De OGLOBO.COM.BR
Reuters
Lobão descarta possibilidade de interrupção no
fornecimento
SÃO PAULO e BRASÍLIA — O novo governo do Paraguai nomeou na segunda-feira
Franklin Rafael Boccia Romañach como o novo diretor-geral paraguaio da usina
hidrelétrica de Itaipu, no lugar de Efraín Enríquez Gamón, informou a companhia
binacional em seu site. No discurso de posse, o novo diretor da usina
compartilhada com o Brasil defendeu a redução da venda de energia elétrica
excedente aos brasileiros e o “uso pleno” dessa energia em território
paraguaio.
— Não mais a venda de energia elétrica, embora nos traga divisas. Utilização
plena de nossa energia no Paraguai, gerando indústria, postos de trabalho;
energia elétrica para todos os níveis e todos os setores — afirmou o novo
diretor nomeado pelo presidente Federico Franco, que assumiu o cargo na
sexta-feira após o impeachment do ex-mandatário Fernando Lugo.
Pelo acordo de Itaipu firmado entre Brasil e Paraguai, a energia gerada pela
usina é dividida em partes iguais pelos dois países. O acordo prevê que, caso
uma das nações não utilize sua parte integralmente, poderá vender o excedente
para o parceiro. Atualmente, o Paraguai consome somente 10% da energia produzida
por Itaipu e vende o excedente ao Brasil, que paga cerca de US$ 360 milhões
anuais por essa energia.
Interrupção de fornecimento de Itaipu está descartada, diz
Lobão
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse nesta terça-feira que não
vê possibilidade de qualquer interrupção no fornecimento de energia da
hidrelétrica de Itaipu para o Brasil. Lobão ressaltou que a venda de energia da
usina é regida por tratado e só pode ser alterada pelos parlamentos do Paraguai
e do Brasil. Numa hipótese de haver qualquer mudança aprovada no parlamento
paraguaio, ela seria vetada pelo Congresso brasileiro, disse ele.
Uma fonte da Casa Civil disse que a presidente Dilma Rousseff e a
ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, que já foi diretora financeira de
Itaipu, foram informadas da escolha do novo diretor paraguaio da hidrelétrica
pelo diretor-geral de Itaipu Binacional, Jorge Samek.
Na sexta-feira, o Congresso do Paraguai decidiu por ampla maioria aprovar o
impeachment de Lugo sob acusação de não ter cumprido suas funções adequadamente
no episódio em que 17 sem-terras foram mortos num confronto com a polícia. No
mesmo dia, Franco jurou como novo chefe de Estado. O impeachment foi condenado
por vários países sul-americanos, entre eles o Brasil, que criticou o que chamou
de "ruptura da ordem democrática" no país vizinho.
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