quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

POLÍTICA: No Senado, Renan responsabiliza Temer por parte da crise política

FOLHA.COM
MARIANA HAUBERT, DE BRASÍLIA

Pedro Ladeira/Folhapress 
O presidente do Senado Renan Calheiros e o vice-presidente Michel Temer, ambos do PMDB

Tido como um dos principais e, ao mesmo tempo, um dos últimos aliados do governo, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), responsabilizou o vice-presidente da República Michel Temer por grande parte da crise política que assola o país.
Para Renan, o partido perdeu uma oportunidade de "qualificar sua participação no governo" porque, quando Temer assumiu a coordenação política do Planalto, no início do ano, ele se preocupou "apenas com o RH" –uma alusão direta à negociação de cargos feita pelo vice.
"O PMDB tem muita culpa. Quando foi chamado para coordenar o processo político, do governo, da coalizão, o PMDB se preocupou apenas com o RH. Eu adverti sobre isso na oportunidade", declarou.
"O PMDB perdeu a oportunidade de qualificar sua participação no governo. O governo tem culpa, mas o PMDB também tem muita culpa com o que está acontecendo", disse Renan, ao chegar ao Senado nesta quarta (16).
Questionado sobre a responsabilidade pela crise que o país atravessa, Renan foi explícito: "O presidente Michel é o presidente do partido. Se alguém tem responsabilidade com relação a isso, é o presidente Michel".
CARTA
Desde que o processo de impeachment foi de deflagrado, no início de dezembro, Temer iniciou um processo de afastamento da presidente Dilma Rousseff.
Na semana passada, o peemedebista enviou uma carta para a mandatária em que reclamou da falta de confiança dela e do seu entorno em relação a ele e ao PMDB. Ele chegou a dizer que passou os quatro anos do governo como um "vice decorativo".
Renan também comentou o episódio. "Aquela carta do presidente Michel, que muitos criticaram, a maior crítica que cabe a ela é que, em nenhum momento, ela demonstra preocupação com o Brasil", disse.
Desde então, Temer tem operado para distanciar o PMDB do núcleo central do governo. Ele trabalhou para a destituição do agora ex-líder do partido na Câmara, Leonardo Picciani (RJ) e deu aval à escolha do novo líder, Leonardo Quintão (MG).
A executiva da sigla se reuniu nesta quarta e, por ampla maioria, decidiu barrar filiações que sejam consideradas "oportunistas".
A estratégia visa frear a articulação apoiada pelo Palácio do Planalto para reconduzir Picciani à liderança da legenda. A decisão foi tomada por ordem de Temer.
"Fazer reunião para proibir. Um partido democrático, que não tem dono, que se caracteriza por isso, fazer reunião para proibir a entrada de deputado é um retrocesso que deve estar fazendo o doutor Ulysses tremer na cova", criticou Renan ao fazer referência a um dos principais líderes que o partido já teve, Ulysses Guimarães.
O ex-deputado, no entanto, não tem cova, pois morreu em um acidente de helicóptero que caiu no mar na região de Angra dos Reis (litoral sul do Rio). Seu corpo nunca foi encontrado. Em resposta às críticas de Renan, o vice-presidente, por meio de uma carta, disse que qualquer filiado do PMDB sabe que o corpo de Ulysses "repousa no fundo do mar".
A operação para barrar a filiação de deputados alinhados a Picciani no PMDB contou com o aval do vice-presidente Michel Temer. Aliados dele trataram a decisão como uma forma de "impedir uma intervenção do governo Dilma no PMDB".
Picciani, que se alinhou ao Planalto e se tornou um ponto de suporte à petista no Parlamento, foi destituído da liderança no início deste mês depois que a ala pró-impeachment do PMDB produziu um abaixo-assinado em que mais da metade da bancada reivindicava sua queda.
Ele, então, com o apoio do governo Dilma, acionou aliados em outros partidos que migrariam para o PMDB para apoiá-lo e reverter a maioria conquistada pela ala pró-impeachment. 

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