quarta-feira, 8 de março de 2017

ECONOMIA: Produção industrial interrompe 34 meses de queda e cresce 1,4% em janeiro

OGLOBO.COM.BR
POR DAIANE COSTA

Aumento é frente ao mesmo mês do ano anterior. Segundo IBGE, porém, trajetória de alta não é consistente

Linha de produção da Volkswagen em São Bernardo do Campo - MARCOS ISSA / Marcos Issa/Bloomberg News

RIO - A produção industrial iniciou 2017 interrompendo 34 meses consecutivos de quedas e registrou alta de 1,4% em janeiro, em relação ao mesmo mês do ano passado. O mercado esperava queda de 0,5%. Na comparação com dezembro, o setor ficou estagnado, tendo um ligeiro recuo de 0,1%, em relação a dezembro. O mercado previa contração de 0,8%. Em 12 meses, a atividade acumula queda de 5,4%, segundo dados foram divulgados pelo IBGE na manhã desta quarta-feira.
Em relação a janeiro do ano passado, todos os quatro grandes grupos tiveram resultados positivos, 16 dos 26 ramos, 47 dos 79 grupos e 52,8% dos 805 produtos pesquisados. Bens de capital (3,3%) e bens de consumo duráveis (3,2%) assinalaram os avanços mais acentuados entre as grandes categorias econômicas.
André Macedo, gerente de Indústria do IBGE, avalia que, apesar de a combinação de resultados dos últimos três meses mostrar que a indústria está com um comportamento melhor do que o registrado na passagem entre 2015 e 2016, é preciso analisar esses dados com cautela:
— Há uma melhora de ritmo dessa produção industrial, quando se observa um conjunto de informações. Mas não significa que haja uma trajetória de crescimento consistente da produção industrial. Em termos de patamar, o setor industrial permanece entre janeiro e fevereiro de 2009 e operando distante do seu ponto mais alto, que ocorreu em junho de 2013. Hoje, a indústria opera 19,1% abaixo desse pico. O que existe é um horizonte de componentes que podem ajudar o setor, como a flexibilização monetária e iniciativas de estímulo ao consumo, como a liberação dos saques das contas inativas do FGTS. Aqueles outros fatores que fizeram a indústria cair por três anos seguidos ainda permanecem, como o mercado de trabalho com número elevado de desempregados, famílias com nível elevado de inadimplência e, mesmo com redução de taxa de juros, o crédito ainda está caro e escasso.
Ele ressalta ainda que, se eliminados os dois dias úteis a mais que janeiro desse ano teve em relação a janeiro do ano passado, a alta nessa comparação cairia de 1,4% para 0,4%.
— Na comparação interanual, janeiro de 2017 foi beneficiado pelo efeito calendário e também por uma base de comparação muito baixa, tendo em vista que em janeiro do ano passado a queda foi de 13,4% em relação a janeiro de 2015.
Na semana passada, dados do Cadastro de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho mostraram que as contratações na indústria de transformação foram destaque no resultado do emprego formal no início deste ano. Desde de março de 2015, o setor vinha fechando postos por sucessivos meses até que em agosto e setembro do ano passado registrou leve recuperação (saldos positivos de 6,3 mil e 9,3 mil respectivamente), voltando a demitir novamente. Em janeiro, surpreendeu com a geração de 17.501 empregos contra um saldo negativo de 16.553 no mesmo período do ano passado.
INDÚSTRIA EXTRATIVA TEVE MAIOR INFLUÊNCIA POSITIVA
Os segmentos de bens de consumo semi e não-duráveis (2,1%) e de bens intermediários (0,8%) também mostraram taxas positivas na comparação com janeiro de 2016, com o primeiro registrando expansão acima da magnitude observada na média nacional (1,4%); e o segundo apontando o crescimento mais moderado entre as grandes categorias econômicas.
Entre as atividades, indústrias extrativas (12,5%) teve a maior influência positiva na formação da média da indústria, impulsionada, em grande parte, pelos itens minérios de ferro, óleos brutos de petróleo e gás natural.
Minério de ferro sendo transportado e despejado no Porto de Açu, em São João da Barra, no Rio de Janeiro - Dado Galdieri / Bloomberg News/4-12-2014

Outras contribuições positivas relevantes sobre o total nacional vieram de veículos automotores, reboques e carrocerias (5,2%), de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (18,0%), de celulose, papel e produtos de papel (6,9%), de produtos alimentícios (1,6%), de metalurgia (4,2%), de confecção de artigos do vestuário e acessórios (13,3%), de produtos têxteis (10,8%), de outros produtos químicos (2,2%) e de artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (5%).
Entre as dez atividades que apontaram redução na produção, a principal influência no total da indústria foi registrada por coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-11,1%), pressionada, em grande parte, pelo item óleo diesel. Também caíram máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-8,6%), máquinas e equipamentos (-4,9%), produtos de metal (-6,2%) e outros equipamentos de transporte (-9,4%).
Já na comparação entre dezembro de 2016 e janeiro de 2017, dois dos grandes grupos apresentaram taxas negativas: bens de consumo duráveis (-7,3%) e bens de capital (-4,1%). O primeiro eliminou parte do ganho de 12% acumulado nos dois últimos meses do ano passado; e o segundo intensificou o recuo de 3,8% registrado em dezembro de 2016.
Os setores produtores de bens de consumo semi e não-duráveis (3,1%) e de bens intermediários (0,7%) cresceram. O primeiro acumula expansão de 7,4% em dois meses seguidos o segundo alta de 3,2% nos últimos três meses.
Metade dos 12 dos 24 ramos pesquisados apontaram taxas negativas, com destaque para o recuo de 10,7% registrado por veículos automotores, reboques e carrocerias, que interrompeu dois meses consecutivos de expansão na produção, período em que acumulou ganho de 18,7%.
Outras contribuições negativas relevantes vieram de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-12,5%), de máquinas e equipamentos (-4,9%), de confecção de artigos do vestuário e acessórios (-7%) e de produtos de borracha e de material plástico (-3,8%). Atividades que haviam mostrado taxas positivas em dezembro de 2016: 17,7%, 1,6%, 10,8% e 8%, respectivamente.
Entre os 12 ramos que ampliaram a produção nesse mês, os desempenhos de maior importância para a média geral foram registrados por coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (4%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (21,6%), com o primeiro eliminando parte da queda de 5,6% acumulada nos dois últimos meses de 2016; e o segundo recuperando a perda de 19,4% verificada entre setembro e dezembro do ano passado.
Outros destaques positivos sobre o total nacional vieram de produtos alimentícios (1,2%), de bebidas (5,5%), de indústrias extrativas (1,1%), de metalurgia (1,8%), de produtos de minerais não-metálicos (2,6%), de celulose, papel e produtos de papel (2,3%) e de outros equipamentos de transporte (6,4%).
A indústria registrou em 2016 o terceiro ano seguido de retração, com a produção encolhendo 6,6% no período. A queda do ano passado teve perfil disseminado de taxas negativas entre as quatro grandes categorias econômicas, entre 23 dos 26 ramos pesquisados e 63 dos 79 grupos. Também caiu a produção de 72% dos 805 produtos verificados pelo IBGE no ano passado.

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