quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

POLÍTICA: Executivos do BB eram principais interlocutores de Rosemary em SP

Da FOLHA.COM
PAULO GAMA / MARIO CESAR CARVALHO, DE SÃO PAULO

Executivos de alto escalão do Banco do Brasil eram os interlocutores mais frequentes de Rosemary Noronha, ex-chefe do escritório da Presidência em São Paulo, segundo a agenda dela, obtida pela Folha por meio da Lei de Acesso à Informação.
Rose, amiga íntima do ex-presidente Lula por 19 anos, foi indiciada pela Polícia Federal sob suspeita de formação de quadrilha e tráfico de influência na Operação Porto Seguro.
Entre 2007 e 2012, a agenda de Rose registra 39 reuniões com executivos do BB, sobretudo vice-presidentes.
Os irmãos Paulo, Rubens e Marcelo Vieira, também indiciados na operação, aparecem em segundo lugar em número de citações na agenda, com 35 reuniões --29 delas no escritório da Presidência.
Julia Moraes - 27.nov.2008/Folhapress
Rosemary Noronha, ex-assessora da Presidência

Dos executivos do BB, Ricardo Oliveira, que foi vice-presidente até maio de 2012, é o visitante mais frequente - aparece em 17 reuniões.
Oliveira disse à Folha que Rose apenas agendava encontros com o então presidente Lula. Segundo ele, um dos assuntos que tratou com o ex-presidente foi a compra da Nossa Caixa, em novembro de 2008, por R$ 5,38 bilhões. Ele afirma que é fantasiosa a versão de que Rose ajudou nesse negócio. "Ela não tinha participação no conteúdo das reuniões".
Também são citados encontros com Ricardo Flores, José Luís Salinas, Paulo Oshiro e Alencar Ferreira, todos do Banco do Brasil.
Ferreira, que foi da Companhia de Seguros Aliança, coligada do BB, é citado na agenda de Rose em uma reunião de julho de 2010.
Ele era acusado à época de ter produzido um dossiê contra Marina Mantega, filha do ministro da Fazenda, Guido Mantega. No documento apócrifo, Marina é acusada de fazer lobby a favor de empresários usando a sede paulista do BB - o escritório da Presidência onde Rose despachava fica no mesmo prédio.
Ferreira sempre negou ter atuado na montagem do dossiê contra Mantega.
O dossiê foi interpretado no governo como uma chantagem contra o ministro por causa das disputas para nomear o presidente da Previ, o fundo de previdência do BB, que à época administrava recursos de R$ 150 bilhões.
Dentro do BB, havia a suspeita de que Rose teria ajudado a produzir o dossiê junto com sindicalistas bancários porque tinha acesso às câmeras de segurança do prédio.
Rose conseguiu alguns favores do BB. Em 2010, a Cobra, braço tecnológico do banco, contratou sem licitação a empreiteira do atual marido dela, João Vasconcelos, por R$ 1,12 milhão para reformar um prédio.
A Cobra era uma área de influência de Salinas, vice-presidente de tecnologia do BB até junho de 2010, recebido por Rose seis vezes. Ele também foi afastado do cargo por causa do dossiê.
Rose também conseguiu que seu ex-marido, José Claudio, fosse nomeado suplente do conselho da empresa de previdência privada do BB.
A agenda registra ainda encontros de Rose com sindicalistas, empresários e representantes de veículos de comunicação.
OUTRO LADO
O Banco do Brasil disse em nota à Folha que a relação com Rosemary Noronha "sempre foi estabelecida de forma institucional".
Segundo o banco, o escritório da Presidência "funciona na sede do BB na capital paulista, fato que por si só gera a necessidade de frequentes contatos protocolares, relativos à própria administração do órgão".
Celso Vilardi, advogado de Rosemary, afirma que os encontros com executivos do BB faziam parte do trabalho dela na Presidência. "Isso é natural porque eles trabalhavam no mesmo prédio".
Ele disse desconhecer a suspeita de que Rose teria ajudado a produzir o dossiê contra Marina Mantega.
O advogado de Paulo Vieira, Leônidas Scholz, não quis comentar os encontros.
Ricardo Oliveira diz que Rose só agendava reuniões dele com o então presidente Lula. "Ela nunca entrou no mérito do assunto que seria tratado nos encontros. Ela nem teria condições técnicas de discutir a compra de um banco como a Nossa Caixa".
Ricardo Flores, hoje presidente da Brasilprev, afirma que sua relação com Rose sempre foi "institucional", "em função dos cargos que ocupei em diretoria colegiada no Banco do Brasil".
A Folha procurou Alencar Ferreira por e-mail, mas não obteve resposta. A reportagem deixou recado no celular do advogado de Rubens Viera, Fauzi Achoa, mas ele não ligou de volta.

Comentários:

Postar um comentário

Template Rounders modificado por ::Power By Tony Miranda - Pesmarketing - [71] 9978 5050::
| 2010 |