Por MIRIAM LEITÃO - OGLOBO,COM.BR
Do blog de MIRIAM LEITÃO
O consumo das famílias, este ano, será um pouco contido, porque ao longo de 2013 a inflação, que corrói o poder de compra, esteve muito alta. Além disso, nos últimos anos, as famílias contraíram dívidas - algumas de longo prazo, para comprar o carro novo, a casa.
Hoje, em torno de 21% do orçamento das famílias está comprometido com o pagamento de juros e principal da dívida, mas essa taxa já foi até maior. Agora, com a alta do juro básico, todas as outras taxas devem subir também.
Com inflação e dívidas comprometendo parte da renda, as famílias vão com mais cuidado às compras.
Hoje, saiu um número bom de inflação: o IPCA de agosto ficou em 0,24%, mais baixo do que no mesmo mês do ano passado, desacelerando para 6,09% em 12 meses. Mas uma inflação de 6%, durante um bom tempo, é muito alta. Além do mais, é uma média; alguns produtos chegaram a subir muito.
As famílias vão ficar mais cuidadosas nesse fim de ano. Tem um lado bom nesse momento que é a "guerra" entre o varejo e a indústria sobre a recomposição dos estoques das lojas para o fim do ano. Como o dólar está subindo, o que impacta o preço de vários produtos, a indústria quer repassar a alta do custo, mas o varejo vai tentar negociar, dizendo que o consumidor está com o pé atrás. Nessa queda de braço, o varejo se fortalece porque a perspectiva é de demanda mais fraca no Natal. O BC, por exemplo, está prevendo que o dólar ficará em R$ 2,40 - bem acima do estimado na reunião anterior (R$ 2,25).
O consumidor brasileiro é muito sensato: assume dívida, mas quer pagar; em ano bom, compra mais; nos mais difíceis, compra lembrancinha. Esse comportamento vai ditar um caminho bom para a economia, que é segurar qualquer aumento inflacionário excessivo que venha por causa do dólar.
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