De OGLOBO.COM.BR
Com La Nación
Paraguaio forma ‘gabinete de restauração
democrática’ e se considera ainda presidente
ASSUNÇÃO - Fortalecido pelo apoio em massa dos países da América do Sul,
Fernando Lugo decidiu mudar sua estratégia após o impeachment e convocou para
esta segunda-feira uma reunião com todos seus ex-ministros. Após o encontro com
o que chamou de "gabinete de restauração democrática", Lugo referiu a si mesmo
como presidente paraguaio e confessou a vontade de voltar ao poder, indo contra
o que prometeu na sexta-feira, quando disse que iria acatar a decisão do Senado
sobre seu impeachment.
Ao ser perguntado sobre a mudança em sua postura, Lugo disse que preferiu se
retirar de forma pacífica da Presidência para evitar que a violência se
espalhasse pelo Paraguai.
- Fomos submetidos ao juízo político e não vamos dar o gosto aos promotores
da morte, que provocaram a morte de camponeses e policiais - disse Lugo,
lembrando do clima de tensão que se instaurou na sexta-feira, em frente ao
Congresso, em Assunção.
O antigo gabinete de Lugo chegou às 6h (horário local) na sede do Partido
País Solidário, no mesmo horário no qual o governo destituído costumava se
encontrar durante sua gestão.
- Este é uma demonstração de que Lugo segue sendo o presidente - disse seu
ex-ministro da Moradia, Gerardo Rolón, ao jornal argentino “La Nación”.
Desde sexta-feira, o discurso de Lugo vem se endurecendo. Logo após a votação
de seu impeachment, o ex-bispo adotou um tom pacificador, dizendo que
respeitaria a decisão do Senado paraguaio e tentando acalmar os ânimos na
capital Assunção, onde pelo menos 2 mil camponeses se reuniam para apoiá-lo. Já
no sábado, em uma coletiva de imprensa improvisada, Lugo usou o termo "golpe de
Estado parlamentar", o mesmo usado por Argentina, Equador e Venezuela para
condenar a oposição paraguaia.
A mudança na postura do ex-bispo acontece junto com a pressão internacional
sob Franco. Até agora, o novo governo de Assunção só foi reconhecido por
Espanha, Alemanha, Canadá e Vaticano. No domingo, presidentes da América do Sul
decidiram afastar o Paraguai do Mercosul e da União das Nações Sul-americanas
(Unasul) até as eleições presidenciais de abril de 2013.
No domingo, Lugo saiu de casa e conversou com repórteres. O ex-presidente
disse que vai participar da próxima cúpula do Mercosul, marcada para
terça-feira, na Argentina. Seu ex-ministro da Informação Augusto dos Santos
explicou, no entanto, que a participação não será oficial.
Enquanto isso, Federico Franco se prepara para fazer o juramento como novo
presidente do Paraguai nesta manhã. Depois, o dirigente vai se reunir com 15 dos
17 governadores do país.
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