terça-feira, 11 de setembro de 2012

GERAL: Cachoeira negociou sistema para fraudar licitação, afirma PF


Da FOLHA.COM

MATHEUS LEITÃO / ANDREZA MATAIS

Escutas telefônicas da Operação Monte Carlo, feitas pela Polícia Federal, revelam que o empresário Carlinhos Cachoeira negociava um software para burlar licitações feitas por pregão eletrônico.
O dispositivo foi classificado de infalível pelo grupo do empresário, em conversas gravadas pela PF, às quais a Folha teve acesso.
Em escuta de março de 2011, Cachoeira trata da aquisição do software com o ex-diretor da empreiteira Delta no Centro-Oeste Claudio Abreu. Ele afirma que o grupo ganharia "tudo quanto é licitação" com o dispositivo, que, diz Cachoeira, funcionaria por meio de uma maleta.
Não fica claro na conversa como seria o funcionamento do programa nem o papel da maleta para influenciar os pregões, feitos a partir de lances dados pela internet.
O uso do sistema para fraudes em licitações já foi identificado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e pelo Ministério do Planejamento.
Os órgãos descobriram que o programa identificava os lances dos oponentes e, de maneira quase imediata, dava lances um pouco menores, facilitando a vitória.
Por isso, em dezembro de 2011, o governo editou portaria para impedir que fossem feitas propostas em menos de 20 segundos após um lance.
Cachoeira e o ex-diretor da Delta foram presos em fevereiro por, entre outras acusações, corromper agentes públicos para ganhar licitações para a construtora --da qual o empresário era sócio oculto, segundo a PF.
Os agentes investigam se o grupo chegou a usar o equipamento em algum pregão eletrônico realizado em Goiás ou em outros Estados.
FORNECEDORA
Nos grampos, Cachoeira e Abreu citam uma empresa chamada Régula como a fornecedora da maleta, que seria fabricada na Bielorrússia.
Cachoeira conta a um interlocutor que conseguiu um desconto. "O problema é que eles queriam R$ 22 por coisa, aí eu fechei com eles a R$ 7", relatou o empresário.
"O dono da maleta é uma tal de Régula. Eles são exclusivos no mundo inteiro, cara. A gente ganha todas as licitações", completou ele.
O represente da Régula no país, Alexandre Marinho, afirmou que foi procurado por pessoas citadas Cachoeira no grampo. Eles queriam ser representantes de um equipamento vendido pela Régula. Marinho negou, entretanto, que seja a maleta. Segundo ele, a empresa vende equipamentos de prevenção de fraudes em veículos.
OUTRO LADO
O advogado de Carlinhos Cachoeira, Nabor Bulhões, afirmou que desconhece o uso da maleta e do software pelo seu cliente.
"Nos autos sobre os quais me debrucei não existe nenhuma referência a isso, direta ou indiretamente."
E continuou: "As interceptações telefônicas estão sob procedente impugnação, seja na ilegalidade para a interpretação de sua realização, seja na manifesta ilegitimidade na forma como elas foram executadas".
No início do mês, a Justiça Federal suspendeu o processo, em decisão provisória, até que as empresas de telefonia forneçam todos os extratos telefônicos acessados durante a operação.
O advogado do ex-diretor da Delta no Centro-Oeste Claudio Abreu foi procurado em seu escritório e no celular, mas não ligou de volta para a reportagem.
A empreiteira Delta já disse que não tem relação com Cachoeira e que eventuais ligações do nome da empresa com ele são de responsabilidade de Abreu.  

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