quinta-feira, 3 de março de 2011

MUNDO: Barack Obama não descarta uso de força militar para evitar uma crise humanitária na Líbia

De O GLOBO

WASHINGTON - Em uma das declarações mais fortes feitas até agora contra o regime da Líbia, o presidente Barack Obama afirmou nesta quinta-feira que os Estados Unidos e a comunidade internacional devem estar prontos para agir rapidamente para enfrentar uma eventual crise humanitária e interromper a violência contra civis na Líbia. Segundo o líder americano, uma ampla gama de opções para solucionar a questão líbia está em debate, inclusive o uso da força militar. Obama teria ordenado pessoalmente ao Pentágono que estudasse as alternativas adequadas para responder à altura, caso Muamar Kadafi insista em prolongar o seu regime.
- Não quero ser ambiguo: o coronel Kadafi tem que deixar o poder - declarou durante entrevista coletiva com o presidente mexicano, Felipe Calderón, na Casa Branca. - Kadafi tem que ir embora, aqueles que o rodeiam têm que responder por seus crimes e as aspirações do povo têm que ser satisfeitas.
De acordo com o presidente americano, o líder líbio perdeu a legimitidade para governar.
- Os Estados Unidos e o mundo inteiro seguem indignados pela horrível violência contra o povo líbio - disse. - Seguiremos enviando uma mensagem clara. A violência deve parar. Muamar Kadafi perdeu a legitimidade para liderar e deve partir - acrescentou.
O americano também aprovou o uso de aeronaves militares e civis dos Estados Unidos para repatriar estrangeiros que fugiram do confronto líbio e estão na fronteira. Segundo a agência de refugiados da ONU, quase 180 mil, em sua maioria trabalhadores estrangeiros, fugiram da violência para a Tunísia e o Egito.
Na Europa, Grã-Bretanha e França indicaram que apoiam o plano de criar uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia para impedir que as forças leais a Kadafi lancem ataques em áreas tomadas pelos rebeldes. EUA buscam política adequada à nova realidade do mundo árabe
Os EUA acompanham a situação líbia com grande apreensão. Na quarta-feira, a secretária de Estado Hillary Clinton disse que uma das maiores preocupações dos americanos é que
a Líbia se transforme em um reduto da al-Qaeda . Um dia antes, a chanceler americana já havia feito um alerta sobre a Líbia, afirmando que o país está entre a democracia e uma longa guerra civil.
- Uma de nossas maiores preocupações é de que Líbia mergulhe no caos e se torne uma Somália gigante. É agora algo que está distante, mas muitos ativistas da al-Qaeda no Afeganistão e depois no Iraque vieram da Líbia - disse a secretária.
Numa tentativa de pressionar Kadafi a deixar o poder, o governo americano decidiu enviar navios e aviões militares para uma região do Mar Mediterrâneo próxima à Líbia. Os EUA também estudam a criação de uma zona de exclusão aérea no país norte-africano. Mas
o ditador líbio mantém o tom desafiador e, em longo discurso na quarta-feira, disse que uma invasão do seu país provocaria milhares de mortes.
A onda sísmica insurgente que vem derrubando regimes autoritários antes aliados da Casa Branca tem obrigado assessores de Obama a elaborar uma nova política externa na região, que se acomode aos interesses americanos, não contrarie os anseios da população insurgente e não abale relações já estabelecidas com parceiros estratégicos (
Pressão continua até Kadafi sair ) .
- Os EUA estão tentando mudar sua imagem na região. Obama tem de fazer ajustes em movimento, e manter os dedos cruzados para que surjam dessas revoltas regimes moderados, democráticos e com legitimidade - assinalou James Hershberg, historiador da Universidade George Washington, ressaltando que a abordagem da política externa americana nesse momento de transição em turbulência será fundamental para definir o futuro papel dos EUA na região.

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