quarta-feira, 21 de maio de 2014

ECONOMIA: Julgamento do STJ sobre poupança derruba a Bolsa no final do pregão

De OGLOBO.COM.BR
ANA PAULA RIBEIRO
RENAN DA ROCHA SETTI

Ibovespa operou em alta durante todo o pregão, mas não resistiu à queda das ações dos bancos
Dólar fecha em queda de 0,27%
SÃO PAULO E RIO - Após passar toda a quarta-feira em alta, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, perdeu o vigor e fechou em queda, influenciado, já nos momentos finais do pregão, com a notícia de que o julgamento no Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre a correção das cadernetas de poupança era desfavorável para os bancos. O temor de perdas bilionários para as instituições financeiras fez o índice recuar 0,31%, aos 52.203 pontos. Na máxima do dia, chegou a subir 0,97%.
O julgamento discutia o período sobre o qual deve incidir juros de mora para os poupadores da caderneta de poupança. A decisão que prevaleceu é desfavorável aos bancos, porque considera um período mais longo. Pior, pode elevar ainda mais as perdas de um outro julgamento, no Supremo Tribunal Federal (STF), que julga a constitucionalidade dos planos econômicos.
Na nova configuração do Ibovespa, são as instituições financeiras que possuem o maior peso. A maior queda foi registrada nos papéis Banco do Brasil, que recuaram 5,29%. Já as preferenciais do Bradesco (sem direito a voto) caíram 3,24% e as ordinárias (com direito a voto), 3,62%. As ações preferenciais do Itaú, que possuem a maior participação no índice, caíram 3,16%.
— O Banco do Brasil caiu mais porque são os bancos públicos que possuíam o maior volume de depósitos de poupança, então serão os mais afetados se a decisão for desfavorável — afirma o operador de uma corretora que falou sob a condição de anonimato.
Já o dólar apresentou recuo nesta quarta-feira, de 0,27%, a a R$ 2,2090 para a compra e a R$ 2,2110 para a venda - há seis semanas a moeda americana se mantém no intervalo entre R$ 2,20 e R$ 2,25.
O dia era de ganhos
A alta do Ibovespa durou praticamente todo o dia, mas começou a perder vigor no meio da tarde, pouco após a divulgação da ata da última reunião do Federal Reserve (o Fed, banco central americano). O documento mostra que as autoridades de política monetária dos Estados Unidos começaram a discutir no mês passado formas de elevar as taxas de juros de curto prazo, mas disseram que a discussão é apenas um "planejamento prudente".
Para o estrategista da FuturaInvest, Adriano Moreno, a situação no exterior tem sido de "calmaria", e que isso é uma contribuição positivo. Lembrou ainda que os indicadores no exterior operam em alta, o que faz com que a Bolsa brasileira andasse na mesma direção por praticamente todo o pregão.
— Há uma recuperação ainda lenta nos Estados Unidos, mas a grande preocupação é a China, como risco de uma bolha imobiliária. Ainda assim, diria que os ventos que sopram de fora são positivos para a Bolsa brasileira — diz.
Já as ações da Petrobras conseguiram fechar em alta. Os papéis ordinários (com direito a voto) da petrolífera subiram 1,60%. Já as ações preferenciais avançaram 1,15%. Na terça-feira, a estatal encerrou o dia em queda de mais de 3,5%, depois da notícia de que a presidente Dilma Rousseff conseguiu estancar seu declínio na próxima pesquisa eleitoral.
Ari Santos, gerente de mesa Bovespa da corretora H. Commcor, diz que o bom desempenho da petrolífera é a combinação de ações baratas (depois da queda forte de terça-feira), anúncio de dados positivos da companhia e o patamar mais baixo do dólar nas últimas semanas, o que reduz o endividamento da estatal. Na noite de terça-feira, a Petrobras confirmou a qualidade do poço de Sagitário, no pré-sal da Bacia de Santos.
— A Petrobras está segurando o índice no dente, digamos assim. Mas ainda não dá para saber se essa alta se sustentará. O Ibovespa começou a subir menos agora à tarde — disse Santos.
Após acumular perdas de quase 8% nos últimos quatro pregões, as ações preferenciais da Vale fecharam em alta de 0,38%. Já as ordinárias caíram 0,20%. Segundo a agência de notícias Bloomberg, os preços do minério de ferro subiram da mínima em 20 meses após a gigante australiana BHP alertar que a greve em um porto pode afetar operações da mineradora. A baixa da cotação do insumo vinha prejudicando o desempenho da companhia brasileira na Bolsa — o minério representou fatia de 56% do faturamento da empresa no primeiro trimestre.
Oferta de ações
As ações da gigante de alimentos JBS caíram 0,39%, após operar boa parte do pregão em alta. Na noite de terça-feira, a empresa entrou com pedido de oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da JBS Foods. A unidade engloba a operações da JBS Aves e a marca Seara. A empresa pretende listar-se no Novo Mercado, nível mais alto de governança corporativa da BM&FBovespa.
Uma fonte disse ao site do jornal “NYT” que o IPO deve levantar R$ 4 bilhões. Seria o primeiro IPO do ano na Bovespa, que só teve este ano uma emissão subsequente de cerca de R$ 15 bilhões da telefônica Oi, que faz parte da fusão da empresa com a Portugal Telecom.
As Bolsas americanas fecharam em queda. O índice Dow Jones subiu 0,97%; o Nasdaq, 0,85%. Os mercados asiáticos tiveram resultado misto. A Bolsa de Tóquio fechou em queda de 0,24%. A de Hong Kong fechou estável, com variação positiva de 0,01%.
No mercado interno, a principal notícia econômica deste pregão foi a prévia da inflação oficial, divulgada pelo IBGE. O IPCA-15 teve alta de 0,58% em maio, uma desaceleração na comparação com os 0,78% de abril. Mas a taxa foi maior que a registrada em maio do ano passado, quando o índice ficou em 0,46%. O acumulado do ano é de 6,31%, dentro da meta do governo, cujo teto é 6,5%.

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