quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

POLÍTICA: PMDB reúne Executiva para barrar filiações de grupo pró-Dilma

OGLOBO.COM.BR
POR JÚNIA GAMA E SIMONE IGLESIAS

Reunião foi convocada às pressas pelo comando peemedebista

Deputado Leonardo Picciani foi destituído do cargo de liderança do PMDB na Câmara - Agência O Globo / Michel Filho

BRASÍLIA - Em meio à guerra entre as alas pró e contra o governo, que tem aprofundado a divisão interna no PMDB, a Executiva nacional do partido se reúne na manhã desta quarta-feira para barrar novas filiações que tenham o intuito de fortalecer o bloco, apoiado pelo Palácio do Planalto, que quer a volta do deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ) à liderança da bancada na Câmara.
A reunião, articulada pelo entorno do vice-presidente Michel Temer e convocada às pressas pelo comando peemedebista, votará requerimentos para obrigar que novas filiações de deputados e senadores ao partido passem por aprovação prévia da legenda. Com isso, busca impedir movimentação dos peemedebistas do Rio de Janeiro, que envolve, além das filiações, nomeações e exonerações de políticos no governo do estado e na prefeitura para obter os votos necessários para a volta de Picciani à liderança da bancada.
A mudança no regimento ocorre com o aval de Temer, que é também o presidente do partido. Na estratégia para dificultar a volta do grupo de Picciani ao comando do PMDB na Câmara, a Executiva proibirá a filiação automática de deputados ao partido, caso do deputado Altineu Cortês (PR-RJ). Sua saída do PR para o PMDB teve a participação direta da presidente Dilma Rousseff, que pediu ao PR que aceitasse perder Cortês para Picciani ganhar um voto e retomar a liderança. A tendência é que a operação seja frustrada hoje com a nova regra do partido, que foi criada sob o comando de Temer.
Aliado de Dilma, Picciani foi destituído por 35 dos 66 deputados da bancada. Em seu lugar, assumiu o deputado Leonardo Quintão (MG), que ainda não manifestou uma posição sobre o impeachment, mas avalizou o lançamento da chapa alternativa com integrantes do PMDB favoráveis ao processo contra a presidente.
Apesar da pressão de peemedebistas pelo rompimento imediato com o governo Dilma, entre eles, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a Executiva não deverá decidir na reunião de hoje a antecipação da convenção, marcada para março. Os mais entusiastas do desembarque do governo têm pedido a Temer que convoque a convenção para a última semana de dezembro para o partido começar 2016 rompido com Dilma.
AVALIAÇÃO DE CUNHA
Em almoço com líderes da base e outros aliados nesta terça-feira, Eduardo Cunha fez uma avaliação de que a ação da Polícia Federal ontem, que mirou basicamente a participação de integrantes do PMDB no esquema de corrupção na Petrobras, é um fator que deve fortalecer a tese de antecipação da convenção do partido.
Segundo relatos, Cunha comentou na reunião que o PMDB foi “alvo exclusivo” deste desdobramento da Lava-Jato e, mais uma vez, culpou o governo pelo que considera uma “seletividade” nas investigações. Até mesmo o nome com que foi batizada a operação – Catilinárias – mereceu comentário de Cunha, que considerou se tratar de um recado indireto o fato de Catilina ter sido um personagem “golpista” da República romana.
Mesmo com a postura de Michel Temer cautelosa com a possibilidade de antecipar uma postura do PMDB sobre o governo Dilma, há fatores que podem precipitar essa decisão. Aliados do vice-presidente afirmam que uma nova reunião da Executiva poderá ocorrer ainda esta semana, dependendo da decisão que o Supremo Tribunal Federal (STF) tomar quanto à legalidade ou não da sessão na Câmara que definiu em votação secreta a composição da Comissão do Impeachment.
Se o Supremo invalidá-la e a Câmara tiver que realizar nova sessão, a avaliação de peemedebistas da cúpula é que o grupo de Leonardo Picciani, que integra a ala pró-Dilma no partido, sairá fortalecido. A consequência disso seria uma radicalização daqueles que querem o desembarque imediato do governo, com aumento da pressão para que o PMDB se posicione.
Caso o Supremo não altere a decisão da Câmara e o retorno de Picciani à liderança fique inviabilizado, a tendência é que a cúpula do PMDB protele o máximo possível uma postura oficial do partido em relação ao governo, até que o cenário do impeachment esteja mais claro.
Temer disse a aliados ontem que é melhor manter a convenção somente para março de 2016, para tentar apaziguar os ânimos internos.
– Vamos ter que resistir (às pressões internas) – afirmou a um peemedebista da cúpula.

Comentários:

Postar um comentário

Template Rounders modificado por ::Power By Tony Miranda - Pesmarketing - [71] 9978 5050::
| 2010 |