quarta-feira, 6 de julho de 2016

MUNDO: Juiz ordena embargo de todos os bens de Cristina Kirchner

OGLOBO.COM.BR
POR O GLOBO

Ex-presidente é investigada por irregularidades em operações de venda de dólar futuro através do Banco Central

Cristina Kirchner, então presidente da Argentina, coloca a mão em seu peito diante de dezenas de partidários após inaugurar serviços médicos em um hospital público em Moron, na periferia de Buenos Aires, em 25 de novembro de 2015 - Ricardo Mazalan / AP

BUENOS AIRES — O juiz federal Claudio Bonadio ordenou nesta quarta-feira o embargo de todos os bens da ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner, informou o jornal "Clarín", citando fontes judiciais. A ex-chefe de Estado é investigada por suposta associação ilícita que provocou prejuízo estimado em 27 bilhões de pesos (quase R$ 7 bilhões) ao país por irregularidades em operações de venda de dólar futuro através do Banco Central.
Ao sair da audiência no gabinete de Bonadio, Cristina criticou a decisão e acusou o magistrado de agir de forma criminosa.
— A verdade foi demonstrada hoje que a perseguição por parte de um setor do Poder Judiciário reveste características ridículas — disse ela, que assinou uma notificação sobre o seu processo no tribunal.
Sobre a nova denúncia da deputada Margarita Stolbizer, que acusou afamília Kirchner de ter ao menos US$ 6 milhões não declarados, Cristina disse que a alegação não tem pé nem cabeça.
A ex-presidente também confirmou a compra de dólares após o fim do chamado "cepo cambial" — uma série de restrições à compra de dólares estabelecidas pelo governo de Cristina em 2011 —, promovido pelo atual governo de Mauricio Macri.
— Dolarizei minhas poupanças porque não sei o que essas pessoas farão com a economia — afirmou a repórteres.
A audiência terminou pouco depois das 13h15. Cristina havia pedido para adiar a sessão, prevista inicialmente para 10h, argumentando questões médicas. Mas, aparentemente, a intenção da ex-presidente era evitar coincidir com o horário do interrogatório do empresário Lázaro Báez — sócio e amigo da família Kirchner —, que se recusou a depor e apresentou uma declaração escrita.
Em maio, Bonadio já havia ordenado o embargo de parte dos bens de Cristina. Segundo o juiz, as operações do BC que levaram a um enorme prejuízo em 2015 não poderiam ter sido concretizadas sem aval do Ministério da Fazenda e do Executivo. Por conta disso, além de Cristina, viraram réus também o ex-ministro da Economia Axel Kicillof, hoje deputado, e o então chefe do BC, Alejandro Vanoli, além de outras 12 pessoas, todos funcionários ligados ao antigo governo.
Bonadio questionou a venda de dólares no mercado futuro com preço mais baixo que a cotação, o que obrigou o Estado a pagar uma grande diferença aos consumidores quando o peso se desvalorizou, com uma medida de Mauricio Macri adotada logo após assumir a Casa Rosada, em janeiro, unificando os dois valores vigentes no período. Cristina teria autorizado a venda do dólar a 10,50 pesos em setembro passado, quando a moeda americana era cotada a 9,60 pesos.
O kirchnerismo argumenta que não se pode acusar a presidente por uma política monetária contra a desvalorização do peso. Ela afirma que não cometeu crime de corrupção, enriquecimento ilícito ou qualquer outro delito previsto no Código Penal, e se considera vítima de “perseguição política”.
Atualmente, a ex-chefe de Estado está sendo investigada em mais de cinco processos em mãos dos tribunais de Buenos Aires, por denúncias de lavagem de dinheiro, enriquecimento ilícito, falsificação de documentos públicos e não cumprimento dos deveres de funcionário público.

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