quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

COMENTÁRIO: Governo sufocado não respira

BAHIA NOTÍCIAS
Coluna A Tarde 
Por Samuel Celestino
















O PMDB e o governo Dilma Rousseff pouco a pouco estão chegando a um provável acordo. É quase certo que a legenda acompanhe o Planalto apoiando-o para permitir a aprovação do pacote fiscal, temor que balança o Planalto. Esta é a primeira verdade. A segunda, é que o partido dobrou a intransigência da presidente e dos seus áulicos, especialmente o ministro chefe da Casa Civil, Aloízio Mercadante, que estava isolado e ainda continua, resultado da sua pose de reizinho sem coroa do Planalto. Isto o levou a ser antipatizado dentro do PT, principalmente pelo grupo de Lula e pelos ministros de maneira geral. Sobre a oposição nem falar. Estava a se transformar numa mera sombra vagando pelos corredores do poder.
O governo cedeu à liderança do presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Foi procurado para dialogar, aceitou, condescendeu, mais cobrou postos importantes no segundo escalão da República que provavelmente os receberá. Só assim a presidente Dilma livrou-se (por ora) de ficar isolada e sem poder suficiente para aprovar projetos do interesse do governo e tentar desafogar o País que ela mesmo sufocou a partir do seu pífio quadriênio anterior. O Brasil vê-se deslizando sobre o fio da navalha com as dificuldades já conhecidas, cujo preço recairá sobre os ombros da população, do povo de maneira geral, diante dos aumentos asfixiantes e da inflação quase em descontrole.
De tal maneira que os caminhoneiros, independentes de sindicatos, fecharam as rodovias do Brasil, de ponta a ponta, bradando diante do elevado preço do diesel que não lhes permitem trabalhar com resultados positivos no final do mês. O Palácio do Planalto ficou contra a parede. Tentou punir os trabalhadores das rodovias impondo multas pesadas, usou a força policial, mas, atolados nos seus problemas, os caminhoneiros permaneceram impassíveis. Sabiam que a paralisação que organizara iria levar ao desabastecimento das cidades e dificuldades para conseguir combustíveis, como a gasolina. Tornaram-se virtualmente vitoriosos e o governo, sem alternativa começou a ceder. Perdeu a guerra. É a velha história do brado das ruas, segundo o qual “povo unido jamais será vencido”. Um feitiço que virou contra a feiticeira na Presidência, que ontem na Bahia se declarou “princesa”.
E virou porque foi o próprio governo Dilma que, por questões político-eleitorais manteve o preço dos combustíveis congelados no ano passado, para beneficiá-la nas urnas. O preço estava aquém do seu custo. Assim que ganhou as eleições, com pequena margem de votos, a primeira medida que tomou foi aumentar os preços. Daí em diante não parou mais, gerando fortes dificuldades para o setor. Ela, portanto, é duplamente responsável. Primeiro, para se favorecer eleitoralmente congelou e, segundo, após as eleições, abriu a torneira aumentando os preços de forma exorbitante. Estão aí os resultados nos diversos segmentos. O povo paga o preço e os caminhoneiros dão o troco, congestionando as rodovias, país afora, com seus veículos pesados estacionados numa greve perigosíssima para o abastecimento das cidades. 
Na última terça-feira, o vice-presidente Michel Temer, a quem Dilma não dá a menor atenção, nem com ele dialoga, a não ser quando está em dificuldades, mandou para ela um recado: ou inclui o PMDB nas decisões estratégicas do governo, ou não terá forma de manter a base aliada. Os áulicos do governo entendiam que poderiam dispensar o partido, que sempre fora aliado de todos o governos (uma vergonha), enquanto Dilma se unia em torno das legendas pequenas. Quebraram todos a cara. Se perder o controle da aliança, perderá o Congresso e aí, será uma derrota sobre outra até nada sobrar. Com erros atropelando erros, todos políticos, o governo volta atrás para dialogar. Poderá ter respostas imediatas. Mas confiança mesmo, adeus viola. Dificilmente recuperará, até porque a queda da presidente em popularidade não lhe dará colchão para dormir tranquila.
* Coluna publicada originalmente na edição desta quinta-feira (26) do jornal A Tarde

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