DO ESTADAO.COM.BR
Yolanda Fordelone, do Economia & Negócios
Em busca de maior rentabilidade, cresce o interesse por fundos de renda fixa com crédito privado, títulos de inflação e previdência privada
O rendimento dos fundos de renda fixa tradicionais e referenciados DI deve
ser bem magro nesse ano. Na última semana, o mercado financeiro diminuiu mais
uma vez a perspectiva para o juro básico (Selic) em 2012, que baliza estas
aplicações, para 7,5% ao ano.
Diante desse cenário, os investidores se movimentam. Segundo dados da Anbima,
a captação líquida - aplicação menos resgates - nas duas categorias de fundos
está negativa nos últimos 30 dias - em R$ 5,3 bilhões. Em contrapartida, cresce
o interesse por fundos com mais crédito privado e títulos de inflação, que esse
ano estão com um bom desempenho e captação de R$ 2,6 bilhões.
"Com a queda dos juros, os fundos de renda fixa e a poupança foram postos em
dúvida. Mesmo que o retorno não seja muito maior em outras opções, o investidor
está preocupado em manter o poder de compra contra a inflação", diz o professor
de finanças da Fipecafi, Celso Grisi.
"De fato, está havendo uma movimentação de valores bastante importante na
indústria, particularmente nessas categorias. Isso já vem ocorrendo há algum
tempo, desde que o governo sinalizou uma queda do juro no segundo semestre de
2011, que foi acentuada ainda mais agora", diz o presidente da BB DTVM, Carlos
Massaru Takahashi.
"Houve uma mudança dentro da carteira, de fundos de renda fixa tradicional
para fundos diferenciados", afirma a superintendente nacional de desenvolvimento
de produtos de ativos de terceiros da Caixa Econômica Federal, Alenir Oliveira
Romanello. Prova disso é que o fundo de índice de preços da Caixa acumula
captação positiva de R$ 320 milhões em 30 dias.
No HSBC, houve movimento semelhante. "É natural que um investidor de renda
fixa, em busca de rentabilidade, troque a carteira mas permaneça em fundos de
baixo risco. Quem está num fundo DI não parte para ações", afirma o diretor de
Renda Fixa do HSBC Global Asset Managment, Renato Ramos. "Sempre que há queda de
juros você tem uma migração para um patamar de risco um pouco maior",
explica.
Ele acredita que investidores que estavam em fundos DI agora começaram a
aplicar em renda fixa ativo, fundos que já possuem crédito privado. O Fundo Tipo
registrou ingresso líquido de R$ 90 milhões em 30 dias. Quem já investia em
renda fixa com volatilidade baixa partiu para o Fundo Preços, de inflação, que
acumula captação de R$ 430 milhões no ano.
Diversificação. Além de fundos de renda fixa
diferenciada, os investidores também procuraram fundos de curto prazo e de
previdência no Banco do Brasil. "Houve uma saída de R$ 4,6 bilhões dos fundos DI
no ano e um ingresso de R$ 10,5 bilhões nos de curto prazo", contabiliza
Takahashi, da BB DTVM. O executivo atribui o interesse aos fundos de curto prazo
ao momento de aversão a risco. "Os investidores preferem ter um fundo com maior
liquidez de títulos", diz.
Em relação aos fundos de previdência, que no banco acumulam captação positiva
de R$ 550 milhões no mês, até o dia 14 de junho, e de R$ 6 bilhões no ano, o
motivo seria o benefício tributário de abatimento do Imposto de Renda. "Após
declarar o IR, o investidor percebeu que podia ter um benefício maior. É natural
nesta época do ano as pessoas começarem a se planejar para a próxima
declaração", afirma o presidente da BB DTVM.
Ao longo do ano, a Caixa lançou diversos fundos diferenciados, como carteiras
atreladas a títulos de inflação reajustados pelo IPCA. Nesta semana, vai lançar
fundo Desenvolvimento Brasil I, com 100% em debêntures de projetos de
infraestrutura. Por serem debêntures, pessoas físicas serão isentas de Imposto
de Renda e jurídicas pagarão 15%. Nos próximos 30 dias, o banco espera captar R$
500 milhões.
Sobre a saída dos fundos DI e renda fixa tradicional, Alenir, da Caixa, faz
uma ressalva: "Parte da saída se deve ao efeito da cobrança de Imposto de Renda
pelo come cotas, que ocorreu agora em maio. Outra parte se deve a
resgates."
Comentários:
Postar um comentário