quarta-feira, 7 de agosto de 2013

ECONOMIA: Dilma quer evitar ‘movimentos bruscos’ diante de mais um ‘pibinho’

Do ESTADAO.COM.BR

Presidente orienta ministros para que evitem tensões com empresários, políticos e sindicatos
Mauro Zanatta, do Estadão

BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff está empenhada em reverter parte dos desgastes mais recentes de sua gestão. Em conversas reservadas, tem orientado seus principais ministros e operadores políticos a evitar "movimentos bruscos" que provoquem mais tensão com empresários, trabalhadores, sindicatos, movimentos sociais e a base de apoio parlamentar. Ela própria já iniciou esforço de aproximação com líderes da coalizão governista no Congresso ao receber nesta semana, no Planalto, deputados e senadores aliados.
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Em relatos mais realistas ouvidos de auxiliares da presidente, parte do governo admite que 2013 não produzirá resultados vistosos ou expressivos o suficiente para manter uma posição negociadora favorável a Dilma neste ano. A partir de abril, quando ficaram mais evidentes os estragos da inflação na economia, começaram a ruir as previsões otimistas para o ano.
Agora, o Planalto trabalha com um cenário bem menos animador. Em resumo: crescimento máximo do Produto Interno Bruto (PIB) a 2%; inflação ao redor de 6%; nova "banda" de flutuação para o dólar, agora na casa dos R$ 2,30; superávit primário de 2% e juros básicos entre 9% e 9,5% em dezembro.
Diante da situação pouco animadora, a ordem é evitar "ruídos", esfriar os ânimos e restringir os contenciosos ao essencial nesta reta final de um ano difícil para o governo na economia e bastante tumultuado na política. "Este ano não é nada parecido com 2010, que tinha 2011 em seguida. "Agora, o que tem é 2014", disse ao Estado uma graduada fonte oficial. É uma referência ao vigoroso salto de 7,5% no PIB de 2010, quando o País viveu o auge da recuperação da crise global de 2008 no último ano de mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. No ano seguinte, porém, o PIB fraquejou, crescendo 2,7%. "Agora, se repetirmos isso, está bom demais", arremata uma autoridade.
Imagem. Na avaliação mais atual do Planalto, é desnecessário, "e perigoso", alimentar projetos cujo significado simbólico cause mais danos à avariada imagem da gestão. Nessa lista, estão a rejeição à redução de direitos de trabalhadores e a propostas que levantem novas dúvidas sobre a qualidade das contas públicas.
Por isso, a "prioridade zero", informa uma autoridade, é colocar em prática programas de forte apelo popular, como Mais Médicos, Pronatec (ensino técnico) e Brasil sem Miséria. Na política, a prioridade é liberar os R$ 6 bilhões das emendas parlamentares e manter a conversa periódica com o líderes governistas no Congresso.
A intenção declarada, segundo esse relato, é manter o país em uma "posição intermediária" na economia. Já que não será possível crescer muito, melhor será fazê-lo sem correr grandes riscos nem levantar muita poeira. A inflação, avalia-se, ficará sob controle neste segundo semestre. Salvo por um problema climático que afete os preços das commodities agrícolas.
Crescimento adequado. O PIB, mesmo ficando abaixo das previsões otimistas do ministro da Fazenda, Guido Mantega, deve ajudar Dilma a entrar o ano das eleições em um ritmo "mais adequado e realista", em sintonia com o desempenho da economia global. O Planalto aposta, ainda, na retomada da confiança de empresários e consumidores na economia.
Alguns índices já apontariam, segundo o governo, para uma ânimo renovado da população. Vista como centralizadora e pouco afeita às negociações políticas cotidianas, a presidente Dilma tenta agora evitar uma piora na "conflagração", segundo expressão corrente no Planalto, da coalizão governista no Congresso. Dilma teme a derrubada de vetos presidenciais a projetos que oneram as contas públicas já em sérias dificuldades.
Além disso, está marcada para 30 de agosto uma greve geral convocada pelas centrais sindicais que, mesmo desidratadas, realçam a piora da relação do governo do PT com sua base social. Há, ainda, preocupação com o sucesso do programa de concessões de infraestrutura e sua ligação com as dificuldades para estimular o crescimento econômico.
Nessa mesma linha de driblar "ruídos", está em curso um esforço para evitar novas manobras contábeis na tentativa de recuperar a credibilidade e a confiança nas contas oficiais. Há objetivos essenciais, de curtíssimo prazo, como evitar rombos ao Tesouro derivados da derrubada de alguns vetos presidenciais, como o que manteve a multa adicional de 10% do FGTS nas demissões sem justa causa.

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