A Petrobras, mais uma vez, cumpriu o papel que a presidente Dilma e seus operadores políticos e econômicos esperavam : tornou viável a formação de um consórcio e assegurou que não desse "vazio" no primeiro leilão de licitação de exploração de um campo do pré-sal, o de Libra, na Bacia de Santos. Afinal, por garantia de lei uma participação mínima no negócio, ela não precisa participar de nenhum consórcio. Além disso, aumentou sua "cota" de 30% para 40% e, assim, foi decisiva para trazer outras petroleiras para o negócio. O fantasma do fracasso rondou o leilão e não fosse a estatal brasileira, com grande sacrifício, como se verá, o negócio poderia não ter saído. Quem acompanhou o leilão e depois seus desdobramentos, com as festas da presidente Dilma e do ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, não deixou de perceber a alegria contida da presidente da Petrobras, Graça Foster. É certo, segundo todas as indicações, que ela é uma pessoa extremamente dedicada ao trabalho e muito contida - exceto no carnaval, quando desfila no Sambódromo. Mas o contraste entre o bate bumbo oficial e sua contida euforia causou certa estranheza.
A Petrobras, em choque e sem cheque? - 2
As explicações vieram depois, ao longo dos dias que se seguiram à segunda-feira do leilão. Logo na terça-feira, ela teve uma reunião de quatro horas com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o dono do cofre Federal, e também presidente do Conselho de Administração da empresa que ela dirige. Saiu de lá garantindo que a Petrobras não precisará de um aumento da gasolina e do óleo diesel para pagar sua parte no bônus de assinatura do contrato de Libra, em novembro, de R$ 6 bilhões (40% de R$ 15 bilhões). Para entender: há meses - e põe meses nisto - Graça e sua equipe vêm lutando, insana e inutilmente, para conquistar um reajuste nos combustíveis e reforçar o caixa da estatal. Sempre negado em nome da política de controle da inflação, comandada por Dilma-Mantega. No dias seguintes, numa longa e esclarecedora entrevista à jornalista Miriam Leitão e na divulgação (sexta-feira) dos resultados da Petrobras no terceiro trimestre deste ano, ficou mais evidente as razões do pouco riso de Graça na segunda-feira, quando foi batido o martelo do campo de Libra num hotel na Barra da Tijuca no RJ.
A Petrobras, em choque e sem cheque? - 3
Vejamos o que se vê da divulgação de resultados do terceiro trimestre da estatal :
1. O lucro da empresa no período julho/agosto/setembro de 2013 foi 39% menor que nos mesmo período do ano passado e 45% inferior ao do trimestre encerrado em junho. Ficou bem abaixo de todas as previsões do mercado.
2. A Petrobras teve de engolir o calote da Venezuela na refinaria de Abreu e Lima em PE. Parceria acertada ente Lula e Hugo Chávez, ela não contou com um único centavo venezuelano, de sua parte de 40% no negócio. Agora vai ter de bancá-la sozinha, e com um orçamento muito mais elevado. É outra ferida em seu caixa.
3. No documento explicando os resultados, a empresa propõe a criação de uma política objetiva e definitiva para correção dos preços dos combustíveis, para evitar defasagens como a de agora, que minam o seu caixa. Ou seja, nas condições atuais pagar o bônus vai ser sacrifício.
4. Segundo uma reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo", com base nos dados do relatório dos resultados do trimestre passado, o pagamento de sua parte no "bônus" de Libra vai ser consumido. O que é pesado para quem já tem uma série de compromisso assumidos e inadiáveis.
A Petrobrás entrou em Libra gastando mais fôlego do que tinha. Não resta dúvida que vai ter de se desdobrar e ser mais bem tratada pelo governo para dar conta de tudo.
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