sexta-feira, 25 de agosto de 2017

LAVA-JATO: PF prende dois ao cumprir novos mandados de busca e apreensão na Ponto Final

OGLOBO.COM.BR
POR DANIEL BIASETTO E JULIANA CASTRO

Pedido foi feito pelo MPF e aceito pelo juiz Marcelo Bretas

Agentes da PF carregam malote apreendido durante a Operação Ponto Final - Fabiano Rocha / Agência O Globo / 3-7-17

RIO - A Polícia Federal cumpre nesta sexta-feira novos mandados de busca e apreensão no âmbito da Operação Ponto Final, que investiga o pagamento de propina de empresários de ônibus a políticos do Rio. O pedido foi feito pelo Ministério Público Federal (MPF) e aceito pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio. Os mandados estão sendo cumpridos na Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor) e na RioCard TI, no Centro do Rio. Um funcionário e um diretor da entidade foram presos em flagrante porque estariam tentando esconder provas e computadores. Os nomes dos dois não foram divulgados. 
"Surgiram novos elementos que parecem indicar a melhor estruturação dos crimes cometidos no âmbito da mesma Organização Criminosa (ORCRIM) descrita, bem como o intenso auxílio da Fetranspor e RioPar TI para o sucesso do esquema delituoso", diz a decisão do juiz que determinou a ação.
Segundo os investigadores, a Fetranspor se utilizava do controle sobre os dados de toda a bilhetagem eletrônica do estado para gerenciar a arrecadação de dinheiro nas empresas de ônibus e o repasse de suposta propina aos agentes públicos. Funcionários informaram que existia um banco de dados, no qual seria possível verificar a ocorrência de eventuais discrepâncias entre os repasses. O MPF aponta ainda que os empresários empregavam as verbas dos bilhetes eletrônicos, obrigatoriamente repassadas para a Fetranspor para fomentar o caixa 2 que era usado para pagar as propinas a políticos.
"Ao que tudo indica, se está diante de empresários do setor dos transportes, que supostamente movimentaram, e continuam movimentando, por meio de suas empresas de ônibus e da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor), vultosas quantias direcionadas à organização criminosa, com o fito de manter privilégios no referido setor", escreveu Bretas.
A Fetranspor e a Riocard disseram que estão à disposição das autoridades.
EMPRESÁRIOS FORAM SOLTOS
No dia anterior à deflagração da Operação Ponto Final, a PF prendeu o empresário Jacob Barata Filho quando ele estava no Aeroporto Tom Jobim, para embarcar rumo a Portugal. De acordo com os investigadores, ele estava tentando fugir. A defesa do empresário nega. Na bagagem dele, foi encontrado um ofício com a ordem de Bretas determinando a quebra de seu sigilo bancário. Na operação, foram presos outros empresários de ônibus e o ex-presidente da Fetranspor Lélis Teixeira. Eles foram soltos por decisão no ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A decisão do ministro gerou polêmica, e a força-tarefa da Lava-Jato no Rio pediu a suspeição de Gilmar. Ele foi padrinho de casamento de Beatriz Barata, filha de Barata Filho. Os procuradores alegaram ainda que o empresário é sócio de Francisco Feitosa de Albuquerque Lima, cunhado do ministro, na empresa Auto Viação Metropolitana LTDA. O MPF do Rio cita também que o contato da mulher de Gilmar Mendes está na agenda telefônica do aparelho celular de Barata Filho. Outro argumento dos procuradores para pedirem a suspeição do ministro foi o de que a mulher de Gilmar, Guiomar, trabalha no escritório de Sérgio Bermudes, que "patrocina, em processos criminais da Operação Ponto Final, os interesses de pessoas jurídicas diretamente vinculadas aos beneficiários das ordens concedidas".

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