quarta-feira, 23 de maio de 2018

ECONOMIA: Dólar cai pelo terceiro dia e termina em R$ 3,62

OGLOBO.COM.BR
POR O GLOBO

Ata da última reunião do Fed não trouxe novidades e motivou a queda da moeda americana

Dólar, a moeda oficial dos Estados Unidos - Mark Lennihan / AP

SÃO PAULO — O dólar fechou em queda nesta quarta-feira pelo terceiro dia seguido, cotado a R$ 3,626, em baixa de 0,52%. A moeda americana abriu o dia em alta, mas inverteu o sinal no começo da tarde, se firmando no campo negativo após a divulgação da ata do último encontro de política monetária do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos. No documento, a maioria dos membros da autoridade monetária avaliou que “provavelmente em breve” seria apropriado uma alta adicional nos juros, em linha com o que já esperavam os agentes de mercado.
— A maioria dos participantes julgou que, se as informações recebidas confirmarem amplamente a perspectiva econômica atual, provavelmente em breve será apropriado para o comitê dar mais um passo para remover a acomodação monetária — diz a ata.
De acordo com o analista da Correparti Ricardo Gomes da Silva a ata “não acrescentou nada de novidade em relação aos comunicados anteriores”. Além disso, avalia que a baixa foi motivada pela venda de exportadores no mercado à vista e pela atuação do Banco Central (BC) brasileiro, por meio da ofertas de dólares no mercado futuro, os chamados swaps cambiais tradicionais. Os lotes atuais são equivalente a US$ 750 milhões diários, o triplo do volume realizado na semana passada.
— De certa forma [a atuação do BC] tem corrigido parcialmente os excessos dos últimos dias no mercado cambial — afirma Silva.
Para Fernando Bergallo, diretor da FB Capital, as negociações desta quarta-feira foram marcadas por forte especulação. O analista destaca que houve uma amplitude muito grande no mercado de câmbio, com mínima a R$ 3,619 e máxima a R$ 3,680.
— É absolutamente irregular o gráfico, mais do que a média — avalia Bergallo. — O que tem dado tração ao mercado é a recuperação da economia norte-americana e as consequências para a remuneração dos títulos de lá — reforça.
Pedro Afonso, analista independente, concorda que a pressão recente sobre o real foi motivada pela possibilidade de o Fed aumentar os juros, atualmente na faixa entre 1,50% e 1,75%. Uma nova elevação motivaria uma fuga de capitais de países emergentes, como Brasil, rumo à maior economia do mundo. Mas como a ata do Fed não trouxe novidades, a moeda americana terminou o dia em queda.
O mercado de ações brasileiro também encerrou o dia no terreno negativo. O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores de São Paulo, teve baixa de 2,25%, aos 80.872,20 pontos. Um dos destaques de baixa foi a Eletrobras. As ações preferenciais da empresa, sem direito a voto, terminaram em baixa de mais de 9,42% e as ON, ordinárias, com direito a voto, recuaram 11,47%.
Os papéis da Eletrobras sofreram por conta da decisão do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que na noite de terça-feira disse que a medida provisória 814, que trata da privatização da Eletrobras, não será votada pelo Congresso Nacional. Com isso, mudanças na companhia serão analisadas por meio de um projeto de lei, a ser enviado pelo governo federal, o que pode postergar ainda mais o incerto processo de privatização da estatal de energia.
As ações da Petrobras tiveram perdas superiores a 4% e contribuíram para a baixa do Ibovespa. As preferenciais, PN, caíram 4,53%, e as ordinárias tiveram baixa de 5,70%. A queda aconteceu na esteira da desvalorização dos preços do petróleo no mercado internacional e em meio à tensão no país sobre a alta dos combustíveis.

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