segunda-feira, 28 de outubro de 2013

ECONOMIA: Ações da Petrobras têm alta expressiva com sinalização de política de preços; dólar cai e vale R$ 2,18

De OGLOBO.COM.BR
JOÃO SORIMA NETO (EMAIL)

Lucro da companhia caiu 45% no terceiro trimestre na comparação com o trimestre anterior
SÃO PAULO - As ações da Petrobras apresentam as maiores altas da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e sustentam a alta do Ibovespa, principal índice do mercado de ações brasileiro. Após divulgar seus resultados do terceiro trimestre na sexta-feira, a empresa sinalizou que estuda uma solução para a defasagem do preço do petróleo importado, que foi determinante para o resultado negativo no período. Os papéis ordinários abriram com valorização de 4,62% e, às 12h38m, subiam 7,86% a R$ 18,66, a maior alta do pregão. As ações preferenciais (PN), que iniciaram o dia em alta de 5,62%, subiam 5,73% a R$ 19,56, às 12h35m, a segunda maior valorização do pregão. Na Bolsa de Nova York, os American Depositary Receipts (ADRs), títulos equivalentes a ações da Petrobras, sobem 6,73% cotados a US$ 16,98.
No mesmo horário, o Ibovespa subia 0,69% aos 54.529 pontos e volume negociado de R$ 2,5 bilhões, limitado pela queda das ações da OGX Petróleo.
- O mercado gostou da informação de que a empresa estuda uma política que alinhe os preços do mercado internacional com o mercado doméstico. Mas é preciso lembrar que a metodologia deverá ser aprovada dia 22 e o ministro Guido Mantega, que é presidente do conselho da Petrobras, pode vetá-la - analisa Luiz Roberto Monteiro, operador da corretora Renascença.
O governo admite que o preço da gasolina está defasado, mas o reajuste dos combustíveis vinha sendo adiado para evitar pressões inflacionárias.
O diretor financeiro e de Relações com Investidores da Petrobras, Almir Barbassa, disse que essa política preços já foi aprovada pela diretoria e que os parâmetros podem ser ajustados. Ele disse que trabalha para estar com a nova política implementada inteiramente até a data anunciada, 22 de novembro. Mas analistas questionam o fato de a metodologia ter que ser aprovada pelo Conselho Administrativo da Petrobras.
Segundo Luiz Roberto Monteiro, a informação da criação de uma política de preços para a Petrobras se sobrepõe ao resultado da companhia no terceiro trimestre, que foi péssimo e abaixo do esperado pelo mercado. Analistas esperavam um número mais próximo de R$ 5 bilhões de lucro.
- Os números foram horrorosos - diz Monteiro.
Já as ações da petrolífera OGX do empresário Eike Batista despencam 13,79%, negociadas a R$ 0,25, apresentando a maior queda do Ibovespa. O mercado acredita que a empresa pode entrar com pedido de recuperação judicial esta semana, quando termina o prazo para que a empresa chegue a um acordo com credores internacionais. Este mês, a empresa deixou de pagar US$ 45 milhões em juros a credores internacionais. Se o acordo não acontecer, a OGX será declarada inadimplente. A OGX informa que as negociações ainda estão abertas.
Os papéis da empresa chegaram a ficar 20 minutos em leilão, nesta manhã, com a queda acentuada.
Lucro da Petrobras caiu 45% no terceiro trimestre
Na sexta-feira, a Petrobras informou que registrou queda de 45% no lucro líquido do terceiro trimestre, para R$ 3,39 bilhões, na comparação com o segundo trimestre. Na comparação com o mesmo período do ano passado, a queda foi de 39%. A companhia afirmou que a queda nos resultados tem relação com a defasagem nos preços de derivados no Brasil, refletindo maiores cotações internacionais e desvalorização cambial. A importação de derivados pela Petrobras cresceu 90% no trimestre.
Mas a companhia divulgou que a diretoria executiva preparou uma metodologia de precificação para que se tenha maior previsibilidade do alinhamento dos preços domésticos do diesel e da gasolina aos preços internacionais. Esta metodologia já foi apresentada ao conselho de administração e o dia 22 de novembro foi o prazo estabelecido para que ela fosse aprovada. A notícia anima dos investidores.
Em relatório, o banco BTG Pactual afirma que "o governo brasileiro parece ter finalmente percebido o senso de urgência que deve ser dado aos problemas da Petrobras antes que eles se tornem ingerenciáveis". Com a nova política de preçõs, o banco retirou a perspectiva negativa para as ações da Petrobras em novembro, mas manteve a recomendação 'neutra', esperando definições para que seja implantada a nova política de preços.
O analista do Bank of America (BofA) Merrill Lynch, Frank McGann, avalia, em relatório, que a discussão de um mecanismo para aumentar a convergência entre os preços internacionais e nacionais dos combustíveis aumenta a transparência de resultados da Petrobras e diminui a percepção de risco em relação à empresa.
- Acreditamos que se a metodologia de preços for implementada, isso será positivo para a companhia. Porém, o resultado veio bem abaixo do esperado pelo mercado. O grande vilão foi o maior custo com aquisição de petróleo importado, decorrente da apreciação do dólar frente ao real, associado à elevação do preço do produto no exterior. A maior participação de derivados importados no mix de vendas da empresa determinou o aumento do resultado negativo. E o endividamento é outro ponto que preocupa - diz o estrategista William Alves, da XP Investimento em relatório divulgado nesta manhã.
No início deste mês, a agência de classificação de risco Moody's rebaixou os títulos da Petrobras – e os colocou em perspectiva "negativa". Entre as razões que levaram ao rebaixamento, estão o alto endividamento e problemas de caixa. De acordo com a Moody's, a relação dívida-lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortização (o resultado operacional da companhia) é de 3,8 vezes. Na prática, isso significa que as dívidas da petrolífera são quase quatro vezes mais altas que a sua capacidade de gerar caixa. É o indicador mais alto entre as companhias de petróleo, segundo a Moody's. A agência, porém, avaliou que a Petrobras tem grandes reservas de petróleo, um significativo potencial de crescimento e "apoio implícito" do governo.
Entre as demais ações mais negociadas do Ibovespa, Vale PNA sobe 0,89% a R$ 32,54; Itaú Unibanco PN tem alta de 0,36% a R$ 33,12 e Bradesco PN se desvaloriza 0,09% a R$ 32,15.
O mercado também analisa o boletim Focus, elaborado pelo Banco Central com as estimativas para a economia. O Focus trouxe estabilidade nas expectativas para o IPCA deste ano, em 5,83%, e queda para o ano que vem de 5,94% para 5,92%. As projeções para o crescimento da economia também ficaram estáveis para 2013, em 2,50%, mas para 2014 caíram de 2,20% para 2,13%.
BC fará dois leilões de dólares
No mercado de câmbio, o dólar comercial abriu os negócios desta segunda-feira em queda e às 12h38m se desvalorizava 0,09% sendo negociado a R$ 2,185 na compra e R$ 2,187 na venda. Na máxima do dia, a moeda americana foi negociada a R$ 2,190 e na mínima bateu em R$ 2,183.
O Banco Central realiza nesta segunda-feira dois leilões de swap cambial. O primeiro aconteceu das 9h30 às 9h40, e ofereceu 10 mil contratos que totalizam US$ 500 milhões. Esse leilão faz parte do programa de intervenções no mercado para reduzir a volatilidade, anunciado em agosto. Já o segundo leilão, será realizado entre 14h30m e 14h40m, com oferta de 20 mil contratos totalizando US$ 1 bilhão. Serão negociados contratos que vencem no dia 1º de novembro.

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