira, quando deve fazer um discurso carregado de mensagens anti-Israel e pró-Palestina. Em seu sétimo ano no fórum, ele deve também abordar as revoltas no Mundo Árabe.
Em tratamento contra o câncer, seu amigo e aliado Hugo Chávez, que em 2006 disse que Bush cheirava a enxofre, anunciou que não irá a Nova York. Assim como o ditador Muamar Kadafi, que em 2009 se referiu ao Conselho de Segurança como o "conselho do terror" e neste ano, escondido, é caçado pelas tropas rebeldes na Líbia.
A Líbia será representada na Assembleia Geral por Mustafa Abdel Jalil, presidente do Conselho Nacional de Transição (CNT), que na semana passado ganhou o aval do Conselho de Segurança para participar da reunião.
Também prometendo discurso polêmico, o presidente boliviano, Evo Morales, chegou na terça-feira a Nova York criticando o que chamou de "conselho de insegurança" por aprovar a missão da Otan na Líbia.

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