quinta-feira, 27 de novembro de 2014

ECONOMIA: Bolsa fecha em queda após anúncio de diretrizes da nova equipe econômica

OGLOBO.COM.BR
POR ANA PAULA RIBEIRO

Meta de superávit primário de apenas 1,2% do PIB em 2015 não agradou
SÃO PAULO - Apesar de muito aguardada, a primeira entrevista com a equipe econômica escolhida para o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff não agradou os investidores em um primeiro momento. O Ibovespa, principal índice do mercado acionário local, operava em leve alta, mas passou a cair logo após as primeiras diretrizes anunciadas por Joaquim Levy, que assume o Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa (Planejamento) e Alexandre Tombini (BC). O indicador fechou em queda de 0,68%, aos 54.721 pontos - na máxima do pregão, pela manhã, chegou a subir 1,75%. Já no mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em alta de 0,87% diante o real, a R$ 2,507 na compra e a R$ 2,509 na venda.
Na avaliação de Marco Aurélio Barbosa, analista da CM Capital Markets, essa reação imediata indica que os profissionais dos mercados financeiros aguardavam o anúncio de medidas mais concretas. Em sua opinião, uma meta de superávit primário (economia feita para o pagamento dos juros) de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) para 2015, como se comprometeu Levy, é baixa.
— Talvez, em um primeiro momento, ficou a impressão de que essa equipe não vai fazer todo o ajuste que precisa de uma só vez. Para o mercado, quanto mais rápido, melhor. Mas as notícias serão interpretadas de uma forma melhor com o tempo, quando tiver o anúncio de alguma medida, como a redução das desonerações — afirmou.
Ricardo Gomes da Silva Filho, economista da Correparti Corretora de Câmbio, afirmou que os novos ministros não se manifestaram de forma consistente. “Em função da inércia da trinca econômica ao não se posicionar de uma maneira mais consistente em relação às políticas de controle cambial e fiscal, o dólar intensificou ainda mais a sua valorização”, afirmou, em relatório a clientes.
Também em relatório, o banco Goldman Sachs considerou que a meta de superávit de 1,2% não é ambiciosa, mas é realista dado ao fraco quadro fiscal. “Na nossa avaliação, as novas autoridade fiscais serão desafiadas a apresentar um plano muito específico e crível para trazer o superávit primário do setor público consolidado para ao menos 3% do PIB em não mais que três anos.”
DECISÃO DA OPEP AFETA PETROBRAS E GOL
Antes da confirmação dos nomes da equipe econômica, a Bolsa já havia perdido o ritmo de alta com a decisão da Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep) em manter a produção diária do óleo em 30 milhões de barris ao dia. Os analistas avaliam que, com a manutenção, o preço do barril do petróleo continuará baixo, prejudicando as empresas produtoras. Os papéis preferenciais (sem direito a voto) fecharam em queda de 4,68%, a R$ 13,44, e os ordinários (com direito a voto) recuaram 3,91%, a R$ 12,75. Pela manhã, a alta nesses ativos era superior a 3%.
Por outro lado, as ações da Gol são beneficiadas diretamente por essa expectativa de queda ainda maior no preço do petróleo - os contratos do tipo Brent com entrega para janeiro caíram 6,34% nessa quinta-feira, a US$ 72,82 o barril. Os papéis da companhia área, que já operavam em alta, passaram a registrar forte valorização e fecharam em alta de 7,61%, a maior variação positiva do pregão entre as ações que fazem parte do Ibovespa. O operador de uma corretora local lembrou que, além da queda do preço do combustível, a empresa ainda se beneficia da depreciação do dólar nos últimos dias.
À ESPERA DA NOVA EQUIPE
Na avaliação de Alan Oliveira, analista da corretora Futura Invest, o principal vetor dos negócios dessa quinta-feira foi a confirmação do nome da nova equipe econômica e as sinalizações que os novos ministros devem dar sobre a condução da política econômica.
— O mercado deve continuar nessa tendência de alta. A entrevista vai direcionar muito do humor do mercado — afirmou.
Ari Santos, gerente de renda variável da corretora H.Commcor, lembrou ainda que a volatilidade dessa quinta-feira tem como justificativa a proximidade do fim do mês. Nesse período, os gestores fazem os ajustes nas carteiras de investimentos.
— Há a expectativa em relação aos novos ministro e também é virada de mês, e os gestores precisam ajustar as carteiras — afirmou, lembrando que a ausência dos investidores estrangeiros, devido ao feriado nos Estados Unidos, ajuda esse movimento.
As ações do setor bancário, que possui a maior participação na composição do Ibovespa, também começaram a cair após o início da entrevista. Os papéis do Itaú Unibanco recuaram 1,47%, Bradesco teve queda de 1,87% e as ações do Banco do Brasil registraram desvalorização de 1,04%. .
Já o adiamento da votação da flexibilização da meta do superávit contribui de forma negativa para os negócios na Bolsa. No mercado de câmbio, a influência negativa vem da China, que divulgou uma queda de 2,1% no lucro das empresas em outubro mais um indicativo da desaceleração da economia chinesa. Apesar da má notícia da China, as ações da Vale conseguiram se segurara. A expectativa de analistas é que, em 2015, a queda no preço do minério de ferro seja menos agressiva - nesse ano, a queda está em torno de 50%. Os papéis preferenciais fecharam estáveis e os ordinários caíram apenas 0,26%.
O giro financeiro ficou em R$ 4 bilhões, ante uma média de quase R$ 6 bilhões no mês. O volume foi baixo devido ao feriado do Dia de Ação de Graças nos Estados Unidos. Na Europa, os principais índices do mercado acionário fecharam em alta. O DAX, de Frankfurt, registrou alta de 0,60%. O CAC 40, da Bolsa de Paris, subiu 0,20%, e o FTSE 100, de Londres, fechou praticamente estável, com leve variação negativa de 0,09%.

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