segunda-feira, 14 de agosto de 2017

MUNDO: Após críticas, Trump denuncia violência de grupos de ódio nos EUA

OGLOBO.COM.BR
POR O GLOBO / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Presidente dos EUA chama supremacistas brancos da direita radical de criminosos

O presidente dos EUA, Donald Trump, critica supremacistas brancos em comunicado na Casa Branca - Evan Vucci / AP

WASHINGTON - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se manifestou novamente sobre os protestos de simpatizantes da ideologia supremacista branca nesta segunda-feira. Após dois dias de críticas pela falta de firmeza nas primeiras declarações sobre o protesto da extrema-direita conservadora americana em Charlottesville (Virgínia), nos Estados Unidos, o chefe de Estado denunciou a violência de grupos supremacistas brancos, neonazistas e apoiadores da Ku Klux Klan, chamando-os de criminosos. Ele afirmou que a Justiça vai agir contra aqueles que cometeram crimes.
Trump foi duramente criticado, no fim de semana, por republicanos e democratas, sobre seus comentários e sua inação em relação ao protesto de grupos supremacistas brancos em Charlottesville.
No sábado, um homem, identificado como James Alex Fields, atropelou uma multidão que se manifestava contra os conservadores, provocando a morte de uma mulher e ferindo outras 19 pessoas. Em coletiva de imprensa, Trump culpou "muitos lados" pela violência, sem condenar explicitamente os grupos de ideologia extremista, e não respondeu perguntas de repórteres, que questionavam se ele considerava o atropelamento de manifestantes antirracistas um ato de terrorismo. Nesta segunda-feira, ele endureceu o tom, e fez referência direta aos supremacistas:
— O racismo é o mal. E aqueles que causam violência em seu nome são criminosos e bandidos, incluindo a KKK, neonazistas, supremacistas brancos e outros grupos de ódio. São repugnantes a tudo que prezamos como americanos — afirmou Trump em comunicado transmitido direto da Casa Branca, em Washington. — Somos uma nação fundada na verdade que todos somos criados iguais. Somos iguais aos olhos de nosso Criador. Somos iguais sob a lei. E somos iguais perante a Constituição. Aqueles que disseminam violência em nome da intolerância atingem o cerne dos Estados Unidos.
O primeiro posicionamento do presidente chegou até a ser saudado por neonazistas por não culpar diretamente os supremacistas brancos pelos atos que levaram à morte de Heather Heyer, de 32 anos. Nos protestos que marcaram o domingo na cidade de Virgínia, Trump chegou a ser considerado um dos culpados pela escalada de ódio racial nos Estados Unidos.
TERRORISMO INTERNO
O FBI e procuradores federais abriram uma investigação de direitos civis sobre as circunstâncias que cercaram o atropelamento, que aconteceu pouco depois da polícia ter dispersado uma manifestação de supremacistas brancos e neonazistas, incluindo membros da Ku Klux Klan (KKK), que resultou em violentos confrontos com contra-manifestantes.
Mais cedo, o procurador-geral dos EUA, Jeff Sessions, afirmou que o ataque de Fields contra os manifestantes pode ser considerado terrorismo interno. O uso do veículo "entra na definição de terrorismo interno em nosso estatuto", afirmou Sessions no programa de televisão "Good Morning America". O Departamento de Justiça busca todos os argumentos para apresentar acusações, disse a autoridade.
— Podem ter a certeza de que vamos avançar na investigação até as acusações mais graves que podem ser apresentadas porque isto é inequivocamente um ataque inaceitável e maligno — declarou.
Homenagem à vítima Heather Heyer colocada embaixo de uma estátua em Atlanta que recebeu pichações de manifestantes no domingo, em marcha contra o final de semana de violência em Charlottesville. Heyer foi morta no sábado, 12, quando um carro avançou num grupo de pessoas que protestavam contra manifestação de supremacistas brancos na cidadeFoto: David Goldman / AP
Flores são deixadas do lado de fora do Tribunal Geral do Distrito de Charlottesville, onde James Alex Fields Jr., acusado de atropelar uma multidão que protestava contra uma marcha de supremacistas brancos em Charlotesville, prestou depoimento nesta segunda-feira. Fields foi formalmente acusado de assassinato em segundo grau, além de responder a três acusações de ferimentos maliciosos e a uma de fugir da cena do crimeFoto: WIN MCNAMEE / AFP
