quinta-feira, 9 de outubro de 2014

COMENTÁRIO: O inesperado e o nem tanto

Por MURILLO DE ARAGÃO - Blog do NOBLAT

Dilma foi favorita, deixou de ser, voltou a ser e agora pode novamente deixar de ser. O grau de violência da campanha pode determinar a escolha do futuro presidente
A presença de Aécio Neves (PSDB) no segundo turno das eleições presidenciais pode até ter sido uma surpresa para quem não monitora a política de perto, mas sua escalada já havia sido identificada pelas pesquisas de opinião duas semanas antes do final do primeiro turno.
O que surpreendeu foi a expressiva diferença (quase 13 pontos) em relação a Marina Silva (PSB). A ascensão de Aécio foi alavancada por seu bom desempenho no debate da TV Globo dias antes (na quinta, 2) e, bem antes disso, pelos equívocos da campanha de Marina.
O candidato tucano também se beneficiou de dois outros fatores: quando errou já não era mais visto como um candidato competitivo e quando se tornou novamente competitivo, não cometeu mais erros. Beneficiou-se também da clara preferência do PT por enfrentá-lo no segundo turno.
Chega a ser incrível que uma candidatura como a de Marina tenha sido demolida a partir de temas não criminais. Em nenhum momento a candidata do PSB foi acusada de ser corrupta ou coisa semelhante.
Ela foi destruída ao se equivocar em matéria de posições e propostas, por suas idas e vindas e por uma certa complacência típica de quem acreditava que o destino havia lhe reservado a Presidência da República.
Aécio, porém, não tinha nada a ver com isso. Fez o seu trabalho. Seguiu adiante quando muitos já não acreditavam nele. Agora, tem a faca e o queijo na mão para ser presidente.
Desde que, e sempre existe uma ressalva, não cometa erros grotescos, como Marina, nem seja seriamente fragilizado pelos ataques pessoais e institucionais que deve receber da candidata do PT, a presidente Dilma Rousseff.
A campanha de segundo turno que se inicia pode ser muito violenta se cair na vala da indefinição ou se Dilma ficar muito atrás de Aécio nas pesquisas de intenção de voto. As duas condições são essenciais para definir o volume e a intensidade dos ataques.
Caso as pesquisas apontem Dilma como líder com alguma folga, seu tom será o de “Dilminha paz e amor”, com meras estocadas no passado econômico do PSDB. Caso Aécio apareça na frente ou os levantamentos mostrem um cenário embolado, a máquina do PT pode exigir uma campanha agressiva.
A situação que se apresenta para o segundo turno, mesmo antes da divulgação das pesquisas (escrevo na terça-feira), sugere que Aécio deve ficar à frente de Dilma – um fato absolutamente inesperado.
No entanto, em fevereiro do ano passado, em artigo no Brasil Econômico, alertei que o favoritismo de Dilma se encontrava ameaçado por conta de equívocos na condução da economia e na escolha do primeiro escalão do governo; pela precariedade do diálogo político e pelo declínio na interlocução com a sociedade; pela perda de aderência com os formadores de opinião e pela relação tumultuada com a imprensa; pelo fogo amigo do “volta Lula” e por uma autossuficiência que incomoda o país, que adora políticos conciliadores.
Dilma foi favorita, deixou de ser, voltou a ser e agora pode novamente deixar de ser. A violência ou a não violência da campanha pode ser determinante na escolha de nosso futuro presidente.

Comentários:

Postar um comentário

Template Rounders modificado por ::Power By Tony Miranda - Pesmarketing - [71] 9978 5050::
| 2010 |