sexta-feira, 30 de agosto de 2013

ANÁLISE: Falhas de energia devem piorar antes de começar a melhorar

Da FOLHA.COM
CLAUDIO J. D. SALES, ESPECIAL PARA A FOLHA

Falhas ocorrem em qualquer sistema elétrico. A infraestrutura de transmissão está permanentemente exposta a intempéries, de origem natural ou humana.
O que chama atenção no Brasil é que grande parte da energia no sistema elétrico advém de usinas localizadas a centenas ou mesmo milhares de quilômetros de distância dos centros de carga e, portanto, extensas linhas de transmissão de altíssima tensão são requeridas para escoar a energia.
Falhas em linhas desse porte são mais difíceis de serem administradas. Interrupções não são facilmente compensadas e podem desencadear falhas em cascata.
O custo de estabelecer redundâncias na rede de transmissão para possibilitar o escoamento por rotas alternativas por grandes distâncias é elevado. A recomposição do suprimento após uma ocorrência também é mais complexa para interrupções de grande magnitude.
Por essas razões, ocorrências como a de quarta-feira, quando 17% da oferta de energia elétrica do país foi interrompida, são mais comuns no Brasil do que em sistemas em que a maior parte do suprimento de eletricidade vem de usinas relativamente próximas aos centros de carga.
Olhando para a frente, essa vulnerabilidade provavelmente irá se acentuar antes de melhorar. O Plano Decenal de Expansão de Energia prevê que boa parte da oferta futura virá de grandes usinas na região Norte, o que intensificará a nossa dependência das grandes linhas de transmissão. Isto amplia o desafio para o
Operador Nacional do Sistema, que deve investir cada vez mais em treinamento e no aprimoramento de práticas operativas.
Cabe, enfim, ao planejador certificar-se de que o benefício das grandes usinas, dentre os quais um menor custo de geração, supere esses outros aspectos, como o custo da ampliação da rede de transmissão e o impacto que o escoamento de grandes blocos de energia entre regiões distantes tem sobre a segurança do suprimento.
Isso passa também por promover a instalação de unidades de geração próximas aos centros de carga e adotar procedimentos como a compensação energética que estimulem a geração distribuída.
CLAUDIO J. D. SALES é presidente do Instituto Acende Brasil (www.acendebrasil.com.br)

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