segunda-feira, 10 de novembro de 2014

COMENTÁRIO: Dilema de Dilma

Por Paulo Guedes - O Globo
Do blog do NOBLAT

Dilma pensa que, por ter sido eleita por mais de 50 milhões de brasileiros, pode fazer o que quiser com a economia.
A presidente Dilma Rousseff está em uma encruzilhada. As escolhas feitas para a equipe econômica no primeiro mandato tiveram pífio desempenho. As suas digitais estão impressas no aumento da inflação, na perda dos fundamentos fiscais e na deterioração das contas externas.
A credibilidade perdida torna tudo mais difícil. Aumenta a “taxa de sacrifício”, que é o custo dos esforços de estabilização em termos de queda da produção e do emprego.
Para reverter essas expectativas adversas, Dilma deveria se comprometer com mudanças, indicando pessoas com quem não gostaria de trabalhar e que provavelmente também não gostariam de trabalhar com ela.
Perguntei a influente empresário que está sempre com ela por que não vai logo para um ministério. “Não ia dar certo, ela vai querer mandar e eu não costumo obedecer”, respondeu.
As destacadas atuações de Palocci e Meirelles foram uma demonstração do bom senso de Lula não apenas nas indicações dos responsáveis pelos assuntos econômicos, mas no próprio compromisso com a manutenção de bons fundamentos na economia. E exatamente aqui está o dilema que a presidente criou para si mesma.
Dilma pensa que, por ter sido eleita por mais de 50 milhões de brasileiros, pode fazer o que quiser com a economia. Politicamente está certa: o mandato é dela, e não do ministro da Fazenda ou do presidente do Banco Central.
Vem daí a importância da independência do Banco Central, como uma despolitização da moeda. Mas, como a economia não aceita desaforos, a verdade é que Dilma já usou esta prerrogativa no primeiro mandato e agora perdeu graus de liberdade na escolha. As expectativas, que já são desfavoráveis, podem piorar bastante.
Ao escolher paus-mandados, Dilma demonstrou ter consciência do poder político de seu mandato. Confiou excessivamente em sua precária formação de economista. Tornou-se, portanto, indissociável do equivocado rumo tomado pela economia.
A presidente tem de interditar a economista. O segredo de gestões bem-sucedidas no governo e nas empresas é a escolha de gente preparada para a formulação e execução das melhores estratégias.
Entre uma bem-sucedida administração pela busca dos melhores ou continuar cercada de servos obedientes no rumo errado, Dilma deveria ouvir Lula para não repetir Cristina Kirchner.
Banco Central do Brasil, edifício-sede em Brasília (Imagem: Site bcb)

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