terça-feira, 15 de dezembro de 2015

CASO PETROBRAS: PF faz busca nas residências de Cunha no DF e Rio, e de dois ministros

OGLOBO.COM.BR
POR JAILTON DE CARVALHO, FRANCISCO LEALI

Pedido de buscas foi autorizado pelo ministro do STF, Teori Zavascki, relator da Lava-Jato

Operações táticas da PF na residência oficial de Cunha - Francisco Leali

BRASÍLIA E RIO - A Polícia Federal cumpre na manhã desta terça-feira mandado de busca e apreensão na residência oficial do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em Brasília. A PF também tem ordem de busca e apreensão na casa de Cunha na Barra da Tijuca, no Rio. Ainda foram realizadas buscas nas residências do deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE), e dos senadores Edison Lobão (PMDB-MA) e Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), assim como em endereços do ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves e do da Ciência e Tecnologia, Celso Pansera, ambos do PMDB.
Segundo a GloboNews, o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, pediu autorização para busca e apreensão na residência oficial de Renan Calheiros, mas o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki negou.
A chefe de gabinete do presidente da Câmara, Denise Santos, também foi procurada por agentes. Eles passaram cerca de uma hora na Diretoria Geral, órgão que cuida da parte administrativa da Casa. Antes de cumprir a diligência, os agentes estiveram na Polícia Legislativa, que os acompanhou durante todo o trabalho facilitando, inclusive, que saíssem sem ter contato com os jornalistas.
Na residência oficial de Cunha foram apreendidos três celulares pertencentes ao presidente da Câmara. A PF apreendeu também ipad e laptop na casa de Cunha, segundo disse ao GLOBO uma fonte que acompanha o caso de perto. A mulher do peemedebista, Cláudia Cruz, está na residência oficial. Teori também autorizou devassa nos emails de Eduardo Cunha.
Estão sendo realizadas buscas também na casa do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, no Ceará, e em escritórios de advocacia e em empresas com contratos com a estatal. Machado foi indicado pelo cargo pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, também alvo da Lava-Jato.
A sede do PMDB em Alagoas, controlado por Renan, também está entre os locais procurados pela PF. Outro peemedebista que recebeu a visita da PF foi Nelson Bornier (PMDB-RJ), prefeito de Nova Iguaçu.
Já Henrique Alves é da cota do vice-presidente Michel Temer, enquanto Pansera foi indicado pelo ex-líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani, que está à frente do grupo partido contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Pansera foi acusado, no entanto, pelo doleiro Alberto Youssef, de "pau-mandado" de Cunha por, supostamente, não prejudicar o presidente da Câmara.
No total, 53 mandados de busca e apreensão em sete processos abertos a partir de inquéritos abertos no STF. Estão sendo cumpridos mandados em Brasília (9), São Paulo (15), Rio de Janeiro (14), Pará (6), Pernambuco (4), Alagoas (2), Ceará (2) e Rio Grande do Norte (1).
As buscas ocorrem na residência de investigados, em seus endereços funcionais, sedes de empresas, em escritórios de advocacia e órgãos públicos.
O corretor Lúcio Funaro, amigo de Cunha, também foi alvo das buscas em São Paulo. Funaro, um dos investigados no mensalão, mantém estreitas relações com o presidente da Câmara. Em recente entrevista ao GLOBO, Funaro chegou a dizer que tempos atrás deu dinheiro para campanha de um deputado a pedido de Cunha.
As medidas decorrem de representações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal nas investigações que tramitam no Supremo. Elas têm como objetivo principal evitar que provas importantes sejam destruídas pelos investigados.
Os investigados, na medida de suas participações, respondem a crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, organização criminosa, entre outros.
RUA ISOLADA
Em Brasília, dez agentes da PF estão do lado de fora da residência, e outros três carros do Centro de Operações Táticas (COT) isolam a pista que dão acesso à residência oficial de Cunha.
Todas as buscas foram pedidas pelo procurador-geral Rodrigo Janot e autorizadas pelo ministro Zavascki, do STF.

Viatura da PF na residência de Eduardo Cunha, na Barra da Tijuca - Gabriel Cariello/O GLOBO

No Rio, dois carros da PF e um da Procuradoria-Geral da República deixaram, por volta de 9h25, o condomínio onde vive Eduardo Cunha, na Barra da Tijuca. Houve buscas também no escritório de Cunha, no Centro do Rio. Agentes da PF que cumpriram mandado de busca e apreensão na casa do presidente da Câmara, no Rio, chegaram à superintendência da corporação, no Rio, às 10h20. Segundo um agente que participou da operação, não houve apreensão de computadores, apenas de documentos. Dois carros da PF foram usados na operação.
Policiais federais, acompanhados de procuradores da República, chegaram às 5h ao apartamento do ministro Celso Pansera, que fica no Parque Pauliceia, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Os agentes ficaram quase três horas na residência e saíram com documentos, computadores, pen drive e vídeos.
Apenas a esposa de Pansera estava no imóvel. Foram realizadas buscas num escritório do ministro, que fica menos de 100 metros da residência dele. Policiais federais saíram com documento e computadores. Segundo o delegado federal Ricardo de Carvalho, todo o material será levado para a sede da Polícia Federal, na Praça Mauá.
O procurador-geral pediu as buscas em endereços de Cunha a partir das investigações sobre o envolvimento do deputado em corrupção na Petrobras. Cunha é acusado de receber propina de US$ 5 milhões vinculada da contratação de dois navios-sondas da Samsung Heavy Industries pela Petrobras, um negócio de US$ 1,2 bilhão.
Segundo o blog de Lauro Jardim, trata-se de mais uma fase da operação, desta vez chamada de Catilinária, em referência a uma série de quatro discursos de Cícero, o cônsul romano, proferidos em 63 a.C., contra Catilina, um filho de família nobre que se aliara a comparsas para derrubar o governo republicano e obter riquezas e poder.
Cunha é alvo de três inquéritos na Lava-Jato, já denunciado em um deles.
DELATOR FALA EM PROPINA DE US$ 5 MILHÕES
Em 16 de julho passado, o consultor Júlio Camargo afirmou à Justiça Federal, nesta quinta-feira, que foi pressionado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a pagar US$ 10 milhões em propinas referentes a dois contratos de US$ 1,2 bilhão de navios-sonda, assinados pela Petrobras entre 2006 e 2007. Camargo prestou depoimento, gravado em vídeo, em oitiva no âmbito da Operação Lava-Jato. Segundo o delator, Cunha pediu US$ 5 milhões pessoalmente a ele.
Ao GLOBO, Cunha negou a acusação e afirmou que o delator é um “mentiroso”. O peemedebista também divulgou uma nota em que desafia o delator a provar as acusações e disse, mais tarde, que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, obrigou Camargo a mentir.
Ao entregar a defesa final do consultor Julio Camargo à Justiça, o advogado Antônio Figueiredo Basto afirmou que as pessoas que criticam seu cliente agem com a “lógica da gangue”. Figueiredo Basto disse, ainda, que seu cliente tem “justificado temor” do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e que o esquema da Petrobras maculou “diretamente o equilíbrio do processo eleitoral durante pelo menos três eleições”. (Colaboraram Gabriel Cariello e Marco Grillo)

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