terça-feira, 25 de maio de 2010

ECONOMIA: A tendência é negativa

Do POLÍTICA & ECONOMIA NA REAL

A crise europeia é fato significativo o bastante para engendrar um processo negativo na economia mundial. Além das suas consequências diretas sobre as principais e menores economias do continente, há dois aspectos que merecem observação e análise neste momento : (I) os efeitos negativos sobre a (enfraquecida) economia mundial e (II) o fato de que as políticas fiscais expansionistas estão sob severo ceticismo da parte dos agentes econômicos. Infelizmente, neste contexto, o mais recomendável seria que os governos insistissem em atacar o problema mais severo, a saber, a fraqueza da demanda e a "doença" do desemprego agudo. Todavia, a fragilidade política não permite que a maioria das principais economias mundiais viabilize este tipo de política. O risco de crédito contaminou o processo econômico e a retração do capital é evidente. Este é o fato novo e grave que está sendo reconhecido pelos mercados. É preciso incorporá-lo nas estratégias de investimento e no mercado financeiro e de capital.

Ativos de risco em queda
Considerando os aspectos brevemente mencionados acima, estamos prevendo um ciclo continuado de queda nos preços dos ativos do mercado. Note-se que esta é a principal característica da - nova - tendência negativa. Assim como, a partir de meados do primeiro trimestre de 2009, os indicadores começaram a evidenciar um ciclo positivo e muito lucrativo do ponto de vista dos investidores do mercado de ações e de títulos de renda fixa, desta feita deveremos verificar a inversão deste processo. Lamentavelmente, a economia norte-americana, que tem apresentado consistentes e encorajadores números econômicos os quais mostram a recuperação da atividade econômica, ainda está num estágio incipiente para mobilizar uma demanda suficiente para influenciar a economia mundial. Os EUA não são mais a "locomotiva" do mundo e os países emergentes, sobretudo a China, não serão capazes de absorver os impactos da crise europeia. Assim, veremos movimentos de preços dos ativos financeiros negativos no médio prazo, apesar dos curtos períodos de maior tranquilidade e de recuperação das cotações. A volatilidade elevada é a vedete do mercado.

O Brasil neste contexto
O Brasil não é uma ilha nos movimentos negativos do mercado mundial. Não foi assim no período posterior à crise financeira dos EUA, ao final de 2008, e não será agora. De outro lado, o desempenho relativo do país deve permanecer superior às principais economias. Todavia, essa superioridade não retira o caráter geral negativo dos impactos da crise mundial sobre o país. Há dois agravantes específicos que nos preocupam e que temos deixado claro em colunas anteriores : (I) o primeiro diz respeito à corrida eleitoral e à inauguração de um novo mandato presidencial, em janeiro de 2011, que gerará tensões e trará uma nova liderança política mais fraca frente ao presidente Lula, que goza de inédita popularidade. Neste sentido, estaremos politicamente mais parecidos com o negativo momento político mundial. Além disso, (II) a possibilidade de sustentação de uma taxa de crescimento de, digamos, 7% é improvável num contexto de baixa inflação, pouco investimento e elevado gasto público (vide nota abaixo sobre os cortes no orçamento). Assim, "na margem" o crescimento é negativo, quem sabe para um patamar de 4%. Isto não é bom, por exemplo, para os diversos segmentos do mercado financeiro e de capital e nem para o entusiasmado setor privado que está a investir e crescer.

Comentários:

Postar um comentário

Template Rounders modificado por ::Power By Tony Miranda - Pesmarketing - [71] 9978 5050::
| 2010 |