sexta-feira, 30 de agosto de 2013

MUNDO: Anfitrião da Unasul, presidente do Suriname tem ficha corrida

De OGLOBO.COM.BR
CATARINA ALENCASTRO (EMAIL·FACEBOOK·TWITTER)

Desiré Bouterse foi condenado a 11 anos de prisão pela Justiça holandesa por tráfico de drogas
PARAMARIBO - O presidente do Suriname, Desiré Bouterse, que passa a presidir a partir desta sexta-feira a União de Nações Sul-Americanas (Unasul), tem um histórico que se confunde com ficha policial. Embora nunca tenha cumprido a pena, Bouterse foi condenado a 11 anos de prisão pela Justiça holandesa por tráfico de drogas. Também pesam sobre ele acusações de que teria assassinado mais de uma dezena de inimigos políticos, ainda na década de 80. Mesmo com esse perfil, o estilo populista consegue agradar à população, que não parece se importar com as graves denúncias envolvendo seu presidente.
Bouterse se elegeu em 2010 com uma plataforma social, prometendo casas populares subsidiadas, uma espécie de Minha Casa, Minha Vida surinamês, mais empregos e estradas. O cidadão comum de Paramaribo, capital do Suriname, mal se lembra que Bouterse governou o país em duas outras ocasiões (entre 1980 e 1987 e de 1990 a 1991), ambas as vezes depois de aplicar um golpe militar.
- O país está cada vez melhor. Tudo está mudando positivamente. O governo está pavimentando as ruas, dando saúde de graça para os idosos e para as crianças e cuidando do povo. Sempre que acontece algum problema, ele vai lá pessoalmente resolver. Onde há tristeza, ele vai socorrer- relata a floricultora Shanta Chentasingh, dizendo desconhecer as ações pregressas do líder.
A cozinheira Anita Moeralea não tem uma visão tão otimista sobre a situação do país. Para ela, trabalha-se muito e ganha-se pouco. Mas ela não considera um problema o fato de o passado de Bouterse ser regado de acusações criminais.
- Eu já ouvi falar sobre as denúncias. Mas todos os presidentes são a mesma coisa- minimiza.
Moeralea está mais preocupada com o que pode comprar com o salário que ganha no restaurante do museu do centro histórico de Paramaribo, onde faz a comida, serve as mesas e faz a faxina.
- Tudo é muito caro aqui. Tudo o que eu ganho, gasto para comer e me transportar de casa para o trabalho. Não sobra nada para eu poupar e juntar para comprar um carro no futuro-reclama.
Com mais da metade de seus 550 mil habitantes instalados na capital, o Suriname só se tornou independente em 1975. Colonizado pela Holanda, o país tem uma população eclética, formada por índios, descendentes de holandeses, javaneses (a ilha de Java também tem colonização holandesa), os maroons (descendentes de escravos africanos) e os chamados hindustanos, gente da Índia e região que veio para cá durante a colonização inglesa que o país sofreu no século XVII. No pequeno país que faz fronteira com o Pará e com o Amapá, fala-se holandês, inglês, o tactac (língua local que mistura holandês com outros dialetos indígenas) e o savamacans, outro dialeto falado por algumas tribos encravadas no interior da floresta amazônica.
A religião também é variada: de maioria cristã, o Suriname tem muçulmanos, hinduístas e seguidores de crenças indígenas. Para se ter ideia de como as diferentes fés convivem bem neste país, que é menor do que o Acre, em uma das principais ruas de Paramaribo uma sinagoga divide o muro com uma mesquita.
- É o melhor país do mundo- elogia o pedreiro Sylvester Antoin, confessando nunca ter visitado outra nação.
Com três filhos para criar, Antoin diz que provê tudo o que sua família precisa. Ele pondera que há poucos trabalhos bem remunerados em Paramaribo, mas diz que embora não tenha luxo, consegue se divertir com os meninos. Amanhã haverá um festival na cidade e ele levará as esposas e as crianças. Sobre a falta de probidade do mais alto chefe do governo, Antoin sentencia:
- O passado é o passado. Se ele está fazendo um bom trabalho para o país, não tem problema. Se a Justiça o pegar, tudo bem. Se não, deixe-o fazer seu trabalho.

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