terça-feira, 12 de novembro de 2013

POLÍTICA: A utilidade (duvidosa) do discurso contra a imprensa - 1

Do POLÍTICA & ECONOMIA NA REAL

Depois de algum tempo em recesso, o influentíssimo (ainda?) secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, reapareceu com toda a força à luz do dia para, numa ação orquestrada com os ministros Guido Mantega e Gleisi Hoffmann, explicar para a plebe ignara que o déficit primário de setembro não foi bem déficit primário e que as contas fiscais vão bem obrigado. Num mesmo dia da semana passada, os três apareceram em três dos principais diários brasileiros exorcizando esse "terrorismo". Augustin, com grande imaginação, bem ao estilo dos cultores das teorias conspiratórias da história, encontrou um "ataque especulativo" ao déficit público. A teoria fez tanto sucesso que o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, dias depois, também vislumbrou o mesmo tiroteio assestado para sua entidade.

A utilidade (duvidosa) do discurso contra a imprensa - 2
Lula, nos últimos tempos uma espécie de "ombudsman-mor" da imprensa brasileira, está fazendo escola. Na especulação "augustinina", a conspiração envolveria os meios de divulgação por divulgarem os dados das contas oficiais com destaque, jornalistas que esmiúçam os números e analistas (economistas de preferência) que chamam a atenção para o problema. Nesta lista (que a presidente Dilma Rousseff classificaria provavelmente de pessimistas), nas últimas semanas poderia até ser incluído o ex-ministro Delfim Neto, conselheiro informal do Palácio do Planalto, que em artigos e em entrevistas tem feito alertas bem explícitos a Brasília. O objetivo dessas ofensivas é claro - tentar desviar a atenção do foco da questão e das cobranças. Na mesma linha pode-se enquadrar a declaração do ministro Mantega de que a inflação de outubro, de 0,57% foi um "bom resultado".

A utilidade (duvidosa) do discurso contra a imprensa - 3
Este "ataque especulativo" ao "ataque especulativo" é perda de tempo. As pessoas que sabem a importância de um política fiscal equilibrada para o bom andamento da economia não precisam necessariamente das informações da mídia para saber se as contas públicas vão bem ou mal das pernas. Quem é atacado pela inflação não precisa ler nos jornais matérias sobre os preços para saber quanto isto lhe dói no bolso. O mesmo vale para notícias sobre possíveis ameaças ao emprego ou outros "terrorismos" que os jornalistas registram. As pessoas sabem e sentem. Basta ver o que registra a última pesquisa do Instituto MDA para a Confederação Nacional dos Transportes (CNT) no quesito em que se levantava o grau de preocupação dos entrevistados com relação a alguns problemas do seu dia a dia. Vejamos.
Questão: você está muito preocupado ou nada preocupado...
1. Com a Inflação: muito preocupado 53,7% x nada preocupado 15,5%.
2. Com o crescimento econômico: muito preocupado 44,1% x nada preocupado 16,9%.
3. Perda de emprego: muito preocupado 59,6% x nada preocupado 18%.
4. Com as dívidas: muito preocupado 63,4% x nada preocupado 16,5%.
5. Com o custo de vida: muito preocupado 73,4% x nada preocupado.
6. Com a violência: muito preocupado 91,5% x nada preocupado 1,4%.
7. Com a corrupção: muito preocupado 83% x nada preocupado 4,5%.
8. Com o transporte urbano: muito preocupado 54% x nada preocupado 14,4%.
9. Em cidades de mais de 100 mil habitantes. Você enfrenta congestionamentos em sua cidade ? Sim 76,1% x Não 23,9%.
(Resumo feito pelo vereador e economista carioca César Maia)

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