quinta-feira, 20 de agosto de 2015

POLÍTICA: Atos pró-governo racham em ao menos cinco capitais sob críticas de 'chapa-branca'

OGLOBO.COM.BR
POR SÉRGIO ROXO

MTST fará manifestações no Rio, Fortaleza, Recife, Salvador e Vitória e criticará política econômica


SÃO PAULO - Planejadas pelo PT como respostas aos protestos do último domingo contra o governo federal, as manifestações de entidades sociais programadas para esta quinta-feira sofreram um racha. Em pelo menos cinco capitais — Rio, Fortaleza, Recife, Salvador e Vitória —, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), responsável pelas maiores manifestações realizadas por grupos de esquerda nos últimos anos, ficou insatisfeito com o caráter chapa-branca da mobilização e decidiu organizar atos próprios. Além disso, lideranças petistas poderão enfrentar situações constrangedoras em algumas cidades, inclusive onde não houve desentendimento entre os organizadores da iniciativa. (VEJA COMO FORAM AS MANIFESTAÇÕES CONTRA O GOVERNO E O PT MINUTO A MINUTO.)
Em São Paulo, a manifestação, na qual é esperada a presença do presidente do PT, Rui Falcão, deverá ter palavras de ordem contra o ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
— Certamente vai ter faixa contra Joaquim Levy — disse Guilherme Boulos, um dos coordenadores nacionais do MTST.
O PT se recusou a assinar o manifesto de convocação para os atos desta quinta por causa das críticas à política econômica do governo federal presentes no documento. O texto também se posiciona contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e defende reformas agrária, urbana e educacional. Na noite de quarta-feira, o MTST divulgou uma nova versão do documento com a inclusão de críticas à Agenda Brasil, conjunto de medidas que, proposto ao governo pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-RJ), tem recebido elogios da presidente Dilma Rousseff.
— O PT não assinou o manifesto porque não concorda com isso (críticas à política econômica). Não podemos impor as palavras de ordem. Nós não somos organizadores do ato — afirmou o secretário de comunicação do PT, José Américo Dias.
LULA VIAJARÁ PELO PAÍS
Segundo dirigentes do MTST, nas cinco capitais em que houve racha, o PT mudou as linhas definidas no manifesto e direcionou os atos para uma defesa enfática do governo. Nessas cidades, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a União Nacional dos Estudantes (UNE) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) deverão participar das manifestações em apoio ao governo.
No Rio, a manifestação, marcada para as 16h na Candelária, foi batizada de Ato contra o Golpismo. Já o MTST fará sua manifestação na cidade às 11h, na Cinelândia, no Centro da cidade.
— Vamos nos manter fieis à proposta original, com um ato explicitamente crítico ao ajuste fiscal, à Agenda Brasil e à ofensiva conservadora — afirmou Felipe Brito, integrante da coordenação do MTST no Rio.
Procurado para comentar o racha, o presidente do PT informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não falaria sobre o assunto porque a organização das manifestações é de responsabilidade exclusiva de movimentos sociais. No entanto, apesar de não se posicionar como organizador, o partido usou comerciais de TV e rádio, na terça-feira, para convocar a população a participar dos atos em todo o país. Dirigentes petistas também utilizaram redes sociais para divulgar as manifestações.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não deverá participar das manifestações desta quinta-feira, apesar de estar tentando se reaproximar de movimentos sociais. No próximo dia 27, o líder petista, que se transformou no principal alvo dos protestos do último domingo, dará início a uma série de viagens pelo país com o objetivo de resgatar sua imagem e a do partido. O giro começará em Minas Gerais e, no mês que vem, ele planeja ir ao Nordeste. (Colaborou Cássio Bruno)

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