Vítimas recebem primeiros-socorros logo após carro avançar sobre multidão de manifestantes em Charlottesville, na Virgínia, no sábado, 12 de agosto. De acordo com o Procurador-Geral das Nações Unidas, Jeff Sessions, o ataque do supremacista branco acusado James Fields pode ser considerado terrorismo domésticoFoto: PAUL J. RICHARDS / AFP
O veículo atingiu outros dois carros e uma multidão que protestava contra o ato “Unir a Direita”, em Charlottesville (Virgínia). O primeiro grande episódio de violência racial nos EUA no governo de Donald Trump, neste sábado, preocupa especialistas sobre o risco de nova onda de intolerância no paísFoto: SOCIAL MEDIA / REUTERS
Bonecos do presidente Donald Trump, do vice-presidente Mike Pence, do procurador-geral Jeff Sessions e de um esqueleto são exibidos em manifestação contra o ódio dos grupos de supremacia branca, no domingo, 13 de agosto, em Chicago, Illinois. A declaração de Trump sobre o episódio, que culpou os “dois lados”, foi considerada falha por ativistas de direitos civis, por não condenar efetivamente os movimentos neonazistasFoto: JOSHUA LOTT / AFP
Veículo bateu em outros dois e avançou sobre manifestantes, durante protestos no sábado, dia 12 de agosto, em Charlottesville. Pelo menos 19 pessoas ficaram feridas no incidente com o carro, e 15 nos confrontos. O governador da Virgínia, Terry McAuliffe, decretou estado de emergência na cidade, que tem 50 mil habitantesFoto: SOCIAL MEDIA / REUTERS
James Dunbar, à esquerda, e Deborah Harris dão as mãos durante vigília para as vítimas em Charlottesville, no domingo, no Memorial de Martin Luther King Jr. em Las Vegas. Manifestantes protestando contra o ódio e o racismo se reuniram em todo o país no domingoFoto: Elizabeth Brumley / AP
Vigília pelas vítimas de Charlottesville, no domingo, em Las Vegas. Manifestantes protestavam contra o ato "Unir a Direita", no sábado, dia 12 de agosto, quando foram atropelados intencionalmente. No "Unir a Direita", homens que carregavam bandeiras dos Estados Confederados da América, que representa os estados sulistas nos EUA na época da Guerra Civil, caminharam lado a lado com simpatizantes neonazistas e da Ku Klux Klan contra a retirada de uma estátua do general Robert E. Lee, herói de movimentos escravocratas, de um parque da cidadeFoto: Elizabeth Brumley / AP
Homenagem à vítima Heather Heyer, morta em atropelamento intencional, no sábado, em Charlottesville. O episódio ganhou dimensão nacional, e são os maiores incidentes raciais em mais de um ano. O grupo antirracista Southern Poverty Law Center denunciou o ato de Charlottesville como “o maior encontro de ódio em décadas”, e teme que mais eventos como este ocorram no paísFoto: JUSTIN IDE / REUTERS
Vigília em solidariedade às vítimas de Charlottesville aconteceu em Las Vegas, no domingo, dia 13 de agostoFoto: Elizabeth Brumley / AP
Estátua de soldado confederado em Piedmont Park, em Atlanta, foi pichada nesta segunda-feira, por manifestantes que marcharam contra violência em CharlottesvilleFoto: David Goldman / AP
Homenagem à vítima Heather Heyer, colocada embaixo de uma estátua em Atlanta que recebeu pichações de manifestantes no domingo, em marcha contra o final de semana de violência em Charlottesville. Heyer foi morta no sábado, 12, quando um carro avançou num grupo de pessoas que protestavam contra manifestação de supremacistas brancos na cidadeFoto: David Goldman / AP
Pessoas se reúnem em frente à Casa Branca, no domingo, 13 de agosto, para vigília em resposta à morte de vítima em CharlottesvilleFoto: ZACH GIBSON / AFP
Pessoas acendem velas em formato de símbolo de paz em frente à Casa Branca, no domingo, dia 13 de agosto, em Washington DC, durante vigília em homenagem à vítima do acidente de CharlottesvilleFoto: ZACH GIBSON / AFP

Um tribunal americano rejeitou o pagamento de fiança pela liberdade de Fields, de 20 anos, pelo atropelamento. A Justiça acusou formalmente o jovem de assassinato em segundo grau, além de responder a três acusações de ferimentos maliciosos e uma de fugir da cena do crime. Detido na Prisão Regional da cidade, ele depôs no Tribunal Geral do Distrito de Charlottesville nesta segunda-feira em um vídeo transmitido direto da cadeia.
Depoimento de ex-professor de Fields à veículos da imprensa americana relata que ele era simpatizante da ideologia nazista, idolatrava Adolf Hitler e era conhecido por funcionários da escola que frequentava por convicções "profundamente enraizadas e radicais". Segundo Derek Weimer, Fields chegou a ser diagnosticado com esquizofrenia quando criança, com receita para medicamentos.

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