Desde o fracasso do governo José Sarney, um peemedebista de eterna alma na ARENA (partido de sustentação da ditadura militar), e do insucesso das candidaturas presidenciais de Ulysses Guimarães e Orestes Quércia, o PMDB abdicou de disputar a presidência da República com candidato próprio. A estratégia peemedebista passou a ser a de desenvolver bem nos espaços intermediários do poder na República - municípios, Estados, assembleias legislativas, Câmara dos deputados e Senado - e acumular forças para ser um parceiro imprescindível de quem estiver ocupando o Palácio do Planalto. Assim, desde a saída de Sarney da presidência, apenas esporadicamente, e assim mesmo a muito contragosto, o PMDB militou na oposição em Brasília. E sempre atendeu prontamente ao chamado presidencial para se tornar um aliado, pouco importando quem e com quais razões. Portanto, para o partido o que importa, de fato, não é a eleição presidencial. Ele sabe que, fortalecido no conjunto, será chamado às bodas do poder. Óbvio que há sempre um peemedebismo de grife, vaidoso, que se apega a algumas circunstâncias de mais brilho que de poder de fato. São os que querem, por exemplo, alianças para garantir ao partido a vice-presidência da República numa chapa provavelmente vencedora. Não é o que pensa a maioria. A experiência atual desgastou o partido nesta linha : o fato de ter o vice Michel Temer na chapa de Dilma diminuiu a cota de poder no partido nos ministérios e órgãos públicos.
O eterno dilema do PMDB - 2
Os peemedebistas ao fazer as contas percebem claramente que tiveram muito mais força e influência com Lula, quando o vice era José Alencar, ex-peemedebista alojado em outro partido, do que agora que tem o vice instalado no Palácio do Jaburu. É este o grande drama que assola o PMDB que não faz parte da cúpula partidária : garantir a aliança nacional em detrimento dos interesses locais, que dão musculatura ao partido ou exigir do parceiro PT apoio nos Estados em nome da aliança nacional ? Os cálculos variam, mas em pelo menos 10 Estados, PT e PMDB estão ameaçando se estranhar. O PMDB considera que tem candidatos mais competitivos (com o "direito sagrado" de competir) e exige que o PT o apóie. Mas, o PT nem sempre está disposto a este "sacrifício". Sequer aceita que Dilma voe, na campanha, para outro palanque que não o do petismo. Um caso clássico é o do RJ, já tão decantado. Sérgio Cabral e o peemedebismo querem o apoio à candidatura do vice-governador Pezão e o PT (assim assegura seu presidente, Ruy Falcão), não abre mão da candidatura do senador Lindbergh Farias. Com mais ou menos ênfase, o problema aparece no RS, no CE, no ES, na BA, no AM, no PA, em MS, pode pipocar em Minas e está aquecido até no MA, com choques com a família Sarney, donatária do Estado.
Assim sendo...
O conjunto dos insatisfeitos peemedebistas com um pouco mais de 50% dos votos na convenção do partido está a postos para definir que aliança se fará. É mais ou menos explosivo, porque pode contaminar outras seções estaduais, pois há uma fadiga geral com o apetite petista. E que não é somente do PMDB. Há sempre um espaço para a acomodação. Mas as grifes peemedebistas terão de entrar em ação, pois elas serão as maiores prejudicadas se o partido se rebelar contra a aliança com o PT nacionalmente. E o PT também terá de ser mais generoso.
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