segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

MUNDO: Oposição a Chávez conclama militares a impedir adiamento da posse


De OGLOBO.COM.BR
COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

MUD discute a crise política da Venezuela e já aponta rivalidade entre o vice, Nicolás Maduro, e o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello
Data estabelecida pela lei para a posse é o próximo dia 10
Simpatizantes do presidente venezuelano Hugo Chávez do lado de fora da Assembleia Nacional que reelegeu Cabello como presidente, no sábado - AFP

CARACAS - Defendida nos últimos dias pela cúpula do chavismo, a possibilidade de extensão do atual mandato do presidente Hugo Chávez - em estado grave em Havana - foi ontem expressamente rejeitada pelos partidos oposicionistas reunidos na Mesa da Unidade Democrática (MUD). A coalizão se reuniu a fim de discutir a crise política do país e, para seus líderes, as incertezas geradas pela longa internação do mandatário já suscitam uma rivalidade camuflada entre os líderes governistas, divididos entre aliados do vice-presidente Nicolás Maduro e do presidente da Assembleia Nacional (AN), o deputado Diosdado Cabello. A oposição, por isso, conclamou as Forças Armadas a atuarem como “guardiãs da Constituição”, fazendo respeitar a data estabelecida pela lei para a posse: o próximo dia 10.
Nada indica que Chávez deva se recuperar até quinta-feira, quando inicia-se sua nova gestão. Seu delicado estado de saúde tem gerado múltiplas interpretações da Carta Magna. Maduro insiste que a cerimônia de posse é uma mera “formalidade”, uma vez que Chávez, vitorioso na última eleição, já está à frente do país. Para os oposicionistas, porém, na ausência do mandatário, Cabello deve assumir interinamente o poder na Venezuela, como estabelece a Constituição no caso de ausência do presidente.
- Existe uma regra muito clara na Constituição: quando um presidente eleito não pode apresentar-se, o poder passa para outra autoridade eleita pelo povo, que é o presidente da AN - defendeu o deputado Julio Borges, líder do Primeiro Justiça, partido integrante da MUD. - O medo que Maduro tem de Cabello é de tal magnitude que ele não se atreve sequer a deixá-lo encarregado do poder, por não haver confiança nele.
Igreja católica preocupada
Cabello foi reeleito anteontem presidente da Assembleia. Ele e Maduro tentam mostrar unidade como herdeiros políticos do chavismo. Após a sessão do Legislativo, Cabello, rodeado por aliados, abraçou o vice-presidente e o chamou de “meu irmão” e “camarada”, afirmando que ambos eram “filhos de Chávez”. Para a MUD, a demonstração de unidade não passou de um ato orquestrado.
- (A sessão da AN) foi um grande show do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, de Chávez) para mostrar uma suposta unidade que não existe - definiu Borges. - O abraço de Maduro e Cabello foi fabricado. Abraçam-se até poderem apunhalar-se.
Para o líder oposicionista, Maduro ampara-se em uma contradição. Ao mesmo tempo em que o vice-presidente reconhece que no dia 10 termina um governo e começa outro, pede para o mandato ser prolongado.
Segundo os líderes da MUD, os aliados chavistas agravam a incerteza que ameaça o futuro político da Venezuela ao ventilarem diversas interpretações para a Constituição. A falta de informações do estado de saúde de Chávez é outro motivo de controvérsias.
- Enquanto o presidente está enfermo em Havana, eles (os chavistas) travam um conflito pelo poder na Venezuela - protestou Borges. - Tentam emplacar a tese de que o juramento do presidente eleito não é importante, que trata-se de uma mera formalidade e, portanto, poderia ser realizado depois. Eles (os chavistas) sustentam esta ideia devido a um problema interno. Tentam negar a todo custo que o próximo presidente interino seja Cabello.
A indecisão política do país invadiu até a pauta de debates religiosos. A Conferência Episcopal Venezuelana, cuja plenária inicia-se hoje, incluiu a sucessão chavista em seu encontro sobre a fé católica. Até sexta-feira, quando encerra suas discussões, os bispos devem discutir o câncer que acomete Chávez e a reeleição de Cabello na AN. Para as autoridades do clero venezuelano, o país está dominado pela incerteza e pela inércia: “Não há nada claro na estrutura do governo nacional”, alertaram, em nota. “Tudo está paralisado, nada se sabe sobre os projetos. A possível ausência do presidente Hugo Chávez à sua posse, prevista para o dia 10, gerou todo este panorama. Neste contexto, a Igreja tem o dever cristão e moral de assumir um papel de mediadora”.
Diante do cenário político do país, os bispos cogitaram suspender a assembleia episcopal ou adiá-la, segundo a nota. “No entanto, impôs-se a colocação de que a agenda pastoral não deve subordinar-se à política”.
Esportistas rezam por Chávez
Ontem, vários esportistas venezuelanos rezaram pela recuperação do presidente. Os pilotos Pastor Maldonado, da Fórmula Um, e Ernesto José Viso, da Fórmula Indy, estão entre os chavistas que assistiram a uma missa no centro de Caracas. Vestidos com jaquetas com as cores da bandeira do país, eles estavam nas fileiras mais próximas do altar. Maldonado, patrocinado pela empresa estatal petroleira PDVSA, declarou-se confiante de que Chávez poderá recobrar logo a saúde e voltar ao país.
- Espero que ele esteja aqui muito rapidamente, compartilhando conosco - acreditou.
Já Viso declarou que, como milhões de outros seguidores de Chávez, tem “muita fé de que ele está se recuperando”.
Chávez não aparece em público desde o dia 11 de dezembro, quando foi a Havana submeter-se à quarta intervenção cirúrgica para combater um câncer na pélvis. Segundo o governo venezuelano, o mandatário teve uma séria infecção pulmonar e também recebe tratamento devido à sua insuficiência respiratória, mas estaria se recuperando. Informações de outras fontes, no entanto, indicam que o estado de saúde do presidente é grave.
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