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Papéis do setor se desvalorizam com temor de racionamento
SÃO PAULO - Nem bem se recuperaram do baque sofrido pela mudança do modelo de concessões imposta pelo governo federal, no ano passado, as ações de empresas do setor elétrico, como Eletrobras, Transmissão Paulista, Cesp, Copel, Cemig e Eletropaulo, estão sendo golpeadas novamente na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), diante do fantasma de racionamento de energia. Levantamento feito pela consultoria Economática mostra que, só nesta segunda e terça-feira, as ações ordinárias (ON, com direito a voto) da Eletrobras acumulam queda de 12,37%. Já os papéis preferenciais (PN, sem direito a voto) da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista já caíram 8,02% nos dois dias.<
As ações vinham sofrendo desde setembro, quando a presidente Dilma Roussef anunciou a antecipação da renovação das concessões que venceriam em 2015 e 2017, criando mecanismos para redução das tarifas de energia elétrica em 20%, em média. Eletrobras ON, por exemplo, caiu 7,85% em setembro de 2012 após o anúncio do novo modelo de concessões feito no dia 6 daquele mês pela presidente Dilma em pronunciamento em rede nacional de TV. Em outubro, esses papéis despencaram 31,39% e em novembro a desvalorização foi de 17,15%. Já em dezembro, quando a Eletrobras anunciou a adesão ao plano para baixar tarifas, as ações ON da companhia subiram 10,43%. Considerando todo o ano passado, os papéis ON da Eletrobras se desvalorizaram 51,59% e a empresa perdeu R$ 16,8 bilhões em valor de mercado.
As ações de empresas do setor elétrico são tradicionalmente boas pagadoras de dividendos. Mas com o novo modelo proposto pelo governo para reduzir tarifas e a perspectiva de queda de receita dessas companhias, os investidores venderam esses papéis e migraram para outras ações de empresas que também pagam dividendos, como CCR e Sabesp — explica Roberto Althofen, analista da Empiricus Research/Investmania.
No caso da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista, os papéis despencaram 13,61% em setembro do ano passado, caíram mais 3,99% em outubro, em novembro subiram 5,57% e em dezembro voltaram a se valorizar 6,67%. Mas, no ano de 2012, as ações PN acumularam desvalorização de 39,71%.
As ações ON da Cesp perderam 12,15% em setembro e em outubro amargaram baixa de 17,22%. No mês de novembro, esboçaram uma recuperação e se valorizaram 10,67%, reduzindo um pouco o prejuízo. Mas, em dezembro, os papéis voltaram a cair 6,06%, após a empresa rejeitar a adesão ao novo modelo proposto pelo governo. No ano passado, esses papéis encerraram com queda de 36,60%. Já no pregão desta segunda e terça-feira, as ações ON da empresa perderam 2,68%.
Com a Copel o movimento foi o mesmo. Os papéis PNB da empresa caíram 14,37% entre setembro e outubro do ano passado. Em novembro, subiram, 11,23%, amenizando as perdas do período. Mas em dezembro voltaram a cair 4,21% e encerraram 2012 com perda de 22,32%. As ações PN da Cemig caíram 1,14% em setembro do ano passado, mas em outubro e novembro se valorizaram 8,32%. Em dezembro, perderam 6,24% e no passado o retorno foi positivo em 23,53%. Este ano, os mesmos papéis já se desvalorizaram 7,17% entre ontem e hoje. As ações PN da Eletropaulo subiram 26,67% em novembro do ano passado, após uma queda acumulada de 33,87% entre setembro e outubro. Mas em dezembro, voltaram a cair 7,86%. No ano, tiveram desvalorização de 47,40%. Este ano, no pregão desta segunda e terça-feira, já perderam 7,38%.
Na ponta do lápis, segundo a Economática, as mudanças propostas pelo governo provocaram uma perda de R$ 36 bilhões no valor de mercado de 35 empresas do setor elétrico negociadas na Bovespa. Este ano, a possibilidade de um apagão já fez as mesmas empresas perderem R$ 3,3 bilhões até o pregão de segunda-feira.
Nem bem se recuperaram das perdas sofridas em 2012 com o plano do governo para reduzir tarifas, as ações de elétricas engataram uma nova rodada de quedas — avalia Pedro Galdi, estrategista da corretora SLW.
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